sexta-feira, abril 04, 2025

Trump e a NATO

A NATO, tal como a conhecíamos, não está a funcionar. A sua principal virtualidade era a certeza dos adversários de que, em caso de ataque a um aliado, os outros (isto é, os EUA...) reagiriam em seu apoio. Até ver, com Trump, isso acabou. Contudo, Trump não durará sempre e não há a certeza de que o futuro da América seja seu herdeiro orgulhoso. Podemos assim perguntar-nos se haverá mais vida para a NATO, tal como a conhecíamos, depois de Trump.

2 comentários:

Paulo Guerra disse...

A Europa vai esperar ansiosa. Como se a NATO alguma vez tivesse servido outros interesses que não os dos US na Europa. Mas diminuir mais a Europa hoje já é impossível. Sobretudo depois de ouvir hoje a brava russofóbica Frederiksen a lamber as botas de Trump. A PM da DK, que ajudou a CIA a espiar vários Govts europeus.

Mas primeiro um disclaimer sempre necessario na distopia orwelliana em que vivemos nos últimos 3 anos devido á maior campanha de propaganda russofobica que tenho memoria em todos os media europeus, publicos ou privados. O que mostra bem o estado das democracias europeias e sobretudo da liberdade de imprensa na Europa. “Nunca fui um fã da URSS - que por incrível que pareça ainda oiço muitos saudosistas a combaterem - ou de Putin”. Mas de factos e história. Sou um economista portugues com muito orgulho do velho Continente que construiu o pico da nossa civilização depois da WWII. E também não vale a pena estar agora a perder tempo com o atraso a que o Botas vetou Portugal.

Mas para onde foi a Europa que condenou a guerra do Iraque em 2003 e hoje apoia um genocídio em Gaza, em directo nas televisões? O que até Hitler tentou esconder! E uma guerra na UA, devastadora para a UA mas também para a Europa, depois de mais um golpe de estado da CIA que empoderou os nacionalistas ucranianos, com a clara intenção de provocar uma guerra com a Rússia, depois da derrota na Georgia em 2008. Que até o NYT, sempre alinhado com a proxy war de Biden, finalmente admitiu com todas as letras para tentar salvar a honra dos Generais americanos que comandam as operações na Ucrania.

E também nem uma linha na maioria dos media europeus sobre a condenação da Ucrania pelo massacre de Odessa, 10 anos depois pelo Tribunal Europeu dos direitos humanos. Investigação que Washington e Kiev sempre impediram. Um massacre que também foi um dos gatilhos para a intervenção da Russia na Ucrania. Uma intervenção que começou com uma força expedicionaria tão pequena que não podia deixar duvidas a ninguém lucido que a Russia procurava pressionar por negociações para parar o conflito no Donbass - que como a Crimeia nunca se submeteu ao golpe da CIA - e sobretudo por um novo acordo de segurança europeu, como até Stoltenberg já admitiu - mas foi olimpicamente ignorada pelos US e pela NATO. Como os próprios ucranianos também admitiram nos primeiros dias da intervenção. Infelizmente o Ocidente, mais interessado em ajoelhar a Russia ou devo dizer nos recursos da Russia?, também sabotou as negociações de paz de Istambul.

Paulo Guerra disse...

Em suma, a UE que perdeu toda a sua independencia no crash de 2008, quanto mais algum lugar no tabuleiro de xadrez global e é hoje um mar de divida, decidiu obedecer a Biden e ao “decoupling” da energia barata russa e do comercio com a China, os dois principais pilares da economia europeia nos últimos 30 anos, segundo o próprio Borrell. E para tal Bruxelas chegou ao ponto da propaganda de condenar a Russia pela WWII?!??! A maior infâmia que eu já ouvi sobre a WWII, depois de Moscovo ter passado a década de 30 a implorar a Londres para ambos pararem Hitler antes do armamento total da Alemanha nazi e Chamberlain ter decidido motivar a loucura de Hitler nos acordos de Munique.

Pelos vistos a Europa que nunca honrou os 30 Milhões de mortos de quem efetivamente parou a Alemanha nazi, também nunca perdoou a Moscovo que Hitler tivesse virado para Ocidente depois da Polonia, em busca de recursos. A maior tragedia da WWII, além de Hitler e da tragedia humana, foi a morte precoce de FDR. Talvez o ultimo Presidente decente dos US. Que por alguma razão hoje é basicamente um gangster acefalo. A EU, que nunca devia ter permitido mais esta guerra na Europa e com muitas alavancas para resolver o problema da russofobia que é bem real na nova Europa de Rumsfeld mas nunca mexeu um palha para defender os direitos da etnia russa “exilada”, devia lembrar-se que nós já percorremos esta estrada depois do crash de 1929. E na época nem a desregulamentação dos mercados financeiros nem a pobreza crescente salvaram a Europa. Infelizmente as actuais elites europeias são mais uma vez um elixir para a extrema-direita e para os nacionalismos. E já agora para os mais delirantes, quem passou o ultimo seculo a tentar invadir a Russia foi a Europa e não o seu contrário.

... por aí além!

No sábado, no final de um espetáculo que me não acrescentou muito, dei comigo a usar uma frase de um outro tempo: não foi uma coisa por aí a...