Vasco Graça Moura publicou ontem no "Diário de Notícias" um interessante artigo em que dá conta do declínio de importância da língua francesa em Portugal, sublinhando a sua contribuição para a nossa cultura e para a nossa abertura ao mundo.
E, a propósito, lembrou um curioso soneto do Abade de Jazente (sec XVIII):
"Portugal, que era
rústico algum dia,
Incivil, trapalhão, mal amanhado,
Está graças à
França tão mudado,
Que o mesmo já não é do que soía.
A língua, o
traje, o trapo, a grossaria
Dos antigos costumes tem deixado:
É todo
doce, é todo concertado;
E parece outro sua Senhoria".
Leia o artigo aqui.
10 comentários:
Pois é....Do século XVII até 1919 a élite europeia tinha uma língua franca que era o francês.Os efeitos da revolução russa esmagaram essa élite. A tecnologia hoje é em inglês ou melhor em americano. Há ainda alguns cultores de lingua francesas mas fora de França podem ser considerados uns antigos ou mesmo reacionários. O progresso é em inglês e... e depois de 1917 o que interessa é o progresso seja ele a que preço for. Mas... eu não sei.
O francês perdeu terreno e importância, e a França também já não é o que era.
Sinal dos tempos e há que saber evoluir.
Quando frequentei o liceu (foi há muitos anos, mas ainda me lembro) o Francês era uma disciplina que "dávamos" a partir do 1º ano, enquanto o Inglês só "aparecia" no 3º.
Quando na década de 1960, comecei a acumular trabalho e estudo, as cartas que enviávamos para os vários países da Europa - à excepção da Grã-Bretanha e Irlanda - onde a empresa tinha interesses, eram redigidas em Francês.
Quando regressei do serviço militar (que cumpri durante quatro anos e meio), no final da década, já a tendência se estava a alterar e grande parte da correspondência era redigida em Inglês.
Tanto quanto sei - já deixei a vida activa - as coisas não se alteraram, antes pelo contrário.
Hoje é tudo em inglês. Dos livros técnicos às novas máquinas.
Neste estranho mudo em que vivemos não há crescimento paralelo.
Tem sempre que definhar um, para outro aparecer...
É pena. Ambas as culturas - francófonas e anglo saxónicas - são importantes.
Esqueci falar da foto. Foi assim que a conheci e que a frequentei.
Francês? Mas é o que ouço frequentemente sempre que, por estes dias, entro numa superfície comercial. Reparo, entretanto, que a educação é algo ausente. Será que haverá "cultura"?...
Não parece que estes atributos (em queda abrupta) dependam da língua falada.
"Portugal que era rústico algum dia, Incivil, trapalhão, mal amanhado.... É todo doce, é todo concertado;..."
Se o Abade de Jazende voltasse a Portugal, nos dias de hoje, benzia-se três vezes!!!
Post curto mas no qual o novo Acordo Ortográfico nada muda. O que não se poderá dizer do poema do Abade, que estou certo tinha nalgumas palavras grafia diferente.
O Francês deve continuar sendo uma língua importantíssima para o nosso país. Só assim se justifica que o Estado Português continue a pagar do seu bolso o ensino do idioma aos nossos miúdos, ao mesmo tempo que despede professores de Português no estrangeiro e se borrifa para o ensino da nossa própria língua...
Pois eu limito-me a comentar a escolha da fotografia. Essa sim, continua a ser uma casa lindissima, onde apetece sempre entrar e se possível...comprar qq coisa.
Um Comissário Europeu, de visita a Portugal, quando lhe perguntei o que gostaria de fazer numa meia hora livre, respondeu-me "quero ir ao Paris em Lisboa comprar uma toalha de linho". E lá fomos e comprou uma toalha lindissima. Tinha comprado uma outra ha alguns anos, quando esteve de férias em Lisboa...
Margarida Marques
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