Um grupo de cidadãos, já com o apoio garantido de vários deputados da maioria conservadora, vai levar de novo à Assembleia da República a questão do aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo e contra a mudança de sexo.
Devo dizer que, em tese, a questão tem todo o seu sentido, na lógica de quem a propõe. Se uma decisão foi tomada numa certa direção, nada impede que uma nova maioria venha a concluir em sentido contrário. Basta olhar para as conclusões das nove (9) comissões criadas para avaliar o acidente / o crime de Camarate para termos um retrato da sólida constância de julgamento dos nossos legisladores.
O único aspeto que acho curioso na iniciativa agora avançada é a assumida ideia de que as legislações que agora se procura reverter eram meras "medidas ideológicas". Está-se mesmo a ver que esta nova proposta nada tem de ideológica, longe disso!
14 comentários:
A mim, o que me chateia é, precisamente, a questão ideológica. Irrita-me esta mania de que os "ideais" têm de vir em blocos, tudo formatadinho e a marchar acertado.
Aborto? Sim
Casamento homossexual? Não
Mudança de sexo? Sim
Em quem tenho votado? CDS/PP
Vão-se lixar!
Aborto, casamento gay, adopção gay, e quejandos são temas para entreter quando o país atravessa as dificuldades que se conhecem ... mas sempre é melhor que discutir na Assembleia a "rotunda do marquês".
N371111
Acho curioso, que cada vez que um grupo de cidadãos propõe uma nova leitura das relações humanas, perante a emergência de novos conceitos sociais, aparece logo um grupo oposto para o combater. Claro que é assim que se concebe a liberdade e vive a liberdade.
Isto faz-me pensar no conceito de "mundialização", entendido como uma unificação harmoniosa do mundo, que interessa hoje o planeta. Este conceito conseguiu obter um certo consenso, excepto para os alter mundialistas que, muito justamente, combatem a modalidade( o livre mercado) mas não a finalidade (um mundo reconciliado).
O projecto europeu, mais limitado geograficamente, também procura conciliar e harmonizar o nosso continente. E se a direita e a esquerda estão bem de acordo com o objectivo, também não estão de acordo com as modalidades!
A relações humanas , os direitos sociais nas uniões entre indivíduos do mesmo sexo , a forma do contrato social que os unem, faz parte das aspirações mais consensuais duma minoria, certo, mas quem ousaria agora opor-se a esta forma dos direitos humanos?
Indiscutivelmente, trata-se de mais uma fronteira ideológica para derrubar.
J. de Freitas
"Um grupo de cidadãos, já com o apoio garantido de vários deputados da maioria conservadora, vai levar de novo à Assembleia da República a questão do aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo e contra a mudança de sexo".
Esse grupo de cidadãos não terá compreendido, e os deputados que o apoiam também não, que há leis que proibem, há leis que obrigam e há leis que permitem sem proibir e sem obrigarem ninguém...
É o caso da lei do aborto e da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Como também acontece, aliás, com a lei do casamento entre pessoas adultas de sexos opostos. São leis que não obrigam, mas permitem. Legalizam uma situação de facto. Até permitem o casamento dos padres. Com uma freirinha se quizerem. Não falo da lei canónica. É da lei da República... que nos rege.
Porque é que contestamos uma lei que permite? Nunca compreenderei esta reação !
Pessoalmente protestaria se me obrigassem a casar com uma pessoa do mesmo sexo. Mas não é o caso...
José Barros
Parece que nesta “amalgama” há que distinguir a ideologia e os princípios:
O casamento homo e a mudança de sexo são claramente ideológicos: quem os defende “é” de esquerda quem não os defende “é” de direita.
(Por vezes, quando “aturo” a mulher, dou comigo a pensar se os homo não estarão certos… depois passa-me depressa…)
O aborto é nitidamente uma questão de princípio. A inviolabilidade da vida é a condição absolutamente necessária da humanidade. (não venham dizer que os cientistas já descobriram as semanas e horas exatas do inicio e fim da mesma).
Assim a condição humana impõe que o aborto (não clinico) seja crime! Discutam-se apenas, os responsáveis: homem, mulher, sociedade, e os eventuais agravos e atenuantes.
Senhor Embaixador: é evidente que o dito grupo não se move por razões ideológicas.
Os seus integrantes são lá capazes disso !
Ideologia é algo próprio de pessoas que não pertencem aquele mundo da moral e bons costumes em que eles vivem.
A mudança de sexo não é uma questão ideológica: é uma questão de saúde. Uma pessoa que PRECISE de mudar de sexo está "doente" e tem de ser curada. É uma mente num corpo errado. Não tem nada a ver com ideologias, da mesma forma que a política não me pode impedir de receber um transplante caso eu necessite.
Congratulo-me sempre com a lucidez dos segmentos de população homosexuais face ao respeito pela sexualidade dos heterosexuais, personalizando nunca me fizeram sentir desigual,apenas diferente, há pessoas especiais.
De facto há medidas de consolidação dos direitos humanos que merecem ser reconhecidas aos governos que as puseram em prática.
Caro Catinga, se só há mudança de sexo do foro exclusivamente clínico, tem toda a razão. Neste caso não entendo a necessidade da discussão em assembleia de deputados! A palavra é só dos especialistas da saúde!
heteroSexuais? homoSexuais? Já deu para ver que isto é uma seixalice...
Catinga dixit!
A propósito de mencionar Camarate, o Sr. Embaixador deu pela notícia que o primeiro ministro do Reino Unido, Cameron, na sua recente deslocação à Líbia levou consigo uma série de inspetores para investigar o atentado de Lockerby (que tenho a vaga ideia de ter acontecido em 1988)? Parece-me que não são só os portugueses a trazer à ribalta assuntos passados há décadas e por motivos meramente políticos!
Sr. embaixador permita-me introduzir a errata e agradecer ao anónimo das 09:31 a chamada de atenção.
Deve escrever-se homossexuais e heterossexuais.
Considero oportuno e adequado do ponto de vista da saúde individual o comentário das 22:31 do comentador catinga.
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