sexta-feira, maio 19, 2017

Um governo nacional



Em 2012, François Hollande disse querer ser um presidente “normal”, quiçá para afirmar um pretendido contraste com Nicolas Sarkozy, que, com aquele estilo “coelho da Duracell”, cansara e irritara profundamente a França. Hollande acabou por ser apenas um presidente banal, que ficou muito aquém daquilo de que o seu país necessitava, contribuindo, em paralelo, para um imenso descrédito da esquerda socialista que ele reconduzira ao poder. Curiosamente, a direita não foi capaz de cavalgar esse estilhaçar do adversário, envolvendo-se em guerras de Arlequim e Manjerona, dando, no final, uma imagem “affairiste” de si própria, que, por pouco, não abriu espaço a uma tragédia.
Emmanuel Macron foi a resultante hábil que “furou” no meio da onda de desilusão do eleitorado perante as duas famílias políticas tradicionais. O governo que agora apresentou é uma verdadeira não-surpresa, uma espécie de “bloco central”, que junta figuras “óbvias” dos diversos espetros politicos, a que somou algumas caras novas, parte delas com promissores curriculos, numa deliberada e louvável equidade de género.
Sem querer parecer Cassandra, gostava de dizer que se podem antever algumas dificuldades a este novo executivo. Desde logo, porque o primeiro-ministro escolhido, Edouard Phillipe, um homem oriundo da ala mais “aceitável” da direita clássica, pode vir a revelar-se um peso demasiado “leve” para contrabalançar a dimensão de algum “baronato” politico que Macron se viu forçado a cooptar. Desde logo, François Bayrou, o ambicioso centrista que terá criado já problemas nas vésperas da formação do executivo, passando pelos socialistas Gérard Collomb, o “maire” de Lyon que cedo se ligou a Macron, e Jean-Yves Le Drian, um fiel “hollandista”, até a um ambicioso Bruno Le Maire, com o qual o novo executivo tentará seduzir o eleitorado da direita clássica. Uma nota interessante, coerente com a sempre reiterada aposta de Macron no dossiê ecológico, é a escolha de Nicolas Hulot, figura mítica do ambientalismo francês – que até agora tinha resistido a todas as propostas para entrar ativamente na vida política.
Este governo é o “cartão de visita” que Macron vai apresentar perante o eleitorado que escolherá os deputados em 18 de junho. O que conseguir projetar como linha apelativa de rumo será decisivo para se perceber se, depois dessa data, conseguirá ou não uma “maioria estável e coerente”, como se dizia no Portugal pós-abril.
Um belo sinal do novo presidente foi, sem dúvida, a mensagem europeísta que resultou do seu encontro com Angela Merkel. Para Portugal, que tem no êxito do projeto europeu uma parcela significativa do seu interesse nacional futuro, o sucesso de Emmanuel Macron e a eficácia deste seu quase “governo nacional” seria uma muito boa notícia.

quinta-feira, maio 18, 2017

Photo opportunity

Um dia, num aeroporto do Brasil, cruzei-me com uma figura ligada a um derminado setor da Justiça daquele país, com quem me tinha encontrado em diversas ocasiões oficiais e com a qual mantinha uma relação cordial. Em tom casual, perguntou-se se eu conhecia uma determinada pessoa, um cidadão brasileiro. O nome nada me dizia. A figura da Justiça sorriu e disse-me que essa pessoa estava presa e que, no seu processo, constava uma fotografia tirada comigo.

Já não sei como, cheguei à conclusão de que coincidira com essa pessoa, mais de um ano antes, num jantar com uma vintena de pessoas, em casa de uma amiga comum. Puxando mais pela memória, recordei-me que, a certa altura, essa pessoa quis tirar uma fotografia com o embaixador de Portugal, provavelmente para recordação. Não tinha nenhum motivo para recusar fazê-lo e, verdadeiramente, esqueci tudo no instante seguinte.

A personagem ligada à Justiça brasileira disse-me que o assunto não tinha a menor importância, mas deu-me um conselho: quando alguém que eu não conhecesse me pedisse para tirar uma fotografia comigo, deveria tomar a iniciativa de pedir a mais alguém, que estivesse perto, para se juntar ao retrato. Isso evitaria dar a ideia de uma excessiva intimidade com o parceiro desconhecido registado na imagem. Tomei boa nota da técnica, embora depois tivesse aprendido que há outra, também eficaz, que é ter fotografias, mesmo a dois, com quase toda a gente, como faz o nosso presidente da República...

Lembrei-me disso há pouco, ao receber tristes notícias políticas do Brasil. É que, se olhar os meus arquivos fotográficos, não são poucas as fotografias que tenho com figuras políticas, brasileiras e não só, que entraram em desgraça, algumas delas presas, outras, aparentemente, com fortes probabilidades de o virem a ser.

Saudades de Américo Tomás

Aquele amigo, quando me viu chegar, um tanto afogueado, com um atraso de cinco minutos, a uma palestra em que eu ia intervir, ao final da tarde de ontem, no Palácio da Independência, ali junto ao Rossio ficou surpreendido quando, de raspão, dirigindo-me à mesa, lhe deixei um críptico "Que saudades tenho do Américo Tomás!". Esse amigo conhece-me bem, politicamente, e claro, imagino que ficou desconcertado com a minha saída.

O dia de ontem foi muito complicado. Uma reunião de manhã, um almoço a trabalhar, um encontro logo a seguir, conclusão de um parecer de consultoria para uma empresa, preparação de uma aula, a palestra acima referida e, finalmente, sem tempo para jantar, duas horas de aula, terminadas às 23.30. Só ao virar do dia, tive tempo para uma sandwich e uma cerveja, no balcão do Procópio. Os dois dias anteriores não tinham sido muito diferentes e os de amanhã e sexta-feira vão também ser de alguma correria.

O grande problema de reuniões e trabalhos em sítios diferentes de Lisboa (e arredores), como é o meu caso, é a dificuldade de me deslocar, de arranjar lugar para o carro, de fazer telefonemas a meio do percurso. assim, vivo em cima da hora de tudo. E as obras do meu amigo Fernando Medina, somadas às surpresas no trânsito, não ajudam nada.

A saída da palestra no Palácio da Independência, quando eu já "voava" dali para o compromisso seguinte, o meu amigo que tinha encontrado à entrada, inquiriu, ainda perplexo: "O que é que tu querias dizer com aquilo do Américo Tomás?".

Expliquei-lhe que, com uma vida destas, o que me dava uma "jeitaça" era ter um motorista, que me levasse aos locais, esperasse por mim à saída e me ajudasse a relaxar, sem conduzir, entre os eventos, dando-me tempo para telefonar e consultar emails. Porém, ele continuava sem perceber a "saudade" personalizada a que eu aludira. Foi então que lhe expliquei que, desde há alguns anos, deixara de ter motorista, porque acabaram entretanto os cargos oficiais que antes tinha e, do meu contrato com as várias entidades privadas com quem trabalho, não faz parte essa "mordomia". Ora o último motorista que tive, de quem agora sentia "saudades" práticas, chamava-se (e chama-se) precisamente... Américo Tomás!

(Um abraço para si, Américo!).

quarta-feira, maio 17, 2017

O arroz do padre

Ao ler na imprensa de hoje que um padre italiano, conluiado com a Mafia, desviava alimentação destinada a imigrantes, a expressão "arroz do padre" veio-me à memória.

Foi há mais de 60 anos, lá por Vila Real. Eu era muito miúdo mas recordo bem uma conversa em torno de um arroz que um dia foi servido na casa onde então vivia, com os meus pais e os meus avôs. Louvava-se a qualidade ímpar de um arroz que estava a ser servido - de uma textura que nunca ninguém tinha experimentado até então (agora, depois de uma vida como "arroseiro" militante, imagino que tivesse sido o primeiro arroz agulha que nos fora dado a provar). À volta da mesa, as pessoas perguntaram-se de onde tinha surgido aquela maravilha. Foi chamada a criada (o termo "empregada" é bem mais tardio, nesse tempo em que também não havia "colaboradores" nas empresas), inquirida sobre se aquela "especialidade" (um termo muito usado à época, para qualificar algo de muito bom) fora comprado no Mário Miranda ou no Sarreiro, tradicionais provedores alimentares da casa.

A senhora surpreendeu toda a gente: "Não, esse é arroz do padre", e passou a explicar. Uma colega de uma casa vizinha alertara-a para o facto de, na sacristia de uma igreja da cidade (que não refiro, para evitar especulações dos vilarrealenses com boa memória), vendia-se arroz ao quilo, que vinha depois naqueles cartuchos de papel grosso, acinzentado. "É muito mais barato!", esclarecia a criada, ufana com a poupança introduzida no rol das compras.

Arroz à venda numa sacristia era, no mínimo um mistério, a que a sua extraordinária qualidade somava uma interrogação mais! 

Horas depois, o enigma escareceu-se: o tal padre estava a vender ao público, a granel, imagina-se que para crédito das contas da paróquia (numa versão otimista), arroz de origem americana que tinha chegado pela Caritas, para ser distribuído pelos pobres. O "desvio" era para dos os adultos da casa um tanto obsceno, numa casa por onde chegou a "circular" a "sagrada família" e onde existia um mealheiro de cartão, de cor azul clara, distribuído pela paróquia, com a inscrição rimada "um tostão por dia para os padres da freguesia".

Não sei quantos quilos de "arroz do padre" tinham sido adquiridos, não tenho registo se o prazer em consumir aquela delícia compensou o remorso de estar dela a privar os seus naturais destinatários. Só sei que o conceito de "arroz do padre" passou a ser um "benchmark" referencial, quase inatingível, para qualificar um arroz  excecional. 

Um dia, na Noruega, confrontado com um prato acompanhado de um belo "Uncle Ben's" (um notável arroz americano), lembro-me do meu pai suspirar: "É muito bom, mas nada que se compare com o arroz do padre..." 

terça-feira, maio 16, 2017

Não!


Não, não vou falar aqui dos 2,8% de crescimento. Porquê? Porque quero ser simpático para com os meus amigos "conservadores" (que é outro eufemismo que alguma comunicação social usa para evitar falar de "direita" ou chamar isso a amigalhaços dela e meus). Por isso, só para lhes poupar um desgosto, optei por ficar, hoje, completamente calado, em sepulcral e respeitoso silêncio. Bem gostava eu de poder mandar um forte abraço de parabéns a António Costa, de fazer "mea culpa" por todos os alertas contra a "geringonça" que lhe transmiti. Mas não, não posso fazer isso, porque os meus amigos do "centro-direita" (a maioria gosta de ser chamada assim - façamos-lhe pois a vontade!) não me perdoariam. Já lhes basta a realidade que hoje, mais uma vez, lhes caiu em cima, coitados! E, por isso, não me passa pela cabeça atirar-lhes à cara, uma cara agora com um sorriso amarelo, que a governação "troika"/PSD e (às vezes) CDS foi um rotundo fracasso, titular de uma cruel insensibilidade, somada a uma clamorosa incompetência. E nem sequer vou lembrar-lhes que o país não os esquece - e, por isso, quer vê-los "com dono" por muitos e bons. Apetecia-me tanto dizer-lhes isto, bem alto, mas não, optei por não aborrecê-los. Até porque alguns se queixam (às vezes por interpostos conhecidos) de que eu ando sempre a "dar-lhes pancada". Assim, hoje não farei isso! Nem a eles nem a um amigo deles de quem deixo uma imagem, tirada há quase um ano, quando então exibia, como dizia Camões, aquilo que viria a ser um ridículo "contentamento descontente".

segunda-feira, maio 15, 2017

"Eixos da Política Externa Portuguesa"


É já amanhã, 3ª feira, pelas 18 horas, que terá lugar a primeira das conferências, organizadas pela Universidade Autónoma e pelo jornal "Público", que abordarão o tema comum dos Interesses de Portugal no Mundo.
Falarei na ocasião sobre os Eixos da Política Externa Portuguesa.

domingo, maio 14, 2017

O tal canal

Recordo-me bem desses tempos, no auge do cavaquismo, em que, pelo país, os padres recolhiam donativos para dar "um canal à igreja católica". Sei de gente humilde que foi às suas economias buscar dinheiro para concretizar esse sonho de ter uma "Renascença com imagem". Lembro-me de debates sobre a natureza particular que a sua programação iria ter, que se pretendia assente em valores diferentes daqueles que eram seguidos pelos outros canais.

Onde tudo isso vai! A TVI acabou, enfim, por ser o que hoje é, depois de passada "a patacos" a quem deu mais por ela. 

Há pouco, ao acompanhar uma ácida "crónica" de Vitor Moura-Pinto no jornal da TVI, satirizando a visita do papa a Fátima, num modelo que nenhuma outra televisão entendeu seguir, perguntei-me o que pensarão hoje alguns dos sacrificados desse tempo, ao constatar os insondáveis caminhos dos senhores em cujas mãos o "canal da igreja" entretanto caiu.

"Ai Portugal, Portugal!"

Roubei o título a uma canção de Jorge Palma, neste dia de alegria e boa música, com a consciência de que a letra conclui pela questão "... de que é que tu estás à espera?". A um país fazem falta momentos como estes, uma difusa ideia de que tudo está a correr bem, de que os astros se conjugaram para fazer sorrir as pessoas, de que Portugal está na moda. E, na verdade, está, de uma certa forma, e isso é bom e deve ser aproveitado - no plano material e naquilo que isso possa induzir no bem-estar das pessoas que por cá vivem. Nestes tempos de alguma euforia, parecerá quase sacrílego (e em coro com malévolos e ácidos cultores da desgraça) alertar, conta o vento dominante, para o facto de que tudo isto são boas ondas passageiras, que a realidade de fundo permanece, neste que é, de há muito, o país mais pobre da Europa ocidental, emissor de gente para o mundo, fruto da incapacidade de lhe proporcionar um futuro decente na terra onde nasceu. Gozemos bem estes dias, embora o passado nos venha ensinando, desde há séculos, que temos uma endémica incapacidade para sustentar os nossos episódios de sucesso e uma insuperável dificuldade em cavalgá-los para construir um futuro sereno, próspero, que venha a evitar novos ciclos de depressão e angústia, como os que, ainda há pouco, atravessámos. O melhor serviço que poderíamos prestar a nós mesmos, nestes dias de euforia e de otimismo, seria a tomada coletiva de decisão de nos organizarmos definitivamente para a mudança, para o rigor, para a disciplina, para a não perda de tempo, para a pontualidade, para o respeito pelos outros, para o fim do xicoespertismo, para que esta não fosse mais uma "alegria breve", para usar o termo cunhado, para outra realidade, por Vergílio Ferreira. Mas, se calhar, se viéssemos um dia a mudar, não seríamos nós, dirão alguns. Provavelmente, é neste eterno ser ou não ser - glórias e derrotas, euforias e depressões, do "agora é que é!" ao "não vale a pena!" - que, afinal, está a graça (e a desgraça) deste país.

Só faltava!


"Foi o Euro 2016, depois o défice, resolveu o diabo dos bancos, isto rebenta de turistas, lá elegeu o Guterres, veio o papa, tem o Marcelo no bolso, o Benfica dele ganhou, daqui a dias os tipos de Bruxelas abençoam o fim do procedimento e, agora, até o Salvador lhe saiu em rifa - que sorte a do Costa! Ao menos - bem, isso é dinheiro em caixa! - a Teresa Coelho lá vai ganhar a Câmara de Lisboa!"‬

sábado, maio 13, 2017

Para que não digam que não falei de futebol


Segundo se sabe, o papa é um fanático do San Lorenzo de Almagro.

Na minha infância, o nome de San Lorenzo de Almagro era sinónimo de perfeição em futebol. Ao que o meu pai me contava, com admiração, aquela equipa argentina teria feito, em 1946, uma temporada de exibição pela Europa e o seu jogo, marcado por passes curtos e uma apurada técnica individual, surpreendeu e venceu todos os adversários que defrontou. Popularizado então como o "Ciclone", o San Lorenzo infligiu mesmo uma derrota pesada a uma seleção nacional portuguesa. Antes disso, no estádio do Lima, no Porto, o San Lorenzo deu uma "abada" ao Futebol Clube do Porto.

Uma noite, no final dos anos 60, num jantar no Pedro dos Leitões, na Bairrada, tive o privilégio de assistir a uma rememoração dessa partida, feita por Gomes da Costa, que fora "avançado-centro" dos portistas nesse jogo e era médico em Vila Pouca de Aguiar, e o meu pai, testemunha de bancada.

Que fique claro que, aconteça o que acontecer, este é o meu único post sobre futebol neste fim de semana. E é porque o papa anda por cá.

sexta-feira, maio 12, 2017

GNR




Depois de uma palestra em que participei, em Mangualde, na noite de ontem, perdi-me na cidade... Passava da meia-noite, não se via vivalma, andei de carro às voltas, a tentar descobrir o hotel, sem o GPS à mão.

A certo passo, cruzei-me com uma viatura da GNR, pedindo indicações. Iniciaram uma explicação mas, de súbito, disseram: "Siga-nos!" E, com imensa simpatia, conduziram-me até ao hotel, uns quilómetros adiante.

Há meses, falei aqui da experiência de um tratamento impecável por parte dos Bombeiros e da PSP, em Vila Real.

Ontem, a GNR de Mangualde confirmou-me que há, nos dias de hoje, um Portugal muito diferente, em matéria de serviço público. Para bem melhor.

As luzinhas do presidente


São contraditórias as notícias que chegam de Angola, sobre o real estado de saúde do presidente José Eduardo dos Santos. Num país cujo quotidiano, desde há décadas, está marcado por aquele que é o mais resiliente líder de África, é normal que alguma ansiedade atravesse quantos, mais cedo ou mais tarde, para o seu bem ou para o seu mal, vão ter de encarar o futuro sem ele.

Lembrei-me há pouco dos tempos em que vivi em Luanda, com Angola em guerra civil, no início dos anos 80, a cidade de certo modo sitiada, com fortes precauções de segurança e recolher obrigatório durante a noite.

Eu tinha um cozinheiro chamado Alberto, uma figura curiosa que herdara do meu antecessor na embaixada. Nunca lhe consegui extrair uma palavra de simpatia para com o MPLA e o seu regime, apenas algumas ironias crípticas sobre figuras políticas mais em voga. No fundo, sempre desconfiei que fosse simpatizante da Unita.

Um dia, fui com o Alberto buscar já não sei o quê à Corimba, no caminho para o Futungo de Belas, o complexo onde então vivia o presidente. A certo passo, ao longe, em nossa direção, vimos surgir um grande movimento de viaturas. A Luanda dessa época era muito diferente da de hoje, sem o tráfego rodoviário infernal que é o seu atual quotidiano. Um reboliço desse género era, à época, muito pouco comum.

Vi então Alberto, em geral seráfico, ficar muito agitado e dizer: "Doutor, cuidado!, são as luzinhas do presidente!" Eu estava há poucos meses em Luanda, pelo que demorei uns instantes a perceber o que ele queria dizer. O Alberto referia-se, percebi então, às dezenas de luzes, bem visíveis naquele fim de tarde com o sol a pôr-se, que se destacavam das motos dos batedores e dos carros da segurança, que precediam o cortejo de viaturas negras onde, com plausível certeza, viajava José Eduardo dos Santos.

A aproximação das "luzinhas do presidente" significava, muito simplesmente, a necessidade de qualquer viatura com que aquele aparato se cruzasse ter de encostar à berma e, mais do que isso, que o condutor colocasse as mãos sobre o volante, na posição "dez-e-dez", por forma a não criar a mais leve dúvida sobre a sua inocuidade para a segurança do líder do país. Vim a saber, mais tarde, que um cidadão português, menos atento a esta indispensável coreografia, teria sido morto, tempos antes, com disparos de uma das viaturas da segurança do cortejo.

Por que é que me lembrei disto? Porque estou numa área de serviço da autoestrada, perto da base de Monte Real, onde o papa aterrará daqui a pouco, e, embora em faixas diferentes, vislumbrei já algumas viaturas oficiais, precedidas de batedores, cheias de "luzinhas". 

E senti que é muito bom viver num país onde, felizmente, não somos obrigados a ter calafrios sempre que nos cruzamos com as "luzinhas do presidente".

O papa


Sendo nós um país cuja população se assume maioritariamente como católica, é natural que por cá seja sempre acolhido com gosto o chefe da respetiva igreja, cuja relação histórica com Portugal data da fundação da nossa nacionalidade.
Acresce que o atual papa é uma figura simpática, que projeta uma imagem de humanismo que passa muito para além das fronteiras religiosas.
Por tudo isso, e pelo que me toca, seja muito bem vindo a Portugal, papa Francisco!

Informações


Os serviços de informações são indispensáveis para a defesa dos interesses dos países, na ordem interna e externa. Nenhum Estado passa sem eles, porque as ameaças à sua segurança são permanentes e há que habilitar quem tem responsabilidades políticas com dados que permitam tomar decisões para a proteção desses interesses. Pela sua natureza, os serviços – que não são polícias - têm de ser discretos no seu trabalho de pesquisa, o que induz frequentemente suspeições e alimenta teorias conspirativas. E têm de ser independentes, desde logo dos meios económicos e, tanto quanto a razoabilidade e as leis da vida o permitem, dos meios políticos, para que a ciclicidade democrática não comprometa a sua funcionalidade. 

A "intelligence" tem sempre dois problemas a superar. O primeiro é não ter a possibilidade de se louvar publicamente da eficácia da sua ação, o que faria com que os cidadãos os aceitassem melhor. As ameaças evitadas raramente são notícia - na luta contra o terrorismo, a criminalidade organizada ou o extremismo inconstitucional. O segundo problema, é, por tradição, bastante mais complexo de resolver e, por essa razão, regular objeto de um controlo parlamentar, sobre cuja real eficácia entre nós sempre alimentei imensas dúvidas: trata-se da garantia de que os serviços funcionam num rigorosíssimo cumprimento da lei, em particular daquela que protege os direitos e liberdades individuais dos cidadãos.

Tal como em muitos outros países, em Portugal há dois serviços distintos: um para recolha de informações internas e combate à espionagem estrangeira e outro dedicado às questões externas, quase sempre em articulação com serviços “amigos”, que partilham idênticas ameaças. É vulgar esta separação, porque os objetos de pesquisa são diferentes e as culturas comportamentais nem sempre coincidem. Sinto, contudo, que começa a prevalecer uma tendência para a unificação dos serviços, através do reforço da respetiva coordenação. Confesso preferir o modelo dual.

Para a coordenação dos serviços de informação acaba de ser nomeado o embaixador José Júlio Pereira Gomes, uma excelente escolha do governo, avalizada pela oposição. Trata-se de um qualificadíssimo diplomata, do melhor que existe nas Necessidades, sereno, culto, com imensa experiência em matérias de Estado. Os diplomatas estão longe de ter o monopólio da ética pública, mas foram habituados, ao longo da sua vida profissional, a cultivar um sentido de patriotismo e de serviço que os ajuda a evitar a tentação de cair em certas derivas, como aquelas que, por mais de uma vez, atingiram o prestígio dos nossos serviços de informação em tempo democrático, afetando a sua imagem perante os pares.

(Artigo hoje publicado no "Jornal de Notícias")

quinta-feira, maio 11, 2017

Fátima

Como ateu, tenho a minha opinião formada, desde há muito e em definitivo, sobre Fátima - a qual creio ser fácil de presumir. Essa leitura (certa ou errada) tem a montante um esforço de racionalidade, que é natural em quem não foi "tocado pela fé". Não me recordo de alguma vez ter discutido o tema de Fátima com crentes, porque sempre entendi que me situava num plano diverso, e irreconciliável, no tocante à interpretação do fenómeno. Mas que fique claro: respeito sinceramente quem acredita no "milagre" de Fátima, como matéria de fé.

Serve isto para dizer que, sendo embora "de outra freguesia", acho de uma grande insensatez o debate, envolvendo figuras da igreja, sobre se o que se passou há um século, em Fátima, foi uma "visão" ou uma "aparição". São reflexões sobre os factos que, em alguns casos, relevam da procura de uma certa racionalidade. Ora Fátima ou é uma matéria estrita de fé ou não é - e aqui tudo muda de figura. Posso estar enganado, mas ao enveredar por estas "technicalities", a igreja católica abre um caminho fácil à contestação de Fátima. Se segue por esta via, com facilidade podem ser trazidos à colação textos de Tomás da Fonseca, de Mário de Oliveira e até de Fina da Armada, entre muitos outros. É isso que querem? Eu aconselharia a que, quem acredita, continuasse no registo cândido da Virgem que apareceu aos pastorinhos sobre uma azinheira. E ponto.

"Talent de rien faire?"


O infante dom Henrique tinha por lema "talant de bien faire".

As embaixadas e consulados portugueses no estrangeiro vão estar encerradas, por "tolerância de ponto", no dia em que o papa vai a Fátima? O pessoal vai a Fátima, é? Estão a gozar connosco, lá nas Necessidades?

"Talent de rien faire?" Depois queixem-se sobre a imagem que as representações portuguesas no estrangeiro projetam...

quarta-feira, maio 10, 2017

O laço

Com a morte de Baptista-Bastos, o facho do porte do "papillon" passa, entre nós, a ser mais reduzido.

Na primeira linha, estarão João Carlos Espada, Nicolau Santos, Rui Vieira Nery, Francisco George e Miguel Esteves Cardoso (pelo menos, no passado), atendendo a que o professor Fernando Pádua tem sido pouco visto.

No Ministério dos Negócios Estrangeiros, o "papillon" tem uma certa tradição. Usava-o, em permanência, o desaparecido embaixador Humberto Morgado, figura referencial que, por muitos anos, foi diretor-geral da Administração. O ar algo aristocrático de Morgado escondia a sua sabida ligação, durante a ditadura, ao "Socorro Vermelho", uma estrutura dependente do PCP, em especial dedicada a apoiar as famílias dos presos políticos.

Mas Morgado deixou os seus seguidores. João de Vallera, hoje o "Mr. Brexit" das Necessidades, depois de ter deixado a chefia da embaixada em Londres, usa o laço intermitentemente (ontem, num almoço comigo, tinha-o trocado por uma bela gravata). Já o meu sucessor em Paris, José Filipe Moraes Cabral, não dispensa nunca o adereço, que funciona já como a sua "imagem de marca". Resta-me a dúvida sobre outro colega que, no passado, era regular portador de vistosos "papillons": Paulo Tiago Jerónimo da Silva. Já o não vejo há muito, pelo que não sei se ainda segue esse hábito. Ah! E o Luís Barreiros, outro embaixador, também é useiro e vezeiro no laço.

O laço, sejamos claros, nunca ameaçou a preponderância esmagadora da gravata. Porquê? Talvez porque muito o veem como um adereço "light", menos formal, um tanto excêntrico. Nunca esquecerei que o antigo ministro dos Negócios Estrangeiro da Áustria, Wolfgang Schussel, a partir do dia em que passou a ser primeiro-ministro do seu país, largou o laço e engravatou-se para sempre. Sinal de mudança de estatuto? A gravata consagrou o "upgrading".

A verdade é que, no meu caso, sempre que "me deu na veneta" de usar laço, foi em ocasiões bastante "soltas", pouco formais, ciente de que quem me conhece notaria e estranharia a mudança de registo "pescoçal". Daí a minha admiração sincera por quem usa o "papillon" em todas as ocasiões.

terça-feira, maio 09, 2017

Baptista-Bastos


Morreu Armando Baptista-Bastos, um dos mais geniais cronistas do jornalismo português, uma figura marcante da nossa literatura. BB ou "O Bastos", como era conhecido nos meios da imprensa, transportava para os seus livros uma leveza da construção e uma riqueza vocabular que tornavam imperdíveis os seus textos nos jornais. A idade - tinha 83 anos - nunca afetou a frescura da sua escrita, da qual transparecia muita leitura e uma cultura excecional.

Conheci-o pessoalmente há mais de quatro décadas, quando, nos finais de tarde, nos encontrávamos num café e bar no topo da então livraria Opinião, na rua da Trindade - eu saído do meu emprego na Caixa, ao Calhariz, ele acabado o seu trabalho no "Diário Popular", também por ali perto. Esse era então um espaço aberto de conversa onde eu me imiscuíra, por via de amigos comuns. Por lá paravam jornalistas, escritores e outros que, como eu, eram então meros espetadores atentos da vida intelectual de Lisboa. Com a sua voz bem caraterística, não abandonando a marca pessoal que era o seu laço, Baptista Bastos confirmava, em pessoa, a frontalidade opinativa a que sempre nos viria a habituar no futuro e que muitos, mais tarde, vieram a conhecer nas entrevistas que fazia na SIC, onde tinha a pergunta que ficou clássica: "Onde é que você estava no 25 de abril?". 

Li Baptista-Bastos com regularidade e, à distância, apreciei sempre o seu sentido crítico e a sua postura ética, muito em especial a independência com que sempre preservou as amizades, por cima das ideologias a que se mantinha fiel. 

Há uns anos, com um amigo comum, João Paulo Guerra, tive um divertido almoço com Baptista-Bastos, num restaurante popular de Carnide, Foram umas belas horas de conversa, que guardo para sempre. Vai-se um nome grande do nosso jornalismo, uma figura cimeira da nossa literatura e uma respeitável personalidade cívica.

Realismo impopular


“Que negativo! Em lugar de saudares, com júbilo, a vitória de Macron, vi-te numa atitude reticente, augurando males para a sua governação, destacando mais o resultado de Le Pen”. Vários amigos comentaram desta forma o que disse ou escrevi no dia final das eleições presidenciais.

Vamos a ver se nos entendemos. Para a esmagadora maioria dos franceses, o candidato Emmanuel Macron, de que alguns nunca tinham ouvido falar até há muito pouco tempo, representou o escudo de proteção para um assalto ao poder de uma candidata que personalizava uma política de ódio, discriminação e autoritarismo, cavalgando medos e inseguranças, na base de um programa cheio de mentiras, simplificações da realidade e caricatura de soluções.

O voto “efetivo” em Macron foi o da primeira volta: 24,1%. Foi um resultado que beneficiou, desde logo, do candidato socialista ser Benoît Hamon e não Manuel Valls (que teria deslocado muito voto socialista moderado que foi para Macron) e da circunstância conjuntural, muito particular, que foram as “trapalhadas” de François Fillon, o candidato da direita clássica.

Convém que não nos esqueçamos de uma realidade muito evidente: se o “Canard Enchainé” não tivesse revelado as improbidades do casal Fillon, no dia de ontem a sua cara estaria em todos os jornais do mundo como novo ocupante do Eliseu. Sem a mais leve das dúvidas.

Desses 24,1%, Macron passou, no domingo, para 66,1%. Recebeu assim 42% a mais de “voto útil” de pessoas que, na primeira volta, tinham votado noutros candidatos e que, postos perante uma opção entre ele e Le Pen, não hesitaram em escolhê-lo. 

Mas Macron não tem mérito? Claro que tem e muito. Soube aproveitar o “nicho de mercado” político que se abriu com a exaustão dos partidos clássicos, em especial o fracasso rotundo dos socialistas, propondo uma ansiada e sempre adiada modernização da França, sem deixar cair esta ideia numa agenda puramente conservadora. Foi uma cara nova, num mundo de rostos desgastados por aquilo a que os franceses chamam a “politique politicienne” (que poderíamos traduzir por “política politiqueira”).

Macron tinha contra si o facto de, enquanto Ministro da Economia, ter proposto medidas fortemente liberais, que o alienaram de muitos setores socialistas. Mas essa mesma postura foi, no polo oposto, aquilo que o credibilizou junto de uma certa direita. Os seus 24,1% nascem assim de uma conjugação favorável de fatores, que soube aproveitar com um ambíguo discurso, nem-de-esquerda-nem-de-direita, fórmula que a História sempre revelou ser insustentável no tempo, mas que já alimentou no passado algumas outras aventuras políticas. Mas “a sorte protege os audazes” e Macron soube ousar e é premiado por isso.

O novo presidente tem, perante si, um imenso desafio, que começa com a necessidade de organizar uma nova maioria que lhe permita governar. A História mostra que um presidente que não tenha atrás de si uma maioria coerente, num país onde as coligações não são habituais, tem grande dificuldade em dar expressão prática ao seu programa.

Nas próximas eleições legislativas, a grande maioria dos 42% de votos a mais, face à primeira volta, que deram a vitória a Macron, regressarão com naturalidade aos candidatos a deputados que representam as forças políticas em quem esses eleitores tinham votado nesse primeiro turno. O mesmo acontecerá, com toda a certeza, com os cerca de três milhões de votos a mais que Marine Le Pen recolheu nesta segunda volta. É claro que não deveremos descontar que alguns dos “novos” eleitores de Macron, pelas sinergias que uma dinâmica presidencial não deixará de induzir, poderão ser tentados a confortá-lo com um crédito de confiança, votando agora  “En Marche!”. Mas eu aposto, singelo contra dobrado, em como, no final do dia 11 de junho, esse partido não irá ter muitos mais votos do que aqueles que o seu inspirador obteve na primeira volta das presidenciais. 

A grande dificuldade com que Macron se vai defrontar, nas seis semanas que se seguem, é transformar um movimento de apoio a uma candidatura num partido capaz de apresentar candidatos, credíveis e com hipóteses de serem eleitos, num número significativo de circunscrições, dentre as 577 existentes. O “efeito PRD” que experimentámos em Portugal em 1987, é reproduzível na França da V República? Tenho dúvidas.

A ingovernabiidade, ainda que relativa, da França de Macron nunca será uma boa notícia para Portugal. Com a expectável saída do Reino Unido da UE, Paris tem uma oportunidade soberana para recuperar algum terreno perdido no plano europeu, como contraponto cooperativo a Berlim. Uma França forte seria um importante fator de equilíbrio na Europa do futuro. Por isso, o êxito de Macron é desejável e só nos poderemos vir a regozijar se ele vier a ter lugar. O que não nos impede de dever ter a responsabilidade de afirmar que as condições para tal vir a ocorrer são ainda muito questionáveis.

segunda-feira, maio 08, 2017

De trincheira em trincheira


Em 2000, a Europa chocou-se com a ascenção minoritária ao poder, na Áustria, de um partido de extrema-direita. Viena foi posta de “quarentena” e o episódio parecia ter funcionado como uma vacina para garantir que essa sombra negra não mais regressaria.

Dois anos mais tarde, Jean-Marie Le Pen, o negacionista desculpabilizador do colaboracionismo, chegou à segunda volta presidencial em França. A “frente republicana” ergueu-se, chocada, e votou Chirac. A Europa regressou ao “business as usual”.

Ontem, um candidato atípico, com o pé e a gravata dentro do sistema, mas contestando os representantes tradicionais deste, derrotou um “remake” edulcorado do pai Le Pen, em quem bem mais do que um em cada três franceses já hoje confiam.

Vamos recuando, de vitória em vitória, até à trincheira da derrota final? Ou alguém tem dúvidas de que, se tudo continuar na mesma, a agenda populista mantem todas as condições para crescer, tendo mesmo como farol os EUA, onde uma política de extrema-direita (não tenhamos medo às palavras) faz o seu imperial caminho?

Derrotar Le Pen ou Wilders, travar o AfD e fazer frente a Orbán, contestar Trump ou denunciar o primarismo por detrás do Brexit, tudo são passos necessários mas insuficientes. Se a Europa - porque as respostas ou são europeias ou não serão verdadeiras soluções – não for capaz de apaziguar o mal-estar das pessoas, acalmar os seus medos, atenuar as suas múltiplas inseguranças, gerando confiança no futuro e nas lideranças de turno, daqui a meses regressaremos a uma nova trincheira.

Será Macron capaz de impulsionar diferentes políticas europeias? Mas que autoridade externa pode vir a ter alguém que passa a liderar um país em evidente perda de velocidade competitiva, um dos “doentes” mais notórios da Europa, atravessado gravemente pela “malaise” que aduba os extremismos, de esquerda ou de direita? Até que ponto Angela Merkel estará disposta, na iminência do abismo europeu, a ajudar a França a com ela pilotar soluções diferentes para o futuro imediato?

Dentro de seis semanas, ver-se-á com que maioria parlamentar Emmanuel Macron poderá vir a governar. Se o seu movimento “En marche” não vier a ter um espetacular e pouco provável sucesso maioritário no sufrágio, terá que constituir uma coligação heteróclita que dificultará a colocação em prática do seu programa. Na oposição, terá um Front National que tem condições de sair desse mesmo sufrágio como o maior partido de França e uma esquerda que pode vir a ter mais força nas ruas do que no parlamento.

Macron terá assim meses difíceis à sua frente. Por um lado, procurará potenciar as hipóteses do “En Marche”, dramatizando a crise de governabilidade que pode aí vir. Contudo, terá de fazê-lo não hostilizando demasiado o “Les Republicains” de Sarkozy, bem como alguma esquerda mais moderada, de cuja boa vontade pode vir a necessitar para não ficar refém exclusivo da direita. É um caminho muito estreito que não se pode excluir que venha a conduzir, no fim de contas, a uma maioria pouco coerente, titulada por um primeiro ministro que, dependendo do sentido ideológico prevalecente, poderia ser (da direita para a esquerda) François Baroin, François Bayrou ou Gérard Collomb.

Mas tudo isto não passa de especulações de um analista que só tem uma certeza: um fracasso de Macron e uma crise política em França, a curto prazo, seria uma péssima notícia para a Europa. E, claro, para Portugal

Botão errado

Foi ontem à tarde, na Fundação José Saramago. A homenagem ao Nuno Júdice era no 4° andar. Distraidamente, carreguei no botão do 3° andar. Ia...