terça-feira, novembro 06, 2018

A Europa no “Público”


5 comentários:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Muito bem, como sempre!

Também me preocupa tanto trabalho de sapa contra os valores fundamentais da "Europa".

ana b. disse...

Boa noite, Sr Embaixador.
Sigo com muito interesse a sua página do facebook. Partilho muitas das ideias que expressa nos seus textos. Contudo, por não ser sua "amiga" no facebook, não consigo comentar os seus posts. Posso "gostar" mas não comentar, visto esta função ser reservada aos "amigos". Deixei-lhe uma mensagem no facebook mas presumo que tenha ido parar às mensagens filtradas. Desculpe a minha insistência mas faço-o por pensar que pode eventualmente não ter reparado no pedido. Se assim não for, peço-lhe desculpa pela minha persistência.
Agradeço a sua atenção.
Com os melhores cumprimentos
Ana Bernardo

Joaquim de Freitas disse...

Excelente texto, Senhor Embaixador.

“Numa sociedade, existem interesses e posições inconciliáveis, e o objectivo de uma democracia pluralista não é a busca do consenso, mas permitir que a dissensão se expresse, sabendo que existem posições sobre as quais não haverá acordo.”

Assim falava Maquiavel.

A social-democracia europeia está em crise. Na Alemanha, o SPD perde votos a cada eleição. Em 2017, angariou apenas 20,5%, cinco pontos a menos que em 2013 e bem distante dos 40% de décadas atrás, que lhe valiam a alcunha de Volkspartei, ou partido do povo.

Em 2018, foi pior!. A CSU, "partido-irmão" da CDU de Angela Merkel, obteve 35,5% dos votos na eleição regional deste domingo, o pior resultado desde 1950, perdendo a maioria absoluta no estado mais rico da Alemanha.

O SPD, social-democrata, parceiro de Merkel no governo federal, não foi além do quinto lugar na votação. O resultado está a ser lido como mais um golpe para os partidos do centro. As perdas para os dois partidos [CSU e SPD] vão além daquilo que é o castigo normal nas eleições regionais aos partidos que estão em Berlim.

Na França – ao lado da Alemanha o outro grande motor político e económico da União Europeia – a situação é catastrófica: depois do desastre que foi o governo de François Hollande, o PS conquistou apenas 6% dos votos em Abril. Como consequência, um magma de políticos de todos os bordos acedeu ao poder, liderados por um homem dos bastidores da banca, e do Sindicato dos Patrões, que se vê à cabeça da Europa, Emmanuel Macron.

Na Holanda, a queda também foi dramática: apenas 5,7% na eleição de Março 2017, ante 24,8% na anterior.
Na Itália e na Espanha, para citar apenas alguns, a tendência também foi de queda. E em 2018, a extrema-direita anti europeia está agora firmemente integrada no poder.

Como muito bem escreve, com 28 parceiros a convencer , a tarefa vai ser dificil.

Parte da explicação para essa situação está nas mudanças sociais que afectaram o eleitorado tradicional da social-democracia. Nos países industrializados, o antigo proletariado industrial sindicalizado deu, em grande parte, lugar a uma classe trabalhadora que vive de sub empregos e contractos de curta duração – isso quando tem emprego.
Muitas dessas pessoas são jovens que nunca conheceram a estabilidade de uma ocupação fixa. Consequências decorrentes dessa situação são a insegurança em relação ao futuro, o medo – da globalização, dos imigrantes – e o ódio das classes dominantes, os "lá de cima", os responsáveis por tudo isso.

Na França essa situação foi especialmente observável na eleição passada. Ao menos nas urnas, Marine Le Pen converteu-se na principal representante da classe trabalhadora, daqueles que não têm emprego e têm medo que os imigrantes os impeçam de ter e daqueles que têm emprego e têm medo de que a globalização – reconhecível no fechamento de fábricas, que se mudam para países de mão de obra barata – os deixem desempregados. Na primeira volta, Le Pen foi a mais votada pela classe operária, com 37% dos votos. Aí estão muitas pessoas que antes votavam na social-democracia e mesmo nos partidos de esquerda.

A outra parte da explicação é que a social-democracia se tornou parte dos "lá de cima" nas últimas décadas. Houve bem a proposta duma Terceira Via para salvar a social-democracia. A execução prática desse ideário estava representada no New Labour de Tony Blair e na Agenda 2010 de Gerhard Schröder, que em grande parte liberalizou o mercado de trabalho (Leis Hartz) e facilitou os contractos de curta duração.

Anónimo disse...

Lido com interesse.

Despacho

"As time shape things" temos de admitir que os valores fundamentais da Europa de hoje não são os mesmos de há 50 anos. E.. pão e circo não pode continuar. Estamo-nos a prostituir.
São esses valores que têem de ser actualizados e apresentados às populações para essas mesmas informarem se assim querem.
Sabe-se que as democracias se desgastam muito rapidamente. Sabe-se que as repúblicas democráticas só existem porque são regimes dictaturiais de esquerda.
Wait and see.

Sem deferimento pela forma de abordagem.

Anónimo disse...

Quem vota vota. Quem não vota também establece (deturpa) o resultado de umas eleições. Serão correctas as presentes formas da consulta eleitoral?. Que União Europeia -ou outro Universo eleitoral- está a ser democraticamente construído?.

Qual seria o resultado de umas eleições processadas num formato mais preciso: possibilidade de voto "sim" ou voto "não" ou voto "indiferente" ?. Não é esta a atitude racional perante uma opção?. Certamente que proporcionaria conclusões mais precisas.
Os actuais resultados eleitorais, erráticos, não serão as óbvias consequências de sistemas eleitorais obsoletos impostos (porquê) a universos de eleitores cada vez mais sofisticados?.
Macron foi mesmo o "escolhido"?. Esta União Europeia é mesmo a opção escolhida?


https://www.zerohedge.com/news/2018-11-06/no-voting-doesnt-mean-you-support-system

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