terça-feira, agosto 28, 2012

O valor dos Bonds

Todas as manhãs, de há uns anos para cá, um dos meus gestos de rotina, é olhar a evolução do valor dos Bonds (dívida pública) portugueses no mercado internacional, verificando o "spread" face aos que são emitidos por Berlim. Começo sempre a leitura do "Financial Times" por aí. Os Bonds são um bom indicador da forma como os mercados olham para a economia portuguesa, o que é importante, em especial agora, nestes tempos de "troika".

Ontem, porém, o valor relativo de outros Bonds chamou a minha atenção. Foi Roger Moore, o ator que protagonizou mais filmes de James Bond, que apareceu citado na imprensa como tendo dito que Daniel Craig, o último ator a interpretar a personagem, era o melhor James Bond de sempre.

Roger Moore é um senhor respeitável, que protagonizou alguns desses filmes com um misto de humor e charme machista, que sempre saía das cenas mais violentas com a poupa intocada, com aquele sorriso de marca, que, aliás, conserva na velhice, como pude comprovar há meses, quando o cruzei num evento por aqui. Como ator, desempenhava um Bond divertido, ao mesmo nível, comparadas as épocas, com que já fizera para a televisão as séries Ivanhoe ou O Santo. Mas, sejamos honestos, foi sempre um ator "13 valores", para usar a classificação que o meu pai costumava dar às prestações "assim-assim". Sempre pressenti que, no seu íntimo, vivia com um fantasma que se chama Sean Connery - o "verdadeiro" Bond. Isso mesmo fica confirmado nestas declarações de Moore que, enfim, estão ao nível daquilo a que sempre nos habituou como ator: "13 valores". 

24 comentários:

Isabel Seixas disse...

Modéstia à parte , ninguém me tira da ideira que essas avaliaçãoes /classificações finais são mais justas, na medida em que contemplam mais variáveis , feitas por avaliadores do género feminino...

Treze valores é muito por exemplo do ponto de vista da resistência á sedução... Coitados, todos eles terminavam invariávelmente nos braços da atriz que simulava ser secundária.

Anónimo disse...

Antecipando o resultado do referendo de 2014, o diplomata já vai manifestando simpatias pelo lado escocês.

É de mestre!

C.e.C disse...

"My name is Connery, Sean Connery."

Devo admitir que também não desgostei do Pierce Brosnan, mas lá está.. há o Bom e o Muito Bom.

Julia Macias-Valet disse...

Sean estava de tal maneira bem no papel de Bond que até o apelido do actor assentava que nem uma luva...em filmes com tanta "Connery(ie)" : ))

...digo isto...mas vi-os todinhos !!!

Anónimo disse...

Ó Júlia, como eu a compreendo. Aqueles 007 à antiga só serviam mesmo para a modorra das tardes de domingo.

Hoje a coisa tem mais "realismo" e as personagens têm dimensão. Passou-se de uma espécie de banda desenhada para uns bons filmes de ação.

"Você é um bruto!" diz a M ao JBond. Aqui reside a essência do 007 renascido.

Helena Sacadura Cabral disse...

Julinha
Também eu os vi todos. Sean Connery continua, hoje ainda, a conseguir "impressionar-me".
Mesmo quando anuncia uma mala Vuitton, que não aprecio mesmo nada.
Craig é, a meu ver, o pior.
Também gosto do Brosnan e do seu ar compostinho...
Todos nós temos fraquezas!

Anónimo disse...

Interessante este Post. Permita-me, contudo, uma pequena “correcção”. Sean Connery – “The James Bond Man”, como era designado num livro (que se recomenda) sobre ele e a saga dele interpretando James Bond – desempenhou em 7 ocasiões o papel de Bond (ou seja, tantas quantas Roger Moore, o “Santo/Bond”), sendo que o último filme se intitulava “Never Say Never Again”(em 1983) – talvez o seu melhor “Bond” de sempre, com cenas de antologia (assim foram referidas pela imprensa especializada daquela época– o nosso semanário Expresso igualmente as classificou como tal), como o tango dançado com a (bela e excelente) Kim Bassinger e o jogo com Klaus Maria Brandauer - apesar de ser um “remake” de “Thunderball”. É certo que “Nunca Digas Nunca Mais” foi, na altura (e ainda hoje, por alguns puristas) considerado um filme “à revelia” dos produtores e realizadores que detinham os direitos da série Bond e como tal não deveria ser considerado mais um filme da série Bond, mas a verdade é que, para o grande público, foi, de facto, um grande filme de James Bond . Curiosamente, foi apresentado por esse mundo fora, Portugal incluído, ao mesmo tempo que outro desempenhado por Roger Moore. Mas, Sean Connery foi, indiscutivelmente, o verdadeiro (and the last) James Bond. O carisma que imprimiu à personagem foi de tal modo evidente que ele próprio sentiu, paralela e posteriormente, alguma dificuldade em se livrar daquela imagem, conforme um dia confessou; o público, sempre que o via num outro qualquer filme, referia-se-lhe como: “o James Bond é o actor principal”. Para quem é mais novo e não tem “recollections” do início da série Bond - eu próprio só pude assistir ao último “oficial” - Diamonds Are Forever -, visto ainda não ter os necessários 17 anos para poder ver esses filmes (tal não me impediu, todavia, de, mais tarde, já em 1974/75, ver toda a série, quando foi reposta no antigo Cinema S. Jorge (não podia ser outro o cinema!) - é natural que seja Daniel Graig a sua referência do personagem Bond. Até pelo tipo de filme de acção (igual a tantos outros hoje, como Transporter, etc) que, entretanto, a série Bond enveredou. Sean Connery, aliás um extraordinário actor, ficará, para sempre, como “The James Bond Man”. Quanto a Roger Moore, enfim, diria que foi um “patusco” Bond. Nunca convenceu. O carisma de Connery, enquanto Agente 007, ainda era demasiado forte. Moore tentou um outro estilo, mas julgo que terá falhado. Foi mais hilariante (o exagero de certas cenas!) do que convincente.
P.Rufino

Carlos Fonseca disse...

Bond há só um, Connery e mais nenhum!

ARD disse...

Paramilitares, o melhor Bond e' o do Ian Fleming. E, logo a seguir, o do Petersburgo Sellers (Casino Royal).

Anónimo disse...

essa dos "13 valores",

sr embaixador nem vai adivinhar de quem se afloreou na minha memoria!...


Anónimo disse...


Em Portugal também se fez um filme na versão francesa do "jamais",

mas já não me recordo quem era James Bond

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Anónimo das 21.30: o ator chamava-se George Lazenby e o filme tinha por título "On her majesty's secret service". Foi o único Bond feito por esse ator, mas não deixou saudades. Há, porém, quem diga que o ator é excelente. Mas não nesse filme, que tem muito Estoril e serra de Sintra à mistura.

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Anónimo das 21.25: diga lá!

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Catinga: quando a Escócia perceber que fica do tamanho da Bélgica, a vontade da independência vai-se embora. Com petróleo ou sem ele.

Anónimo disse...

Caro Catinga,
Um James Bond sem pêlos no peito (e nas pernas), como o tal “de Craig” (como dizem os brasileiros), é como frango de supermercado. Cheira a falso. Um JB não tem esse tipo de preocupações. Nasceu com pêlos no peito (e nas pernas) e assim vai para a acção. Não está preocupado em meter mêdo sem pêlos no peito e muito músculo trabalhado em ginásio. Nem muito menos, impressionar a “boazinha” da fita com a sua musculatura, de “peitinho” rapado. Um homem nasce, “por via de regra”, com pêlos no peito, nas pernas, braços, mãos, etc (a cabeça é o menos). Rapa-los é “contra-natura”. O Craig é um Bond artificial (e ainda por cima loiro!), “tipo modelo” (curiosamente, é o mais baixo Bond, em estatura, de sempre – afinal a única coisa em que se aproxima do Bond dos livros de Ian Fleming, que estava longe de ser um tipo alto, como, por exemplo, Sean Connery – o Bond dos livros era mediano, teria cerca de 1,77cm , 1,78cm). Craig tenta impressionar com o tal peito (pelado) feito de músculos, para meter medo. Mas James Bond (Sean Connery), com todos os pêlos do (seu) peito (e das pernas,) impunha-se perante os mauzões da saga pela sua capacidade de dar volta à coisa (mais estalada, mais murro, etc) sem a capacidade ridiculamente destruidora e exagerada de Daniel Craig, e sabia seduzir as donzelas da fita como ninguém. E sempre imprimindo, na acção do filme, aquele (seu) toque especial – muito pessoal, que ficou como (sua) imagem de marca: a maçã que espeta algures, em Never Say Never Again (vestindo “smoking”), as uvas que retira de algures em “Operação Relâmpago”(depois de “despachar” um malandro qualquer, no hospital, as frases, como aquela quando acorda (depois de anestesiado – quando julgava que tinha sido abatido) e vê Pussy Galore, em Goldfinger, a exclamação, quando é retirado da incineração, em “Diamonds Are Forever”: “dont tell me, you must be Saint Peter!” Essa de “você é um bruto” afinal de contas diz tudo desta nova personagem – que você aprecia (os tempos de hoje com que você se identifica?). Ou seja, no fim de contas, tal frase queria dizer: “você, Oh Craig/Bond, é um tosco, um vulgar boxer, nada percebe do ofício de ser...James Bond, que costumava ser um esmurragor elegante, sofisticado, galante com as pequenas e que sabia comer com garfo e faca e nunca bebia pelo gargalo de uma garrafa, ou bebia Coca-Cola – preferia um bom vintage tinto!”.
P.


Anónimo disse...

Caro P.

Prometo que da próxima vez vou estar com atenção às não-pilosidades "Craiguianas". Até agora, realmente, não lhes dei a atenção que, pelos vistos, merecem.

Anónimo disse...

Embaixador,

Fica anotado que, para si, os países medem-se, realmente, aos palmos.

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Catinga: a dimensão é um elemento constitutivo de poder.

patricio branco disse...

houve um james bond impersonado por um actor que só actuou numa pelicula, um australiano de nome george lazemby. bem, o filme tinha cenas filmadas em portugal na região do estoril, guincho, cascais, talvez sintra e perseguições de automóveis nessas estradas à noite. on her majesty's secret service é o título.
a bela da historia é dianna rigg (da serie de televisão os vingadores)agora talvez feita dame merecidamente.
como os anteriores bonds, estreou-se em lisboa no s. jorge e era uma boa pelicula da serie.

Isabel Seixas disse...

De qualquer forma as grandes essências guardam-se em frascos pequenos...

Agora, aquela dita evidência de que as Senhoras captam "mais pormenores" não é corroborada nos comentários a este Post, pelo contrário as senhoras ficam aquém, há que admitir.

Que rigor e precisão,(juro que estou impressionada)tenho de rever os filmes...
Há quem goste mesmo naturalmente e por vocação de anatmofisiologia.

Anónimo disse...

Embaixador,

Da pequenez populacional à territorial, a Europa tem bastos casos de sucesso. Comecemos pela Noruega com os seus cinco milhões de habitantes e acabemos na Holanda com os seus 41.000 km2.

A lógica dos povos é a do bem estar e, também, a da identidade cultural e não a dos jogos de estratégia.

(os independentistas até já afirmaram categoricamente que desmantelam o arsenal nuclear que possa caber à Escócia)

Os Escoceses apenas precisam do poder que lhes permita decidir inteiramente sobre o seus interesses.

O Sean Connery, como independentista de longa data e patrocinador do Scottish National Party, de certeza que lhe poderia explicar isso melhor.

Helena Sacadura Cabral disse...

De certeza que os eurobonds valerão muito pouco ao pé do nosso Sean Connery, um homem à altura do papel e que tem uma dicção que eu adoro...
Se o Governador do BCE ou Durão Barroso a tivessem, talvez me convencessem. Mas, por azar, não têm!

Anónimo disse...

Até para o 007 há questões de "pedigree"... Safa!

Fernando Correia de Oliveira disse...

James Bond, a man for all seasons... Não terão sido os vários tipos de Bond o espelho da época em que foram feitos? Uns mais "macho", outros mais "metro". Mas, pessoalmente, concordo - a personagem encarna melhor no Sean Connery, o melhor actor será o Daniel Craig. Falta, claro, saber a opinião dos mercados sobre tudo o que é bond

25 de novembro