Detesto quase todas a ideias de Henrique Raposo. Leio-o semanalmente no "Expresso", como leio (quase) todo o reacionário que por aí se publica, dos caceteiros ao neoliberais saídos das universidade "business" da moda. Por muito Popper ou Arendt ou Churchill ou liberdade de costumes com que se ilustrem, eles são o que são.
Desde há muito que me desabituei de ler colunistas de esquerda, dos jornais aos blogues. Praticamente só consumo textos da gente de direita, quanto mais à direita melhor. São aqueles com quem sei que vou discordar de imediato, e isso dá-me um conforto imenso. Até Pacheco Pereira e Pedro Marques Lopes deixaram de ter a graça que tinham, ao passarem a ecoar um pensamento próximo de alguma esquerda.
São os reacionários, alguns mesmo a roçar o "facho", que me ajudam a arrumar, contra eles, as minhas ideias. Percebê-los, conhecer a génese do seu pensamento, é essencial para melhor os poder contraditar. Será um vício masoquista, mas já não passo sem esse "cais das colunas" direitolas, onde aportam vários cavalheiros e até uma menina de óculos que nos olha com um sorriso estranho. Só não refiro os nomes para não ajudar à sua promoção, confesso.
Desde há muito que me desabituei de ler colunistas de esquerda, dos jornais aos blogues. Praticamente só consumo textos da gente de direita, quanto mais à direita melhor. São aqueles com quem sei que vou discordar de imediato, e isso dá-me um conforto imenso. Até Pacheco Pereira e Pedro Marques Lopes deixaram de ter a graça que tinham, ao passarem a ecoar um pensamento próximo de alguma esquerda.
São os reacionários, alguns mesmo a roçar o "facho", que me ajudam a arrumar, contra eles, as minhas ideias. Percebê-los, conhecer a génese do seu pensamento, é essencial para melhor os poder contraditar. Será um vício masoquista, mas já não passo sem esse "cais das colunas" direitolas, onde aportam vários cavalheiros e até uma menina de óculos que nos olha com um sorriso estranho. Só não refiro os nomes para não ajudar à sua promoção, confesso.
Henrique Raposo faz parte de uma espécie lusa de direita jovem, entre o miguelista e o trauliteiro, que se cultivou num ódio a tudo quanto cheire a público, com todos os tiques que ajudaram a adubar teoricamente a desastrada governação dos últimos anos. Alguns deles entraram, por dever de devoção, no patético "governo de uma semana e picos", que quase traz ressonâncias transalpinas do antanho. A chegada ao poder da esquerda roi-os por dentro. Tem imensa graça vê-los a fazer figas contra a boa execução orçamental. No caso particular de Raposo, ressoa da sua coluna uma espécie de vingança geracional, quase freudiana, embrulhada em arrogância, sobranceria e uma agressividade estudadamente insultuosa. A seu favor militam, contudo, uma agudeza de raciocínio (mal empregado, dirão alguns) e uma muito boa qualidade de escrita (o que me não é indiferente).
Li o livro que Henrique Raposo publicou sobre o Alentejo, e que está a fazer algum escândalo. Acho uma imensa estupidez por parte de uma certa esquerda diabolizar o estudo. Desde logo porque é um trabalho interessante, não obstante as teses que defende poderem ser discutíveis. Mas também porque, ao fazê-lo, está a contribuir para tornar Raposo num "mártir", o que deve dar a este um imenso gozo.
Gostava de deixar muito claro que Henrique Raposo, pessoa que não conheço, tem toda a minha solidariedade na sua defesa contra os "talibãs" que pretendem evitar a divulgação do livro. Era só o que faltava que, no Portugal de 2016, ainda se pudesse discutir se alguém tem o direito de exprimir o que lhe der na real gana! Henrique Raposo tem uma leitura negativa dos alentejanos e dos seus hábitos, da sua maneira de ser e de pensar? Pois muito bem: tem direito a tê-la e a divulgá-la, como muito bem entender. Se é preciso um abaixo-assinado para defender o direito de Henrique Raposo a divulgar o seu livro, eu serei o primeiro subscritor.
Gostava de saber como teriam reagido os protocensores da obra de Raposo se acaso os britânicos tivessem decidido proibir o livro em que o cientista português João Magueijo insultava o Reino Unido e os seus habitantes, em termos bem mais ofensivos dos que Henrique Raposo usa para os alentejanos. O caso de Raposo é diferente, só porque é de direita? Essa agora! O 25 de abril fez-se para dar voz a todos, da esquerda à direita. Essa é a sua superioridade!
Ah! E não sabem o que são os malteses do título? Leiam o livro e aprenderão.