Há dias, passei junto a uma "fête foraine" que, todos os anos, por alguns meses, se instala no jardim das Touileries, no centro de Paris. Não tem nada de especial, para além dos "carrinhos", "cadeirinhas", carrocéis e coisas assim, a culminar numa roda gigante, tudo apoiado em alguns comes-e-bebes e gelados. Mas anda por lá um mar de gente.
Há uma semana, em Lisboa, do táxi que me levava ao aeroporto, olhei o espetáculo desolador da antiga Feira Popular, um espaço onde o nada está agora murado por cartazes, tendo no topo o triste esqueleto do velho (e histórico, por muitas razões) teatro Vasco Santana. Já perdi de vista o folhetim do destino daquele terreno, feito de algumas megalomanias, de negócios cruzados e falhados (?), dos inevitáveis e eternos processos jurídicos que parece serem a nossa sina e, claro, de muita incompetência, como sempre entre nós, nunca punida.
A Feira Popular de Lisboa estava longe de ser um lugar requintado, com o é o Tivoli de Copenhague, mas era um espaço verdadeiramente popular, onde uma certa Lisboa e arredores parava nos fins de semana de alguns meses do ano. Por lá havia, para além das simples amenidades habituais deste tipo de locais, alguns restaurantes baratuchos com sardinhas, febras, cervejolas e vinho a jarro, para terminar a sazonal experiência do ó-freguês-vai-um-tirinho? ou do "comboio fantasma". Admito que não tivesse um grande futuro económico à sua frente, mas o seu encerramento o que é que trouxe à cidade, em troca? Apenas o "poço da morte", um espaço vazio. Os responsáveis por essa "obra" estarão contentes? Ninguém diz nada? Será que Portugal entrou mesmo numa irrecuperável letargia?
10 comentários:
Não sei como está agora mas, na estação de Metro das Laranjeiras, há coisa de dez anos ainda lá estavam as placas indicando o "Luna Park", essa outra quimera que nunca viu a luz do dia e que pretendia substituir, no tempo de Abecasis, a velha Feira Popular.
Curioso: Abecasis ficou na minha memória pelo cinema que demoliu e pela feira que nunca construiu...
A feira popular povoava o imaginário dos desejos de diversão com alegria de crianças e não só.
ReaLmente é pena.
algum dia eu haveria de estar de acordo com o Catinga... foi hoje! :-)
xg
Sei como Abecassis se empenhou em preparar uma solução que permitisse a substituição com maior qualidade da velha Feira Popular da Av da República.
Sem êxito, é um facto.
Mas, a confusão ( para não usar outro termo) da venda dos terrenos da FP (e do Parque Mayer) já têm outros protagonistas e (ir)responsáveis.
a.m.fernandes
Sr.Embaixador,
gostaria de colocar a questão
"pourquoi le Portugal brûle-t-il"?
não penso só nas florestas
bom domingo para si
Convém não dizer nada.
Se alguém denunciar as negociatas e a corrupção arrisca-se a ter de pagar indemnizações, como aconteceu ao advogado Sá Ferandes...
Entretanto, uma empresa de vão de escada com origens em Braga transformou-se num empório nacional e o seu dono cresceu em graça e sabedoria.
Um dia destes vai ser convidado para ministro mas recusa, para não baixar o nível de vida, embora alguns colegas já tenham feito a experiência.
A memoria é curta.A Colónia balnear
do SÉCULO dependia dela.Os interesses
instalaram-se e a Justiça paralisou(?). Onde anda o nosso jornalismo chamado de investigação?
Ver noticia do Expresso sobre a Colónia!(sup.economico)
Hoje é dia de elogiar "Cating" e ARD. Têm memória e bom-senso. Na Av. da República aquilo nunca podia ter acontecido. Já chegava o que tinham feito aos palacetes pela rua abaixo...
Ia almoçar todos os dias à feira popular, quando estava bom tempo, instalava-me numa das muitas esplanadas sem automóveis por perto, isto mesmo no centro de Lisboa. Sabia, como lisboeta que estava a contribuir para a Colónia Balnear O Século. Até que um negócio megalómano tudo destruiu.
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