quinta-feira, dezembro 20, 2012

Casa da Música

É uma muito má notícia, a acrescer a outras tantas que nos atormentam os dias, a crise por que passa a Casa da Música, no Porto. Criada no quadro do Porto - Capital Europeia da Cultura, o projeto revelou-se um êxito e uma decisiva contribuição para o reforço de uma centralidade cultural na região.

2012 foi um ano que ligou a Casa da Música a França, com uma programação específica dedicada a este país, cujo lançamento tive o gosto de fazer na embaixada em Paris. Cidade, aliás, onde a respetiva orquestra teve uma prestação de relevo.

Espero que da solução para este impasse não acabe por sair um remendo de gestão que seja o início de um declínio de um grande projeto. Da vida de um país também faz parte a cultura e esta ajuda a atenuar muitas outras mazelas.

8 comentários:

Helena Oneto disse...

Senhor Embaixador,

A noticia do drastico corte no orçamento da Casa da Musica também me chocou profundamente pelas razões que invocou.

E de crer que os tecnocratas incultos que nos (des)governam estão decididamente empenhados no esbulho sistematico do pouco que resta de cultura no nosso cada vez mais pobre pais.

Anónimo disse...

Senhor Embaixador,

Mais um excelente e oportuno tema para o debate.

Confesso que não podia deixar de entrar neste debate.
Como habitante do Porto, acompanhei o nascimento da Casa, num parto bastante difícil, mas, como um filho muito desejado, tudo se fez para o salvar, vingou e se foi fazendo "gente", como em tudo na vida.
Criou amizades, ganhou família, fez-se adulto, engrandeceu a Cidade, e devolveu-lhe bom nome!

Sinto-me um privilegiado:
trabalho a ver a Casa da Música, assisto, sempre que posso, a espetáculos fabulosos, incluo sempre a Casa no roteiro turístico aos amigos e familiares que visitam a Invicta.
A Casa já é Património e há-de manter a grandeza de cabeça erguida. Aliás, parece ser essa a sua enorme configuração, erguida da terra que a emerge, a olhar a cidade e suas gentes, sussurando: estou aqui!
Poderá andar de roupa remendada, mas sempre, sempre, de roupa lavada e engomada!
E há-de continuar a ser a Casa que a Invicta e os Lusos merecem!

Lá está, a menos que um artigo qualquer da CRP seja, inadvertidamente, mal utilizado.

Cá estaremos para cuidar da Casa!

Bem haja.
Mais, uma vez, Boas Festas.

Respeitosamente,
EG
passada! apesar do parto difícil que teve.

EGR disse...

Senhor Embaixador: como tripeiro e frquentador da Casa da Musica tenho um enorme orgulho na sua existencia, e na excelencia da sua actividade,e no papel que desempenha não apenas no Porto e em toda a area de influencia da cidade,inclusivé,fora de fronteiras.
Sabe-se também da qualidade e rigor da sua gestão
O golpe que o Governo acaba de lhe dar apenas se pode explicar pela aversão que o actual poder politico tem a cultura
Eles sabem que promover a cultura torna as pessoas mais lucidas,lhes estimula o sentido crítico e as tornas menos permeaveis ao que lhe pretendem"vender"
Tudo isto colide com a orientação governamental que se pudesse ainda nos faria regressar as gloriosas taxas de analfabetismo anteriores ao 25 de Abril

Anónimo disse...

Sem Cultura, nem sabemos como nos vingar da fome.
José Barros

patricio branco disse...

a cultura foi sempre, desde há muitos anos e governos, o filho tolerado, a quem se davam uns restos de má vontade, o enteado da familia. o que se investe na cultura é o minimo dos minimos e resmungando. é pena, quase ninguem tem percebido os valores da cultura (e afins, investigação cientifica, institutos camões praticos e eficazes)na promoção dum país, incluindo o seu valor económico e mais valias.

agora serão as machadadas finais, a casa da musica, depois é o teatro d. maria, depois o s. carlos, etc.
a madeira tinha (e tem, mas já condenada) uma esplendida orquestra classica com 42 musicos, o maestro titular rui massena, tambem professor do conservatorio do funchal e com uma carreira internacional. no ambito da clássica há a camerata, conjunto de musica de camara.
a ocm dava concertos regulares no teatro baltasar dias e no auditorio do centro de congressos do funchal, no ultimo ano e meio foram-se espaçando e diz-se que deu agora o de despedida, entretanto os musicos começaram a ter ordenados em atraso, alguns foram-se, é o ruir de algo bonito e de valor. as salas estavam sempre cheias, madeirenses e turistas estrangeiros esgotavam as entradas. o tradicional concerto do 1º de janeiro, dado à tarde e à noite, com sala sempre cheia, pois o de 2013 já não se dá, caput. Até julho de 2012 ainda houve regularidade de actuações, apartir de então apenas um unico, o de"despedida" hoje com uma formação reduzida, é ver na pg da ocm.
mas o que dá tambem pena é que somos um país onde nem sequer existe o mecenato a sério e estruturado.

Anónimo disse...

E que quem vai ao Porto não deixe de visitar o edifício porque é uma maravilha: cada espaço com um ambiente muito próprio, salas vazias a convidarem ao descanso, a decoração...

É um verdadeiro monumento.

Portugalredecouvertes disse...

Sr.Embaixador
artigo muito bom...
penso que a cultura da Europa está a ser de algum modo renegada, não sei porquê, havia:
filmes italianos de grande qualidade que se viam nos cinemas, revistas à portuguesa que até vinham à província, orquestras que tocavam obras de compositores de renome,etc.
agora tudo fecha...
irão fechar os países da Europa? sem cultura é difícil que existam
nações

Anónimo disse...

Pois é... a cultura... porque não pode existir, em Portugal, sem o apoio do Estado. Nunca percebi... será que não é rentável.... Eu não sei

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...