Era um escritor genial. Politicamente, era um reacionário. Às vezes, acontece. Na minha hierarquia íntima de admiração, alguns desses criadores têm um valor de exceção, porque conseguiram ultrapassar, graças à sua indiscutível qualidade, a minha rejeição ideológica. A nossa cabeça é muito complicada, não é?
5 comentários:
Já me aconteceu. Mas também já detestei autores aclamados e quando se dá o caso de serem da esquerda intolerante , não perco a oportunidade de descarregar a minha bílis ideológica...
Fernando Neves
Conversa na Catedral não é um livro reaccionario
Depende, senhor embaixador. Se se separar sempre o homem da obra, é fácil. É o que costumo fazer. É por isso que admirava José Hermano Saraiva, a despeito do "reaccionarismo", ou Michael Jackson, apesar de ser (alegadamente) pedófilo. Cada coisa no seu lugar. Ou deixamos que a ideologia política comande tudo nas nossas vidas? Há mais além disso, a não ser que se seja um fundamentalista radical, rejeitando Freddie Mercury porque era homossexual ou José Saramago porque era comunista. Pode-se, claro, não admirar a arte de cada um, mas isso já é uma apreciação subjectiva. Vivamos, pois, a vida nas suas múltiplas vertentes.
Mario Vargas Llosa está para a literatura como Saramago está para a... literatura. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
O giro era ver este peruano a defender com unhas o esmagamento da autodeterminação catalã. O que é bom para nós...
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