Não primava pela cultura, a mulher de um diplomata que o acaso protocolar colocou ao lado daquele conhecido escritor, num jantar oficial. Para o romancista, já de si pouco dado a este tipo de eventos, toda a conversa tinha sido penosa, dado que todas as referências da senhora se situavam nos antípodas dos seus interesses.
Conhecendo embora o seu nome, ela nunca lera nenhuma das suas obras, cujos títulos teve a honestidade de dizer que não conhecia. As suas leituras mais avançadas situavam-se no género "light" das sagas urbanas, com sexo, carros, restaurantes e viagens, feitas de "casos" cruzados, em linguagem coloquial modernaça. Se ela fosse portuguesa, nós já sabíamos alguns títulos...
O escritor, porém, cuidara em ser muito complacente, quando a senhora, com grande admiração, lhe referira algumas das "obras" do género que lera. É que havia alguns desses "colegas" que eram publicados pela sua editora...
Conhecendo embora o seu nome, ela nunca lera nenhuma das suas obras, cujos títulos teve a honestidade de dizer que não conhecia. As suas leituras mais avançadas situavam-se no género "light" das sagas urbanas, com sexo, carros, restaurantes e viagens, feitas de "casos" cruzados, em linguagem coloquial modernaça. Se ela fosse portuguesa, nós já sabíamos alguns títulos...
O escritor, porém, cuidara em ser muito complacente, quando a senhora, com grande admiração, lhe referira algumas das "obras" do género que lera. É que havia alguns desses "colegas" que eram publicados pela sua editora...
Já no fim da sobremesa, a senhora, que continuava deserta de qualquer conversa substantiva, inquiriu, sentindo-se quase na obrigação de mostrar uma simpatia curiosa:
- E agora, o que é que anda a escrever? Diga-me lá...
- Nos últimos meses, fiz uma pausa nos meus romances, revelou o escritor. Estou a escrever uma autobiografia.
- Ah! mas que interessante! E trata de quê?
11 comentários:
:)
A vida não está para risos, Senhor Embaixador...
Mas essa é simples e eficaz: absolutamente genial e merecedora da melhor gargalhada a plenos pulmões de há muito tempo!
Bem Haja
Não faltará dizer que a Srª é loira? (estou a brincar, parecendo-me, também, que o Sr. Embaixador não quis melindrar as mulheres.
É que há tantas anedotas de loiras parecidas com este episódio…)
Que grande lufada de ar fresco.
coisas que sucedem, a intenção até era boa
Pois é.... interessante como nas relações sociais os mais responsáveis, como neste caso o suposto intelectual, são ainda os mais intransigentes perante uma convidada como ele. Mas eu não sei.
"...nas relacoes socias os mais responsaveis..."
ah brincalhao!
bem haja
- Ah! mas que interessante!
In FSC
Juro que não estou a ser espirito de cantradição(que ideia...), mas também se podia dar o caso da senhora estar mesmo mesmo distraida...
Porque mesmo assim mais simpática estava a ser Ela.
Agora, Senhor Embaixador, falando de autobiografias gosto mais do género
"Confissões", em prosa, poesia , prosa poética, irrelevante...
Lá para os setenta vou pensar nisso com a ajuda de um "Ghostwriter" que seja o meu fio de prumo com análise séria e acutilante"a Minha querida amiga Helena Sacadura Cabral".
Por enquanto não tenho assim nem duas ou três coisas na minha vida com originalidade sustentada para constituir um devaneiosito de impacto que justifique o investimento...
Pff... Que tristeza...
Sr Embaixador, tem mesmo a certeza que isso foi verdade?!! Se sim, felizmente que não foi uma senhora portuguesa!
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