sábado, março 21, 2009

Alcoforado

Ontem, escrevi aqui, com óbvia ironia, que as famosas Cartas Portuguesas, escritas pela freira Mariana Alcoforado ao seu amor francês, o conde de Chamilly, seriam um "efeito colateral" positivo das invasões francesas.

Erro crasso, que agora plenamente assumo, graças a uma nota do nosso correspondente Vasco Campilho: Maria Alcoforado viveu entre 1640 e 1723, isto é, muito antes das invasões francesas, que ocorreram no início do século XIX. Chamilly estava em Portugal, não como invasor, mas como aliado a ajudar o país na guerra da Restauração da independência. A foto é da janela do Convento de Nossa Senhora da Conceição, em Beja, que se diz que Mariana utilizava para olhar o mundo exterior.

Só não concordo com Vasco Campilho quando ele diz que "soror Mariana não se teria entregue com o mesmo ardor ao representante de uma potência ocupante". Sabe-se lá que invasões o amor pode desencadear...

4 comentários:

Anónimo disse...

"Le coeur a ses raisons que la raison ne connaît point" Blaise Pascal
Isabel Seixas

Unknown disse...

E, “en passant”, lembraria de que até há quem defenda que as célebres “Cartas” foram escritas por um homem…

ARD disse...

Sabendo que V.Exª.é um adepto da arte de bem comer (a propósito, retomará o Ponto Come?)fiquei um pouco decepcionado, não pelas cartas da freira de Beja mas por não ter referido, no post sobre os "efeitos colaterais" das invasões francesas, a "conquista" dos palatos franceses por essa criação sublime da cozinha lusitana, as perdizes à Convento de Alcântara, que a Srª Junot, na versão de Duchèsse d'Abrantés, ajuntou às pilhagens e saques das as tropas d'"El Rei Junot"

João Antelmo

Anónimo disse...

Auguste Escoffier, o mais famoso cozinheiro do Império e da Restauração, adaptou ao faisão e "afrancesou" a receita que foi colher às Memórias da Duquesa de Abrantes, a quem foi dada por um tal Coronel De Restac, oficial do Marechal Junot e Duque de Abrantes.
Eis a receita:

"Perdizes à convento de Alcântara

3 porções
2 horas

Ingredientes

3 perdizes graúdas, limpas e desossadas
250g de foie gras
100g de trufas picadas
200g de carne de perdiz (ou de porco) picada
60g de manteiga
500 ml de caldo de ave (prefira caldo de perdiz)

Miolo de pão para rechear as perdizes

Leite para embeber o pão

Vinho do Porto misturado com um pouco de vinho branco seco, para a marinada

Sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto

Acompanhamento: fatias de pão

Preparo

Tempere as perdizes com sal e pimenta. Molhe o miolo de pão em um pouco de leite, até o pão ficar bem embebido. Escorra o pão, junte-lhe o foie gras, as trufas e a carne de perdiz. Misture bem, até obter uma pasta. Recheie as perdizes com a pasta, costure a abertura e coloque-as para marinar de um dia para o outro na mistura de vinho do Porto com vinho branco, virando-as de vez em quando. Retire as perdizes e, numa panela, doure-as na manteiga. Adicione o líquido da marinada, o caldo de ave e cozinhe-as por cerca de 40 a 50 minutos, em fogo baixo. Passe as perdizes para um prato e corte-as em fatias. Se for necessário, reduza o molho do cozimento e corrija o sal. Sirva com o pão e o molho."

Netanyahu

Tal como vários dos seus contrapartes já fizeram, seria interessante que Luís Montenegro anunciasse que, se Benjamin Netanyahu puser um pé e...