A senhora, já de uma certa idade (a minha?), deslizou subtilmente para o lado contrário do balcão do café, fugindo a colocar-se no final da fila, na qual esperavam duas japonesas e uma nórdica com cor estival de lagosta.
O neto, aí com uns oito anos, um pouco à distância, reagiu, alto:
- Ó avó! A fila não é aí!
A senhora, embaraçada, olhou em volta, esperando que ninguém tivesse reparado no aviso cívico do neto. Depois de uns segundos de hesitação, decidiu permanecer no lugar onde estava, porque isto ser ser golpista de filas está no ADN de muitas gerações.
Foi então que a neta, mais pequena, aí com uns quatro anos, "dez reis de gente", saiu da companhia do irmão, estendeu a mão à avó, puxou-a e, em silêncio, levou-a para o fim da fila.
A senhora ficou com um sorriso amarelo e não gostou, estou certo, do meu, que a olhei de frente, deliciado com a prevalência geracional da ética. Vem aí um país melhor!
Foi ao final da manhã de hoje, na estação de Campanhã, no Porto.
3 comentários:
Se nao forem à caça aos "Pokeimo", Senhor Embaixador ...
Mesmo com a inofensiva caça aos 'Pokemons', os jovens são melhores do que nós, Sr. Freitas, alguma coisa andamos a fazer direito. Mais generosos, mais preocupados com o meio ambiente e os direitos humanos, mais cosmopolitas, mais cultos, etc, etc...
Diz o comentador (não leia Comendador, p.f.) , Jaime Santos:
....alguma coisa andamos a fazer direito.
O Jaime Santos esquece o reverso da
"medalha" , ou seja, as muitas coisas que andam a fazer "torto".
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