domingo, março 01, 2009

Flâneur à Paris

Não resisto a registar, com gratidão, a amável dedicatória do Criativemo-nos, que me ofertou o poema "Promenade Sentimentale", de Verlaine, que aqui reproduzo, antecedido da foto que o ilustra


Le couchant dardait ses rayons suprêmes
Et le vent berçait les nénuphars blêmes;
Les grands nénuphars, entre les roseaux,
Tristement luisaient sur les calmes eaux.
Moi, j'errais tout seul, promenant ma plaie
Au long de l'étang, parmi la saulaie
Où la brume vague évoquait un grand
Fantôme laiteux se désespérant
Et pleurant avec la voix des sarcelles
Qui se rappelaient en battant des ailes
Parmi la saulaie où j'errais tout seul
Promenant ma plaie; et l'épais linceul
Des ténèbres vint noyer les suprêmes
Rayons du couchant dans ses ondes blêmes
Et les nénuphars, parmi les roseaux,
Les grands nénuphars sur les calmes eaux.

Paul Verlaine

'Poèmes saturniens'

2 comentários:

Anónimo disse...

A poesia a contextualizar a Espiritualidade...Uma Deusa.
Ainda por cima a encetar um mês que por sua vez enceta a Primavera e o Domingo primeiro dia da semana...
Claro que também me dou ao luxo de emanar a passividade/permissividade/serenidade como alegoria do descanso do guerreiro implicita no
" Les grands nènuphars sur les calmes eaux"
Promenade sentimentale é certamente, também, uma metáfora de duas ou três coisas...
Isabel Seixas

margarida disse...

Súpero indício de nobreza…
Poderia quedar-se pelo sorriso condescendente. E o silêncio.
Escolheu reconhecer uma ruborizada oferenda como a poalha visual em reverberações acústicas - porque existe, a musicalidade -, de uma imagem de circum-navegação pela cidade. Lenta, como a vertigem das cidades implica, para que respiremos, transcendendo a pedra, gomos raspados à terra e talhados em pilares e corpos frios, oscilando entre o belo e as górgones.
E o rio, em instantes de paleta; dedos curiosos entre tais alvejares graníticos.
Vénia à criação; aquela do Criador, que nos cerca, inspira e anima, e a toda a sublime e artesanal do povo aprendiz, amplificada pelas suas almas delicadas.
A arte que nos cerca, que geramos e nos gera, num perpétuo movimento de ovo.
E vénia a essa insuspeita gentileza.
Essa generosidade de fautor…

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