quarta-feira, dezembro 12, 2012

Investimentos

Nos tempos que correm, as possibilidades de captação de novos investimentos estrangeiros para Portugal são, naturalmente, mais reduzidas. Com efeito, a crise global obriga a uma prudência bastante grande em matéria de colocação de capitais e algumas incertezas existentes sobre a situação económica portuguesa também não ajudam. Por essa razão, importa fazer tudo quanto esteja ao nosso alcance para poder manter os investimentos já existentes e, muito em particular, tentar dar oportunidades de expansão e melhoria à sua atividade.

Tenho-me dedicado, em vários contextos, a falar com muitos investidores franceses em Portugal, procurando colocar-me à sua disposição para tentar ajudar a ultrapassar problemas com que possam ser confrontados na sua atividade no nosso país. Antes de partir para Paris, há quatro anos, falei com representantes em Portugal dos grandes investidores franceses e, ao longo deste tempo, tenho procurado, em modelos diferenciados, ser deles e de outros um interlocutor útil junto da nossa administração.

Hoje mesmo, organizei na embaixada um pequeno-almoço de trabalho para tentar identificar entraves com que se defrontam operações francesas no mercado português. Deste como de doutros exercícios similares, alguns com visitas a sedes de empresas francesas, tenho colhido úteis lições sobre os pontos em que, segundo esses interlocutores, Portugal pode e deve evoluir por forma a tornar-se um espaço mais atrativo para os investimentos franceses.

Neste esforço de contacto com os atores empresariais, tive algumas surpresas. Alguns dos aspetos que, entre nós, são regularmente badalados pela opinião publicada como sendo os maiores constrangimentos à ação das empresas estrangeiras em Portugal acabam por não ser identificadas por estas como estando na sua agenda prioritária. E, muito curiosamente, outras questões pouco mencionadas nesse discurso público acabam por constituir-se como obstáculos mais relevantes para o dia-a-dia de muitas empresas. Às vezes, são mesmo pequenas coisas que, com atenção, boa-vontade e determinação, podem ser resolvidas com menor dificuldade, mas com vantagens para quem arrisca os seus capitais entre nós. 

Querem exemplos? Lamento mas não dou, porque não quero contribuir para reforçar a agenda com que certa comunicação social se compraz a pintar o "Portugal negativo" com que alimenta as suas colunas.  

8 comentários:

Anónimo disse...

Boa!

Anónimo disse...


Quando se ouve ou se lê certa comunicação social em que tudo é mau ou péssimo neste País ficamos legítimamente na dúvida se não será essa CS que , como na anedota da auto-estrada , vai ela sempre em contramão .
Acham porventura cada vez mais que desde que vendam estão eles bem esquecendo que por essa via cada vez menos irão vender.

RMG

Helena Oneto disse...

Senhor Embaixador,

Para reduzir o défice da balança externa e para bem dos industriais e exportadores e de todos nos em geral e da comunicação social em particular, dê os exemplos! E um favor que lhes/nos faz! E zaz catrapaz para quem se compraz!

patricio branco disse...

sem duvida que aí está um procedimento profissional util, ouvir os que já investem ou querem investir em portugal, quais os pontos fracos indicam e podem ser melhorados do nosso sistema para os investidores, legislação, funcionamento dos serviços, fiscalidade, burocracia, tribunais, qualidade da mão de obra,etc. a insegurança fiscal com mudanças permanentes deve ser um factor que faz muitos esperar por futuros tempos, mesmo com a ideia dos 10%, que por si só não chega.
a nossa situação é dificil, não somos nem alemanha ou eua, nem marrocos ou turquia, nem china ou india. que temos pois de próprio que seja vantajoso nas condições que oferecemos e ainda venha a tempo?
a questão prioritaria é de facto conservar quem já está, que não vá para outros sitios.
e não só preocupar-se com o investimento estrangeiro como tambem com o nacional ou interno.
certamente que a conversa matinal foi interessante, franca, reveladora, pena não sabermos os aspectos bons apontados pelos franceses e tambem os que devem ser mudados, que são dificuldades estruturais nossas.

Anónimo disse...

Pois é.... ele é o football ele é o investimento estrangeiro, já nada é como era em Portugal. Os investidores até já nem querem fazer investimentos a fundo perdido....que mundo "cão" este. Mas eu não sei

Portugalredecouvertes disse...

Pensei que para equilibrar a balança a prioridade seria ajudar as empresas que exportam
ou seja valorizar o que cá se produz e evitar que se compre quase tudo

parece que muitas vezes as empresas estrangeiras ou investimento estrangeiro deslocalizam depois das ajudas do Estado ou da UE terminarem,
mas poderei estar errada

patricio branco disse...

a entrevista ontem do min. da economia foi pouco esclarecedora, acho mesmo que ajudou a aumentar a confusão e as duvidas, a mostrar que a improvisação domina. jgf bem insistia que um dos incentivos ao investimento era embaratecer o custo do trabalho e dos despedimentos, e não foi contrariado pelo interrogado. quanto aos 10% de irc parece que seria aplicado selectivamente, para investimentos considerados inovadores, etc.
parece-me tudo muito pouco maduro.

Anónimo disse...

Não necessitamos de exemplos, a mim basta saber que os sabe para ter a certeza que os comunicou a quem de direito.

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