Um grupo de aventureiros decidiu este fim-de-semana pôr-se a andar pela serra da Estrela, em tempos de tempestade, para puro deleite e gozo pessoal. Não estavam em nenhuma atividade profissional que os obrigasse a correr esses riscos. Era uma mera atividade lúdica.
Acresce que, num contacto prévio com a GNR, foram fortemente desaconselhados a levar a cabo a incursão, tendo em atenção o agravamento previsível das condições climatéricas. Estiveram-se "nas tintas" para esses conselhos.
As coisas correram mal e, claro, pediram auxílio à GNR. Mobilizaram-se então meios militarizados, saíram limpa-neves, acomodaram-se os (ex) foliões em morada pública, gastou-se dinheiro do erário paro ocorrer àquele bando de inconscientes.
Temos de ser nós a pagar?
Cansa-me assistir regularmente ao espetáculo de meios militares - homens, helicópteros, navios, etc - e de outras estruturas públicas serem chamados para acorrer, nas montanhas ou no mar, a pessoas que, por puro deleite e gosto insensato pelo risco, se metem em alhadas.
Será que os contribuintes portugueses têm obrigação de suportar os custos decorrentes da inconsciência desta gente? A lei prevê que o Estado possa ser ressarcido por estes gastos? Alguém sabe responder?
20 comentários:
Também me interroguei sobre quem pagaria esta insensatez.
Caso a legislação em vigor não contemple o pagamento destas despesas por parte dos irresponsáveis que não acatam os conselhos das autoridades, urge alterá-la. São eles que devem assumir todas as despesas do seu resgate. Note-se que cada vez são mais frequentes casos como este.
Tendo a concordar; claro que depois ponho-me a pensar nas jantaradas(apesar dos avisos), no tabaco(não obstante as recomendações), nos erros de condução(mesmo com todas as campanhas), álcool, etc.
Que me dizem?
Cumprimentos
E quantos outros prejuízos têm causado ao Estado - e por consequência aos bolsos dos contribuintes - as decisões erradas de gente com responsabilidades governativas e até de gestores públicos?
E qual é também a responsabilidade da GNR neste caso? Não estarão os agentes da GNR autorizados a impedir que as pessoas prossigam para uma actividade que à partida se considera perigosa, devido às péssimas condições meteorológicas.
Eu concordo com o post, mas vem-me à ideia o ror de dinheiro gasto pelo Estado com desastres rodoviários, frequentemente causados pela mais evidente incúria dos condutores. Se se faz pagar a uns, não se fará pagar os outros?
tou mais preocupado com as aventuras dos nossos banqueiros e do governador do banco de portugal. fico banzado com teorias da moralização dos custos de socorro vindas de quem sempre viveu à custa do orçamento.
Excelente pergunta. E deve o Estado gastar o nosso rico dinheirinho em socorrer aqueles que se estampam na estrada em excesso de velocidade ou que passam a rua fora da passadeira? E devemos pagar os tratamentos de saúde dos que têm ataques cardicos por se empaturrarem de colesterol? Cuidado com as perguntas, porque podem originar respostas de que não gostamos.
ignatz:
Porque não vai resolver os seus problemas no psicanalista.
Os ódios de estimação curam-se lá.
Olhe, o Coimbra de Matos, que é um dos mais sabedores e com mais experiência entre nós, talvez lhe resolvesse os seus problemas de ódio aos outros (no caso ao Outro) e de ressabiamento.
Deu uma entrevista muito interessante e proveitosa de ler ao Público, no dia 21/2, se quiser veja-a aqui:
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/-1723592?frm=esp
Quem quiser subir ao Pico é logo avisado de que, se não for com um guia e precisar de ser evacuado, a fatura é PESADA.
O Estado, apenas deve pagar chorudos salários e chorudas reformas a pessoas que sempre viveram á pala do contribuinte, ou seja do orçamento. Em faustosas jantaras e festarolas. Pergunto o que tem ganho Portugal, com toda esta gente que viveu sempre e continua a viver á pala de tudo isto? sonho há muito com uma solução radical e muita desta gente, não vai gostar nada.
É uma boa pergunta, sobre um facto que os telejornais branqueavam, noticiando que "foram apanhados de surpresa", quando havia três dias que não se falava noutra coisa. A juntar às tantas aqui publicadas, eu acrescento mais uma pergunta - se eu, contra a minha vontade, fico doente, tenho de pagar taxas moderadoras por, por que razão também tenho de contribuir para pagar uma interrupção VOLUNTÁRIA da gravidez? Por mim, não tenho mesmo nada contra o direito ao ato, mas apenas contra a isenção de TM. A hipocrisia legislativa é coisa feia.
Comentador das 11:22, suspeito que o seu comentário é um exemplo de tartufice. Quem me diz a mim, que provavelmente tenho de pagar o seu tratamento se ficar doente, que não teve comportamentos que lhe provocaram a doença? Este post do senhor embaixador abriu uma interessante caixa de pandora.
O comentário de Ignatz é até bem pertinente.
Tanto quanto sei a factura é bastante pesada.
Estou a ver que os comentaristas por aqui estão a ficar ao nível dos do Correio da Manhã, tenho de aceitar que é, mesmo, este o triste retrato do país.
Este "post" do Senhor Embaixador, a partir do momento em que tocou no problema do pagamento do custo para a economia nacional das intervenções de socorro dos incautos, meteu o fogo na pólvora. E a partir daqui , o ignatz tem razão. Se é o custo para a economia, ou para os contribuintes, o que é a mesma coisa, que incomoda, então estamos a cair no campo da política. Porque "economia" é "política" e vice-versa.
Na discussão que tive com a senhora Fátima Diogo disse a mesma coisa.
E é política, porque quando vemos todos os cidadãos que através da acção governativa, ou da gestão da economia, nas instituições ou nas empresas, pela fraude e pela corrupção, pelo roubo mesmo, causaram e causam tantos custos exorbitantes ao erário público, e portanto aos contribuintes, devemos relativizar o custo do socorro a náufragos, ou a pessoas , mesmo se incautos, apanhadas nas tempestades.
Que existe um défice absoluto de civismo nessas pessoas ninguém o pode negar. E isto também é política. Mas, quem dá, na hierarquia nacional , o bom exemplo de civismo em Portugal. O Presidente da Republica? O primeiro ministro? Os outros ministros? Os empresários?
Se o civismo fosse ensinado na escola e implementado depois na sociedade, não estaríamos aqui.
E se fosse antes o facto que vivemos tempos nos quais as pessoas, todas as pessoas, se deslocam, viajam, assistem a espectáculos, se divertem duma maneira mais diversa e vasta que antes, e correm os riscos inerentes a esta nova forma de viver da sociedade?
As autoridades é que devem tomar as medidas necessárias para evitar os acidentes, e as pessoas também devem saber que se violam as instruções, é o reverso da medalha da liberdade que se aplica : a morte. Como escrevi ( vivo em Grenoble) morreram 28 pessoas desde Novembro, na minha região e outras nos Pirenéus no esqui fora das pistas. Perfeitamente normal. E até ao fim da estação de inverno, haverá outras tantas.
Esta manhã não pude aceder às minhas pistas preferidas, em frente da minha casa! Basta subir 1700 metros na encosta da montanha , que vejo da minha janela! Mas a estrada foi cortada pela polícia. Simplesmente. Nos dois sentidos. Pela razão que caiu um meto de neve desde ontem, e que as avalanches na subida como na descida são inevitáveis. Neste momento estão a dinamitá-las.
Todas as pessoas são obrigadas a ter um seguro . O Estado vai buscar às companhias de seguros o custo das intervenções. Mas o reflexo de socorro passa antes de tudo , por lei.
A questão é muito simples: Tanto eu, como o autor do post ou outra qualquer pessoa, poderemos ser um dia um fardo para os outros, contribuintes, por causa de más opções que fazemos na vida e custar muito mais ao Estado do que essas pessoas que se perderam na serra. Uma sociedade civilizada é isto. Queremos outra coisa? É só dizer, que se fazem já aqui as contas, como dizia o António Silva.
Só discordo de Ignatz na última observação, "quem sempre viveu à custa do orçamento". Se bem percebo, seria uma crítica a quem, como funcionário do Estado (porque públicas são as putas) é pago pelo OE (diplomatas, magistrados, militares, quadros e administrativos da dita Função Pública, etc). Sou a favor de que haja mais Estado e mais funcionários para o melhorarem e contra quem quer destruir o Estado. Embora viva e sempre tenha vivido no sector privado. A Direita, infelizmente, procurou diminuir quem era funcionário do Estado. Felizmente que as coisas parecem estar a mudar.
Há uma questão, que ainda não foi aqui levantada, que é o risco que correm os que acodem aos incautos / teimosos / inconscientes que ignoram reiterados avisos para "não irem por aí" . Uma coisa é uma pessoa adoecer porque levou uma vida pouco saudàvel ou porque ...sim. Há pouco tempo morreu um amigo meu com cancro de pulmão . Nunc atinha fumado na vida. Outra coisa é pôr a sua vida e, last but not the least, a de outros em risco por pura ...arrogância. Esses, sim, deviam ser penalizados. Até como exemplo para casos semelhantes.
Em tempo: o anónimo das 11.22 tem TODA a razão: alguem me pode explicar a razão pela qual uma pesoa que tem uma doença grave tem de pagar taxa moderadora e quem faz a número x interrupção voluntária de gravidez está isenta ?!? Isto tem nome . E bem feio.
Anónimo das 23:50, o exemplo do seu amigo não serve, porque, se nunca fumou, não teve culpa do seu cancro do pulmão. E aqueles que fumam dois maços por dia e que vão custar ao estado milhares de euros em tratamentos? Eu, que não fumo, porque hei-de contribuir para o seu tratamento? Os exemplos podem multiplicar-se.
Sim, mas os que fumam não obrigam ninguem a arriscar a vida para os ir salvar. Era esse o meu ponto.
Anónimo das 01:00, eu comento o ponto do senhor Embaixador: o custo para o horário público, até porque não vejo em que é que um manobrador de limpa neve, por exemplo, arrisca a sua vida. Um condutor e demais tripulantes de ambulância não arriscam mais a sua vida ao terem de dirigir em alta velocidade nas estradas? E este pais gasta muito mais, sem comparação nenhuma, com os modos de vida desleixados dos seus cidadãos. É também o meu bem estar que está em causa quando tenho de contribuir para que o estado tenha de salvar cidadãos na estrada, nos hospitais, etc., com custos elevadíssimos de maquinaria e tratamentos.
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