sábado, agosto 09, 2014

À conversa no "Pereira" (9)

- Já li a tua entrevista ao "jornal i" hoje.
- E que achaste?
- Não gostei daquela parte sobre o PS...
- Porquê?
- Parece que dás legitimidade ao Seguro para se agarrar ao lugar...
- O que eu disse foi que ele, tendo ganho as eleições internas há um ano, tem todo o direito de considerar que está lá por direito próprio. Além disso, ele faz uma leitura positiva das vitórias que o PS teve nas autárquicas e nas europeias.
- Mas tu achas mesmo que a vitória nas europeias foi uma coisa "por aí além"? 
- Não, não acho. Por isso é que me parece que as primárias são uma boa ideia. Sem prescindir da legitimidade formal, ele abre a porta a que as pessoas se exprimam por outra via. Se for em seu desfavor, ele já disse que sai.
- Não era mais fácil fazer um congresso e eleições internas?
- Acho que isso seria pedir demais a quem ganhou um congresso há um ano e na sequência dele fez entrar gente do Costa para a sua direção. Não podemos só olhar para um lado das coisas.
- Mas achas mal que o Costa tenha avançado?
- O Costa tem plena legitimidade para querer uma mudança de rumo. E não estou minimamente de acordo com quem o acusa por ter avançado. Ele é um grande quadro do partido, com provas dadas e, como se vê, dá voz a muita gente, dentro do PS, que está muito descontente com a atual direção, que acha que o partido "assim não vai lá" e que, a continuar desta forma, pode até vir a não ganhar as legislativas em 2015. Por isso, as eleições primárias são a oportunidade para testar se a maioria pensa ou não como ele.
- Continuo a não estar de acordo contigo...
- Não me digas que, por causa disso, sais daqui do "Pereira" e passas para a esplanada do "Onda Azul"?
- Não, continuo aqui no "Pereira". Um café é como um partido. As discussões fazem-se cá dentro...

6 comentários:

Anónimo disse...

O Senhor Embaixador, então se reconhece ao Costa legitimidade para se apresentar como "challenger" (para irritar alguns seus comentadores puristas da linguagem...) para a direcção do PS, como pode defender ao mesmo tempo a atitude do Seguro ao nao convocar um Congresso? As primárias, cá para mim, são as responsáveis pela descida do PS nas sondagens. Isto resolvia-se era num Congresso! Bom, eu não tenho nada com isso, sou um pobre homem do Golungo...

a) Feliciano da Mata, ratologo

patricio branco disse...

com o passar do tempo as opiniões e os lados vão mudando, costa pode perder para seguro, na verdade o tempo desgasta, é uma estratégia demorar, mas o que importa é que fique o melhor, qual? em minha opinião costa, com muito superior cultura politica. mas isso não quer dizer nada na pratica. bem, as primárias pelo menos dão o lugar a quem ganhar, mas que lugar?
calculo que quem acaba pr ganhar com estas confusões é o psd-cds....

Francisco Seixas da Costa disse...

Ó Feliciano: eu respondo-lhe quando me disser a data das eleições aí pelo Golungo. Os meus respeitos à Senhora Engenheira

Anónimo disse...

O Senhor Embaixador, com essa posição (única) acima da contenda, ainda chega por consenso a líder do PS, e consequentemente a PM. E o PSD ajudará, caso não consiga a maioria absoluta. Nada como ser independente!

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Anónimo dos 14.55. Nos anos 69, fiz um curso de arbitragem na Associação de Futebol de Vila Real. Depois, mais tarde, tive quatro décadas de diplomacia, em que me especializei em tentar conciliar gente "cheia de razão". Eu não sou independente. Não tenho é "a mania" de que sou o único que tenho razão, o que me leva a tentar compreender a posição dos outros. Mas, na minha vida, dei e continuo a dar provas de que sei muito bem o que quero. E também o que não quero, em absoluto, isto é, regressar à política! Cruzes!

Anónimo disse...

Claro que o Sr. Embaixador, nesta matéria, não é independente e há muito que manifestou a sua posição: partilha "as dores" do AJS.
Mas também sente, basta ler nas entrelinhas do que escreve, dificuldade em compaginar a legitimidade formal de AJS com alguns problemas de postura e coerência do mesmo AJS, incluindo, entre outras, estas:
- Quando alguém põem em causa a liderança, desafiando-a, o que deve faze o líder?
- Se o líder defendeu não ser a favor de determinado método de sufrágio, por que razão o defende quando é contestado?
- Como qualificar um líder que publicamente confessa ter-se anulado, na oposição, durante 3 anos, violando o mandato e confiança de quem o elegeu? Com que desígnios se anulou? E será que se anulou ou não é capaz de melhor?
- Como explicar que repentinamente comece a usar de forte contundência nas criticas internas ao partido que lidera e mantenha o registo ameno das criticas que dirige ao governo?
- Como explicar que, quanto à votação do orçamento, tenha produzido diversas piruetas em poucos dias?
- Como explicar que no debate quinzenal se ponha a jeito do PM e da Presidente da AR, com os discursos que faz, o que leva a que muitos militantes desejem ter outro líder?
- Como explicar que rasgue o regulamento para as primárias, prescindindo da regularização de quotas, e defenda a sua vigência e aplicação nas eleições internas para os órgãos intermédios da estrutura partidária?
- Como explica a blindagem que produziu há 1 ano e pouco nos estatutos?
- etc, etc,

E, portanto, não se trata de dar razão só a um lado. Já dizia Luiz Vaz de camões: fraco rei faz fraca a forte gente! Ao que o PS estava destinado...
LN

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...