Custa-me ter de continuar a dizer isto, mas "tarifas", em português de Portugal, não são exatamente direitos aduaneiros - e é disso que estamos a falar quando falamos das decisões de Trump.
Boa observação, não há jornal ou noticiário de TV que não refira tarifas, taxas, taxas alfandegárias. Mas nunca direitos aduaneiros. Se alguma vez aparecer esta expressão, será porque se transcreveu ou se inspirou em texto oriundo da União Europeia. Mas melhor é o termo brasileiro tarifaço, aqui já antes referido.
A este propósito, recordo a leitura muito recomentável do livro de Fernando Venâncio (O Português à Descoberta do Brasileiro). "A Espanha cuidou sempre de que os seus americanos se exprimissem segundo o modelo castelhano. O Estado português nunca se preocupou com o modo como brasileiros e africanos se exprimiam. Portugal abandonou, assim, a língua dos brasileiros à sua sorte. Nunca investiu nela, nunca lhe deu atenção. Daí que o Brasil desenvolvesse, por dinâmicas próprias, a sua particular norma, cada vez mais sólida e mais diferente da europeia. Este desinvestimento na língua era aliás visível na própria metrópole... o Estado português deixou o próprio idioma longo tempo ao deus-dará". Compreende-se que ... esse crescimento historico desordenado tenha dificultado e até desmotivado o esforço de padronização da língua. E até nem seria muito difícil, bastaria atuar com dedicação, oficial ou oficiosamente, junto da LUSA, que é a fonte das notícias publicadas em português europeu. Mas qual o ministério que devia ocupar-se dedicadamente à Língua portuguesa junto da LUSA, o que tutela a Cultura?, a Educação?, a Ciência? Como se constata, o Estado português continua a deixar o seu próprio idioma ao deus-dará, para utilizar a expressão acertadamente usada pelo Prof. Fernando Venâncio.
Como é sabido, ao termo inglês tariffs corresponde em português tanto a expressão direitos aduaneiros como a expressão pauta aduaneira. Assim, o General Agreement on Tariffs and Trade celebrado em 1947 tem em português europeu o correspondente título Acordo Geral sobre Pautas Aduaneiras e Comércio
4 comentários:
Boa observação, não há jornal ou noticiário de TV que não refira tarifas, taxas, taxas alfandegárias. Mas nunca direitos aduaneiros. Se alguma vez aparecer esta expressão, será porque se transcreveu ou se inspirou em texto oriundo da União Europeia. Mas melhor é o termo brasileiro tarifaço, aqui já antes referido.
A este propósito, recordo a leitura muito recomentável do livro de Fernando Venâncio (O Português à Descoberta do Brasileiro). "A Espanha cuidou sempre de que os seus americanos se exprimissem segundo o modelo castelhano. O Estado português nunca se preocupou com o modo como brasileiros e africanos se exprimiam.
Portugal abandonou, assim, a língua dos brasileiros à sua sorte. Nunca investiu nela, nunca lhe deu atenção. Daí que o Brasil desenvolvesse, por dinâmicas próprias, a sua particular norma, cada vez mais sólida e mais diferente da europeia.
Este desinvestimento na língua era aliás visível na própria metrópole... o Estado português deixou o próprio idioma longo tempo ao deus-dará". Compreende-se que ... esse crescimento historico desordenado tenha dificultado e até desmotivado o esforço de padronização da língua. E até nem seria muito difícil, bastaria atuar com dedicação, oficial ou oficiosamente, junto da LUSA, que é a fonte das notícias publicadas em português europeu. Mas qual o ministério que devia ocupar-se dedicadamente à Língua portuguesa junto da LUSA, o que tutela a Cultura?, a Educação?, a Ciência? Como se constata, o Estado português continua a deixar o seu próprio idioma ao deus-dará, para utilizar a expressão acertadamente usada pelo Prof. Fernando Venâncio.
A expressão correta e inequívoca é "taxas alfandegárias", suponho eu.
Como é sabido, ao termo inglês tariffs corresponde em português tanto a expressão direitos aduaneiros como a expressão pauta aduaneira. Assim, o General Agreement on Tariffs and Trade celebrado em 1947 tem em português europeu o correspondente título Acordo Geral sobre Pautas Aduaneiras e Comércio
É isso e as ordens executivas de Trump e as emendas à Constituição americana. É tudo assim, em português martelado.
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