sexta-feira, agosto 01, 2014

"Paris é uma Festa"

O blogue "O pipoco mais salgado", ao atribuir nomes de livros a alguns blogues selecionados da nossa praça, diz que este "Duas ou Três Coisas" seria o "Paris é uma Festa", de Ernest Hemingway.
 
Fico muito grato pela comparação com o escritor americano que, no dia em que testemunhou a libertação de Paris, em 1945, teve o cuidado de se apressar a "libertar" o bar do Hotel Ritz, que ainda hoje tem o seu nome. E que, talvez não por acaso, fica a "walking distance" de outra "catedral" que Hemingway frequentava, o "Harry's Bar", no nº 5 da rue Daunou.
 
Um dia, no final dos anos 60, na localidade de Longwy, à saída do Luxemburgo, apanhei uma boleia até Paris num "carocha" com dois militares americanos. Vinham de uma base na Alemanha passar um fim de semana à capital francesa. Não falavam uma palavra de francês e ficaram encantados em que eu os ajudasse a chegar ao seu destino. A mim dava-me um jeitaço!
 
As referências parisienses que traziam, para além dos "trottoirs" da rue Saint-Denis (teriam visto o "Irma la Douce", da imagem?) e de alguns locais congéneres de Montmartre, era o "Harry's Bar". Perguntaram-me se os podia conduzir diretamente a esse lugar de culto, essa barra alcoólica de expatriados transatlânticos, por onde passaram batalhões de militares americanos. À época, o meu conhecimento de Paris era limitado. Lembro-me que, por quase uma hora, os fiz perder por vários bairros periféricos, com os militares a começarem a perder a paciência e comigo a usar o meu francês, com transeuntes que cruzávamos, para tentar chegar à Opera, de onde eu sabia o caminho para o bar.
 
Finalmente, chegámos! Fiquei-me pelo primeiro gin tónico que me ofereceram, porque tinha de ir à procura de alojamento e, decididamente, os nossos planos para os dias seguintes não coincidiam. Vi-os iniciar o fim-de-semana com um Bourbon duplo e logo imaginei o que aí vinha. Escapuli-me quando pude, não sem que lhes tivesse deixado imensas notas escritas no "Paris à vol d'oiseau", um mapa da cidade, com os edifícios desenhados, que, à época, era produzido por uma entidade de promoção turística, com um nome para mim estranho - "Sindicat d'Initiative". Nesse tempo, nós tínhamos o SNI e a última coisa a que nos lembraríamos de o associar seria um "Sindicat"... Mas, sim, Paris era então uma imensa festa!

5 comentários:

patricio branco disse...

paris é uma festa não está mal, mas paris mesmo quando o autor em funções ali não estava sempre presente no blogue, talvez cenas da vida diplomática fosse mais abrangente, cobrisse mais, ou talvez as confissões dum europeu, ou o recurso do método, ou talvez o embaixador, pouco original e expressivo, limitativo, ou um cidadão português do mundo, pois não sei, bom exercicio, livros e blogues
harry's bar parisiense, veneziano, romano, hemingway tambem gostava de ir à lipp comer ostras com vinho branco, creio que conta isso no paris festa, truculento o homem, escrever, beber, comer, viajar, em madrid ia ao el botin, leitão era com ele, e touradas, não sei se veio a portugal, boas companhias, pescar e caçar, cuba veneza espanha paris africa.
livro que corresponda a tal ou tal blogue, bom exercicio.

muito gozariam os soldados americanos em serviço na europa depois da guerra, sim, bons tempos, hoje ir para missões de paz é mais complicado embora muitos gostem, um oficial português esteve 2 vezes nos balcãs nos anos 90 e o que ele gostava, disse-me, tambem se ofereceu para timor.

claro que paris é uma festa mas esse nome não me parece o que melhor se aplica a este blogue, mas tambem não sei bem qual outro poderia ser, 2 ou 3 coisas está muito bem, com elegancia e simplicidade diz tudo, paris incluida, sobre as intenções dos escritos.

Anónimo disse...

Trottoirs não tem "e"...

Pipoco Mais Salgado disse...

Meu caro Francisco Seixas da Costa, a Paris que conheço começa nos anos noventa e já pouco tem dessa Paris dos anos 60 e 70 que nos conta.

Mas sim, é verdade que o associo sempre ao "nosso homem em Paris", mesmo quando nos dá o gosto da partilha de pequenos pormenores de outras cidades e de outras ambiências.

É isso que o distingue, esse contar-nos o pormenor, essa visão cirúrgica para as terceiras derivadas daquilo que todos vemos.

Um abraço e muito obrigado por este texto.

Isabel Seixas disse...

Duas ou três coisas além de atual e consensual é bem reflexivo, concordo com Patricio Branco na Sua simplicidade e elegância.


Estava a pensar que a haver outro nome
e batismo, deveria convocar Francisco,
crismar o "Catecismo" do blogue,
doutrina que não embarque em carros do fisco...
Paris em festa não está nem soa a mal,
Hemingway a escrever foi um sultão
Agora, maior diversidade sentimental
Existe, no abater(os cavalos também se abatem-Horace Mc Coy) vampiros com razão…


Paris demasiado pinga amor e rosa

Reduz a geografia restringe o tema

Há enredos maiores nesta ilha famosa
papillon(Henri Charriere) voa alto no atual dilema
Por fim contributo a titulo honorário
A desilusão de Deus(Richard Dawkis) neste calvário…


Anónimo disse...

Senhor Embaixador, Paris ainda é uma festa. Que o digam os muitos portugueses que continuam a vir de la debaixo... e os que vão pr'a baixo em Agosto.

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