Em frente a nós e a eles, um guitarrista, com som e aparelhagem elétrica, tocava e cantava (e bem) algumas canções americanas. Interpretou quatro ou cinco, não mais. E, de imediato, começou, pelas mesas, a recolher umas moedas. Demos conta de que os nossos "conhecidos" estavam furiosos com a parcimónia do espetáculo. Com alguma razão: pouco mais de dez minutos de cantorias e o artista já se dedicava a cobrar o show.
Foi então que ouvimos o cavalheiro, de forma bem clara, comentar, alto e bom som: "Ai! não "tocáides" mais? Atão, não "lebáides" nada de gorjas!". Estava desfeito o mistério: eram de Vila Real!
14 comentários:
Conterrâneos :))))!!!
Inconfundivel...Sem sombra de dúvida.
E viva Portugal! :)
Na minha terra também se fala assim, embora a proximidade com Viana tenha levado a uma "modernização" vocabular dos mais novos.
Mas eu, que apanhei o gosto às palavras e expressões mais antigas, às vezes digo "comeide" e outros verbos que tais, embora tenha o cuidado de só me expressar assim na frente de quem me conhece.
Sinto uma certa inveja do povo mirandês, com uma "lhengua" quase morta mas que souberam fazer ressuscitar. Na minha terra há vergonha de falar assim, e temos tantas palavras interessantes, derivadas do galego...
Caro Embaixador. Fez bem em lembrar "O Canto e as Armas" esse estupendo livro de Manuel Alegre. Quando publica um poema dele ?
É isso "Felipa", nós temos muitas palavras derivadas do Galego..
(aqui entre nós que ninguém nos lê: o Português, o "Galego"... Sabe, há quem diga que até são a mesma língua)
Eu, que sou moura e professora de Língua Portuguesa, não conseguia que os alunos percebessem a 2ª pessoa do plural (vós, pois há muito tempo que foi substituída por «você» ou vocês»). Então dava-me imenso jeito a fala nortenha, explicava-lhes que lá no Norte as pessoas diziam «ide para a cama, dai-lhe já isso...».Eles viam os concursos tipo «big brother» em que muitos dos participantes falavam assim e lá entendiam. Pelos vistos, é cada vez mais difícil ouvir esta forma verbal e é pena. A nossa língua a ficar mais pobre.
É, do ponto de vista da uniformização da pronúncia na lingua percebo que os seguidores "obssessivos" se sintam desconfortáveis...
Do ponto de vista da multiplicidade de microculturas na cultura global os sotaques são de uma riqueza espontãnea desconcertante.
"ó senhor olhe que bou diz-se vou e escreve-se com v"
"ó menina, desculpe, mas não ouviu bem, bou diz-se bou e escreve-se com b"
Tinham de ser - Vila Real a abrilhantar Paris! Cumprimentos Gilberto
Francisco
Eu imagino que quando se esta longe, ver um conterraneo é muito agradavel.
com amizade Monica
Que Santa Clara nos proteja e abençoe
Fazei muitos post's destes, Senhor Embaixador, porque nos dais muito prazer!
Cara Dra. Helena Sacadura Cabral: Tê-los-eides, com toda a certeza. Bom Atlântico!
Onde andará a velha senhora amiga
decerto será melhor é chamá-la em versos
antes que Se fique, connosco aborrecida...
e rimalhe por i vocábulos adversos
nestes dominios ó peixinho na água
pena deve sentir por não poder também ouvir
português alternativo sem dor ou mágoa
indiferente a acordos que se vem ou hão-de vir
Loubado seija senhor por i inda dormido
que faz este fabor de distrair o sintido
com calma que a correr poderá esmoucar-se
Toque os bois ó pra frente sem preocupar-se
a bida são dois dias um pra emborrachar-se
oitro lozem beiços pra ca pinga não finasse...
Com que então os "camones" queriam mais e melhor quando sentadinhos no "tratuário"?!
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