Orgulho-me de fazer parte de uma geração política que acha perfeitamente natural que, nesta data, e ao contrário de mim, muitas pessoas não andem de cravo ao peito. Há uma grande parte da direita portuguesa que ainda não conseguiu perceber que o 25 de Abril também se fez para ela existir em democracia.
7 comentários:
Para a direita comemorar o 25 de abril é condenar o 24 de que no essencial é herdeira e onde nunca se sentiu mal, pouco ou nada tendo feito para ele terminar.
Limita-se a vagas celebrações sempre com um mas …
O problema reside no facto de que, durante muito tempo,a esquerda se apropriou do 25 de Abril, colando a direita ao 24. Desse modo criou as condições para que o centro e direita se afastassem da data.
Isto é um pouco como os crentes: não é a ida à igreja que faz ter mais ou menos fé nem ser menos cristão. Como não é ter um cravo ao peito que faz de uma pessoa mais ou menos democrata. Muitas vezes, bem pelo contrário, tal como no caso dos ratos de sacristia.
Também é verdade que uma certa esquerda reclamar constantemente só para si o 25 de Abril afasta muita gente. Talvez se a atitude tivesse sido outra, mais abrangente e sem posses, a "direita" também usasse orgulhosamente o cravo ao peito. Mas agora é tarde, demasiado tarde.
O problema destas coisas é a falta de coerência.
Nuns dias proclama-se o direito à diferença, noutros achincalha-se quem não queira alinhar com a turba.
Nuns dias a Liberdade é para todos, noutros, o simples ato de ter dúvidas é um crime de lesa-democracia.
Nuns dias afirma-se que a maioria é que manda, noutros dias malha-se na maioria porque não se identifica com os outros...
Essa desculpa da apropriação por parte da esquerda não cola, sempre me apercebi de uma relação algo ambivalente com o 25 de Abril de uma boa parte da ala direita da nossa política.
Uma parte da direita não podendo, ainda, celebrar o 24 de Abril ou o 28 de Maio, vai-se contentando com o 25 de Novembro.
Só faltava esta mesmo esta ideia luminosa, a de culpar a esquerda por a direita (política) não gostar de celebrar o 25 de Abril (ou o 25A, como muitos dizem).
J. Carvalho
Enviar um comentário