sexta-feira, agosto 24, 2012

A "chance" de Poulidor

E continuamos no ciclismo. A decisão de Lance Armstrong, ontem anunciada, de renunciar à sua defesa perante as acusações de dopagem que lhe são feitas, deve resultar na sua desqualificação como vencedor de sete "Tours de France".

Julgo que a imagem da popular prova ciclística francesa, bem como a do ciclismo em geral, vão sofrer fortemente, em matéria de credibilidade, particularmente se somarmos este escândalo aos tantos outros que mancham a competição e tornam cada vez mais duvidosas (e, pelos vistos, precárias) as vitórias a que vamos assistindo. Devo dizer que, como ativo adepto - de sofá e televisão - do mundo do ciclismo, entristece-me ver esta mítica modalidade, que tanto mobilizou a minha atenção desde a juventude, entrar "pelas ruas da amargura". E começa a ser ridículo - mas compreensível - que os resultados ciclísticos acabem por ser ditados nos laboratórios (como alguns do futebol o são "na secretaria")

Um amigo, ontem, ao telefone, comentou: "Não és tu que és um fã do Poulidor?". 

Para o leitor menos avisado, diga-se que Raymond Poulidor foi um grande ciclista francês, vencedor de várias provas no país e no estrangeiro, mas que nunca conquistou o "Tour de France", nem nele sequer vestiu alguma vez a "camisola amarela", embora tenha ganho várias etapas. Mas, nesse mesmo "Tour", foi três vezes segundo classificado e cinco vezes terceiro. É hoje um ídolo para várias gerações francesas e é uma figura por quem, desde sempre, nutro uma imensa simpatia, nesta minha incontrolável tendência para gostar dos gloriosos e dignos "losers".

Perguntei ao meu amigo por que diabo me vinha falar do Poulidor. "É que, por este andar, ainda vão acabar por desclassificar o Anquetil e o Merckx, nalguma "revisão de provas", pelo que o Poulidor pode ainda ter uma "chance" de ganhar uma Volta à França ...". 

7 comentários:

Anónimo disse...

A verdade é que, mesmo "dopados" até ao limite, a maior parte dos ciclistas era capaz de não chegar aos calcanhares do Armstrong.

Como ciclista de etapas de 30 minutos em bicicleta estática, não consigo deixar de admirar a força sobrehumana de gente que é capaz de pedalar 300km acima e abaixo montanhas. Com ou sem a ajuda de drogas, são uns "heróis"!

O Armstrong fez bem em desistir da defesa. Se é culpado, mata a coisa por aqui. Se é inocente, escusa de espatifar a fortuna em advogados e fica a gozar a vida tranquilamente.

António P. disse...

Já agora, caro Embaixador, deise-me meter uma "cunha" para o Joop Zoetemelk que apesar de tar ganho um tour em 1980, ficou 5 vezes em segundo.
E juntar ao Anquetil e ao Merckx o Hinualt.
Cumpriemntos

Helena Sacadura Cabral disse...

Senhor Embaixador
Confesso-lhe a mesma pecha de simpatizar com os "losers".
Com a condição de serem autênticos e não se comportarem como vítimas!
Não gosto nada de gente que se vitimiza...

Anónimo disse...

Então e o "Joaqcan Agostnhô?

Isabel Seixas disse...

E vai daí, obviamente sportinguistas...

Anónimo disse...

E o Poupou não tomaria também a sua poçãozinha do druida Panoramix?
Abraço, Zé Barreto

Carlos Fonseca disse...

A propósito do comentário que lembra Joaquim Agostinho, lembrei-me de uma vitória falhada dele.

Creio que em 1969, eu e três amigos sportinguistas rumámos ao velho estádio de Alvalade - então ainda com pista de ciclismo - para assistirmos à chegada da última etapa da Volta a Portugal (um contra-relógio, Vila Franca de Xira-Lisboa).

Para nossa alegria o Joaquim Agostinho fez uma etapa brilhante, e no fim vestiu a camisola amarela, que lhe dava a votória.

Eufóricos, decidimos ir comemorar para a Solmar, onde a nossa bolsa sofreu um rombo, que um dia não são dias.

O que não esperávamos era que na quinta-feira seguinte, fosse conhecida a notícia de que o "nosso" Agostinho se tinha dopado.

Que grande "melão"! E como fomos gozados pelos amigos benfiquistas que sabiam da nossa comemoração.

Maldita "Ritalina"

Já chegámos à Madeira?

Alguém cria no Twitter uma conta com a fotografia, nome e designação do partido de Nuno Melo e coloca-o a dizer inanidades. Ninguém imagina ...