quarta-feira, fevereiro 10, 2016

Falar claro

É muito curiosa - e desonesta - a tendência de certos comentadores que, com acinte e aparente gozo, procuram esconder que a recente subida das nossas (e de vários outros países) taxas de juro, para reciclagem dos empréstimos da dívida pública, tem como essencial justificação o ambiente agitado que as bolsas atravessam por toda a Europa (e não só). Esse viés faz-se também sentir em alguns títulos de jornais e rodapés televisivos.

A vontade mesquinha de colar a subida das taxas de juro ao caso do orçamento português, sem a menor comprovação mas apenas pelo seu "wishful thinking", qualifica a mediocridade pedante desses inconsoláveis viúvos da defunta coligação. Ninguém afirma isso lá fora, mas esses arautos da desgraça teimam em insinuá-lo cá dentro. E nota-se o prazer que lhes dá magnificar, para consumo da paróquia, qualquer observação crítica sobre Portugal que consigam descortinar num jornal estrangeiro.

Os eventuais efeitos de qualquer opinião negativa sobre o orçamento português, a existirem - e eu não excluo que possam ocorrer, em alguma medida - só poderiam ser avaliados numa situação "business as usual" dos mercados. E, de momento, isso não existe, pelo que tudo o que por ora se disser - a menos que haja entretanto um "downgrading" pelas agências de notação - não passa de simples e infundadas especulações, destinadas a criar um ambiente de desconfiança e mal-estar na opinião pública.

É preciso que isto seja dito de forma clara.

23 comentários:

Anónimo disse...

O caro Embaixador perdoar-me-á mas de mercados financeiros percebe muito pouco, nomeadamente quanto ao seu funcionamento e ao que os move.

De qualquer forma tem aqui uma notícia do Financial Times e uma outra do Bloomberg, ambas aludindo precisamente aos motivos da subida dos titulos Portugueses.

http://www.ft.com/fastft/2016/02/09/portuguese-yields-surge-to-new-15-month-highs/

http://www.bloomberg.com/news/articles/2016-02-08/portugal-germany-yield-spread-widens-to-most-since-2014-chart

Como se fosse pouco, o receio precisamente deste tipo de medidas fez com que em Outubro a dívida pública Portuguesa tenha sido a mais penalizada não da Europa mas sim do mundo.

jj.amarante disse...

Obrigado pela informação. Começo a desesperar de encontrrar um órgão de informação português de grande difusão com um grau mínimo de objectividade. Ter que desconfiar sistematicamente do que vai passando nos media portugueses, além de cansativo, faz perder imenso tempo à procura de confirmação do que nos pretendem impingir. É mais um factor que baixa a produtividade do país.

Manuel do Edmundo-Filho disse...

"a mediocridade pedante desses inconsoláveis viúvos da defunta coligação", liderados, acrescento eu, pelos directores do "Observador", Rui Ramos, José Manuel Fernandes e outros.

Brilhante qualificação!!!

PS.: Passei este fim de semana lá para os nossos lados, a recuperar de uma situação grave de saúde. Foi um autêntico bálsamo. Encheu-me a alma. E, como se não fosse pouco, recuperei 5 pontos... 3 ao Porto e 2 ao seu Sporting...

Estive, curiosamente, num almoço (em Vila Real, com uma bela vista sobre o Marão) e num jantar, entre outros amigos, com uma amiga sua (e também já minha): a Márcia (Cabanelas ) e, claro, falamos de si, com muito apreço, e de um recente "post" seu sobre a camionagem e a família Cabanelas. Foi um bom convívio e as "tripas" estava, óptimas!

(As minhas desculpas ao caro Embaixador e aos seus leitores por esta nota mais pessoal)

Anónimo disse...

Efectivamente a imprensa portuguesa e um vómito!
Quem lê os titulos dos jornais económicos e não só e pura manipulação Tudo pafiano, jornais televisões comentadores Uma lástima!

Joaquim de Freitas disse...

Quando falamos de liberdade de expressão e liberdade dos media, acho que é uma confusão estabelecida com muita inteligência da parte dos interessados, que tende a fazer crer numa equivalência das duas liberdades. Insurjo-me contra essa mentira.
Porque apresentar os media como um conjunto coerente de entidades partilhando os mesmos objectivos é falso.
Existem informações que uns "minimizam" e outros "maximizam" . E pior ainda, que outros disformam, torcem, transformam em veneno !

Um jornalista é um jornalista, dizem! Mas qual é a relação entre um jornalista mexicano assassinado por ter inquirido sobre os carteis da droga e Judith Miller, ex-jornalista do "New York Times" que mentiu propositadamente sobre as armas de destruição maciça no Iraque, participando assim ao assassinato de centenas de milhares de iraquianos ?

Vivemos num mundo estranho onde se confundem as duas liberdades, porque há uma imprensa que decide " em toda liberdade" do que é razoável ou não, e vi-o nas últimas eleições portuguesas, quando certos media, quase todos, de facto, na TV, só dão a palavra a alguns e sempre os mesmos, esta liberdade dos media não é nem o motor nem a garantia da minha liberdade de expressão, mas antes o seu coveiro.

Posso perguntar: o que se passa quando a censura - ou a não informação - é o fruto dos media eles mesmos ? Porque sabemos que existe um controlo, aquele que é exercido pelos accionistas das sociedades de medias, a constatação é simples : o controlo por uma minoria é o contrário de democracia.

Se ,informar-se, é um direito para todo cidadão, então informar é um "dever" para os media, e não uma "liberdade". Não é a liberdade dos media que garante uma democracia, mas a "verdadeira" democracia que garante a liberdade "real" dos media. Mas a democracia é realmente possível quando os media pertencem ao poder do capital? Porque é que este compra os media? Para defender os seus interesses, e não para informar o cidadão. Este pode ter interesses contraditórios com os dos proprietários dos meios de informação.

O poder do capital é imenso em todas as actividades humanas. Os seus valores e os seus interesses não são os do cidadão. Este só tem uma alternativa : um dia ou outro, revoltar-se contra este poder.

Joaquim de Freitas disse...

Manuel do Edmundo - Filho:
"
.Passei este fim de semana lá para os nossos lados, a recuperar de uma situação grave de saúde"
Faço votos que tenha recuperado, Caro Senhor.

Um dia tenho que ir a Portugal, a Vila Real, comer tripas! Nunca comi!

Joaquim de Freitas disse...

Senhor Zuricher: Podia dizer o resto!
"
. Still, the spread remains a fraction of the record high of about 1,650 basis points reached at the height of the euro region’s debt crisis in 2012." Autrement dit, pas grand chose!!!

Mas de qualquer maneira , que esperar do mundo da finança? Que aplauda um OE no qual se procura aliviar o sofrimento dos pequenos? Claro que para enriquecer mais os grandes, a curva passaria pelo teto!

Nenhum Americano me satisfaz na política social, mas gostaria, só para o prazer de ver o Senhor Zuricher apanhar um torcicolo ao ler as curvas deste género, que Bernie ganhe as eleições americanas. Depois veríamos se seria melhor ou pior que Costa!

Jaime Santos disse...

Enquanto Portugal negociava com Bruxelas, os juros da dívida estavam baixos, agora que há acordo subiram. Se seguirmos o raciocínio dos viúvos pafientos, Costa deveria pois ter evitado o dito acordo. É mais ou menos isto, não é? Quanto aos especialistas como o senhor acima, 'it's the Ideology, stupid!'...

Anónimo disse...

Caro Jaime Santos, não, enquanto Portugal negociava com Bruxelas os juros não estavam baixos. Tinham subido bastante já e, repito, em Outubro, dado o risco político em relação à situação anterior, os juros da dívida pública Portuguesa foram aqueles que mais subiram no mundo. Enquanto houve a negociação do acordo houve uma certa espera por parte dos investidores que não sairam anteriormente a ver o que acontecia e agora, claro, com este OE os resultados estão a ver-se.

E isto num contexto em que as bolsas estão a cair o que deveria levar os juros da dívida pública para baixo. Isto porque acções são arriscadas, titulos de dívida são seguros, logo quando as bolsas caem, os juros da dívida pública caem (os investidores saem de activos mais arriscados para activos mais seguros) e vice-versa. É o que está a acontecer com os títulos Alemães ou Britânicos entre vários outros considerados seguros.

Por fim, quando ao "it's the ideology, stupid", não sou especialista em mercados ou, pelo menos não me intitulo de tal embora realmente ande metido neles há muitos anos e perceba qualquer coisita do seu funcionamente. Ao longo dos anos aprendi duas ou três coisitas certamente irrelevantes mas foi o que consegui aprender. Uma delas é que quem se mete nos mercados com ideologias e outras parvoíces afins perde o dinheiro todo muito rápido.

Anónimo disse...

Ler análise do Commerzbank.
João Vieira

Helena Sacadura Cabral disse...

"...Ao longo dos anos aprendi duas ou três coisitas certamente irrelevantes mas foi o que consegui aprender. Uma delas é que quem se mete nos mercados com ideologias e outras parvoíces afins perde o dinheiro todo muito rápido."
Penso exactamente o mesmo e trabalhei neles durante bastante tempo!

Joaquim de Freitas disse...

O Senhor Zuricher tem certezas extraordinárias... e justas! Quando escreve: " dado o risco político em relação à situação anterior, os juros da dívida pública Portuguesa foram aqueles que mais subiram no mundo". Qual risco ? O da democracia ? Ou quer dizer que não há lugar para a democracia? Então porque há eleições?

Claro, no seu mundo, onde , escreve : " não sou especialista em mercados ou, pelo menos não me intitulo de tal embora realmente ande metido neles há muitos anos e perceba qualquer coisita do seu funcionamento." e
" Uma delas é que quem se mete nos mercados com ideologias e outras parvoíces afins perde o dinheiro todo muito rápido".

Claro, repito, no seu mundo, Caro Senhor Zuricher, não há lugar para a democracia. No seu mundo , um povo não tem direito a escolher o sistema político que lhe parece mais adaptado aos seus problemas existenciais, capaz de reduzir a miséria dum grande numero, sem meter na miséria aqueles que têm tudo. Para o Senhor isto constitui " um risco " !

Mas o seu mundo, Senhor Zuricher, produz o quê? Os fabricantes de dinheiro virtual servem para quê? Que riquezas produzem?

Como pensa que o seu mundo vai melhorar a vida dos homens e afastar, "autant que cela se peut" o mundo do abismo para o qual ele marcha a grandes passos, por sua culpa e dos outros da sua "especialidade"?

Claro que isto é ideologia, mas o cristianismo é uma ideologia na qual a nossa sociedade tem as suas bases desde há dois mil anos. Que estabeleceu um certo numero de valores que os "especialistas" da sua "especialidade" destroem todos os dias sem estados de alma. Porque é a sua "matéria" , ou melhor o produto que manipula todos os dias que perverte a humanidade: o DINHEIRO.

Esse mundo que o Senhor defende, e do qual vive, já não é capaz de criar valor, mas somente de " aspirar" a riqueza dos outros actores económicos do corpo social e dos Estados.

Para satisfazer as exigências dos seus mercados financeiros, as empresas devem apresentar um crescimento anual dos benefícios de pelo menos 20%. Mas para a maior parte das empresas uma tal performance é impossível com um crescimento económico global de 2 a 4%.

Conheço o remédio, vi-o , Senhor Zuricher : downsizing, pressão sobre os trabalhadores, redução dos salários e vantagens sociais, ou exigindo maior quantidade de trabalho pelo mesmo salário, re-estruturando e deslocalizando, substituindo os trabalhadores ocidentais pelos escravos do terço mundo.
Procura de rentabilidade imediata, encorajamento do conformismo e recusa do risco...faz que as empresas são incapazes de criar o verdadeiro valor económico, que nasce da inovação, cujas matérias primas são a inteligência, a imaginação, o anticonformismo e o tempo.

A miséria na qual são mergulhados os desempregados e os sem abrigo é o resultado do transfere de riqueza, segundo o principio dos vasos comunicantes.
Mas a sua "ideologia", que muito bem exprimiu, é forte porque consegue mesmo convencer uma pessoa como a Senhora Helena Sacadura Cabral, que habitualmente tem valores mais altos.

Anónimo disse...

Joaquim de Freitas, a sua argumentação não faz qualquer sentido. Os eleitores podem votar no que quiserem, evidentemente. Da mesma forma que os investidores tomam livremente as suas decisões quanto à aplicação dos seus dinheiros.

Bom, bom, é governar de maneira a nunca ficar dependente seja do que for. Neste particular, governar de forma a não ficar dependente do financiamento exterior. É que quando isso acontece há problemas e, como em qualquer dependencia, perde-se liberdade de acção. Tentar dobrar mercados (e, aliás, a economia em geral) com ideologias nunca funcionou em sítio absolutamente nenhum. E não é desde ontem. É, pelo menos, desde o Século XVI! O problema é que certos governos metem-se nos mercados (financiar-se é uma forma de presença nos mercados financeiros) e têm ideologia. Não pode dar bom resultado, evidentemente.

En passant; os yields da dívida pública Portuguesa no mercado secundário acabam de furar a barreira dos 4% (vai em 4,263% no momento em que escrevo) dos cerca de 3,7% à abertura da sessão. A dívida pública Portuguesa é essencialmente detida por entidades não-residentes. Parece, portanto, que o futuro da situação financeira Portuguesa com este governo apenas convence meia dúzia de indígenas ferrenhos. Lá fora não há muito quem aparente estar convencido.

Anónimo disse...

Adenda Imediata: quando escrevi o comentário anterior coloquei o valor de 4,263% para os yields da dívida pública Portuguesa no mercado secundário. Imediatamente após postar voltei a ver e vai neste momento em 4,458%. A subida nos yields da dívida pública Portuguesa nos últimos dias não tem paralelo noutros países Europeus, mesmo naqueles que a têm pressionada. Os movimentos nas dívidas públicas de Espanha e Itália medem-se em centésimas de ponto percentual ao passo que os movimentos na dívida pública Portuguesa estão muito próximos de medir-se em pontos percentuais inteiros.

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Excelente e certeira análise do Sr Zuricher, obrigado. Não é que eu goste que seja assim mas infelizmente é a realidade

Joaquim de Freitas disse...

Oh, sei muito bem , Senhor Zuricher, que conhece bem o mecanismo infernal no qual passa o seu tempo. A sua resposta está impregnada precisamente da frieza mecânica dos robots dos mercados financeiros, que desde a sua robotização os faz correr atrás da máquina.

Vocês trabalham à velocidade da luz, perderam o rosto humano .

Les yields não terão mais nenhuma importância dentro de dias ou semanas , ou meses, porque vocês estão a partir a máquina! Vocês vão precipitar os vossos mercados numa derrocada irreversível. Tudo começa a tremer, mas o (desculpe o Francês, não sei dizer em Português!) "compte à rebours" para uma reacção em cadeia começou e vocês não o sentem. As consequências sociais serão terríveis mas , aprendizes feiticeiros dos tempos modernos, fascinados pela vossa máquina , não o vêm!

Estas histórias de finanças, de assalto (braquage) dos povos, de espoliação do planeta, todas estas burlas, todas estas derivas, todos estes ataques de folia e de desmedida, todas têm um ponto comum, quer o queiramos ou não : a finança anglo-saxã. Alias, estranhamente, encontramos sempre os mesmos nomes, dos quais dois principais: Goldman Sachs e a FED. Não é por acaso.

A propos, il est où votre bureau, Zuricher?

Anónimo disse...

O que me incomoda profundamente é a volatilidade da palavra dos políticos, mais do que a volatilidade dos mercados:
- Passos Coelho disse, no seu discurso de tomada de posse, que não iria justificar as suas ações (escolhas) pelos erros do governo anterior. Foi o que se viu!!!
- Costa prometeu contas certas. Quantas vezes já teve que as refazer! Não faz sentido justificar as suas escolhas pelos erros do governo anterior. Os números eram conhecidos e públicos, mesmo a previsão de receitas fiscais!
Um político tem toda a legitimidade de justificar ideologicamente as suas escolhas. Essa é a nobreza da política, a escolha de caminhos concretos baseados numa ideia de país e de mundo. E há visões diferentes, felizmente! Cada um apresenta as suas escolhas e o voto do povo escolhe o caminho a seguir.
Agora, andar a justificar as suas escolhas por causa das visões diferentes de outros partidos parece-me um caminho de "baixa política".
Prefiro Costa a dizer que os ajustes que teve de fazer se devem à escolha de permanecer no Euro, do que acusar o governo anterior de ter feito "cobras e lagartos"! Isto é falar claro, porque quando fez as suas previsões já sabia com que "linhas se cozia". Não foram inventadas nem pelo governo nem pela oposição.
Compreendo bem a diferença entre a objetividade dos números e a subjetividade das escolhas políticas. Não vale a pena confundir! Desejo ardentemente que a política não seja conduzida por fatores "técnicos" mas por escolhas ideológicas. Mas talvez ainda seja necessária velha máxima: "sede realistas. Exigi o impossível"!

Luís Silva

antonio luis disse...

(...)" vontade mesquinha de colar a subida das taxas de juro ao caso do orçamento português, sem a menor comprovação mas apenas pelo seu "wishful thinking", qualifica a mediocridade pedante desses inconsoláveis viúvos da defunta coligação. Ninguém afirma isso lá fora, mas esses arautos da desgraça teimam em insinuá-lo cá dentro. E nota-se o prazer que lhes dá magnificar, para consumo da paróquia, qualquer observação crítica sobre Portugal que consigam descortinar num jornal estrangeiro.".
That's ALL..!!!!

Jaime Santos disse...

A sua credibilidade, caro Zuricher, é igual a zero. Como já aqui assinalei, os comentadores anónimos são especialistas em tudo e mais alguma coisa, desde doutorados em Harvard, a empresários, a militares de carreira, a inspetores da Judiciária a sei lá que mais (e ainda têm tempo infinito para encher os blogs com a sua douta sabedoria). Quem não tem coragem de assinar o que escreve, não merece que se acredite numa linha do que escreve, porque o que escreve não pode ser verificado. Quanto à sua tese de que os investidores deveriam fugir em período de incerteza das ações para títulos considerados especulativos, como são ainda e infelizmente os títulos portugueses, ela mostra bem o meu ponto, a saber, escreve o que escreve por pura ideologia e despeito...

Anónimo disse...

Caro Mello Breyner, obrigado. A questão é exactamente a que aponta. Podemos não gostar mas o que é é o que é e é o que há. E sendo o que há pois é com que pode trabalhar-se tentando fazer o melhor possivel com o que há. Se há laranjas, faz-se laranjada, se há limões faz-se limonada. Agora, querer fazer laranjada, ter limões e ficar a chorar, berrar e espernear por não haver laranjas é que não é solução. Podemos nao gostar de limonada mas entre beber limonada ou morrer de sede, pois venha lá a limonada.

Caro Joaquim de Freitas, tenha paciência mas já passei há muito a idade das histórias de embalar. Sempre lhe digo, porém, que essa é demasiado violenta para adormecer crianças. Escolha outra.

Caro Jaime Santos, não estou aqui para convencer ninguém e nem me interessa tal coisa. Mas, já agora, pelo menos leia devidamente o que escrevi e responda ao que escrevi e não ao que não escrevi. Se quiser, claro. Se não quiser também é lá consigo. Bem Haja!

Joaquim de Freitas disse...

Oh, o comentário do Senhor Mello Breyner consola-o Senhor Zuricher. Não é de admirar. Ele inscreve-se na linha do interesse pessoal , no interesse da burguesia. O que quer dizer que não é no interesse do povo Português.

"On ne saurait déduire des principes de l'économie politique que l'intérêt personnel dûment éclairé oeuvre toujours au service de l'intérêt général. Il n'est même pas vrai que l'intérêt personnel soit généralement éclairé."
John Meynard Keynes - 1883-1946

Anónimo disse...

Ver a noticia sobre o assunto no canard de quarta

Joaquim de Freitas disse...

Gostei muito desta frase do Senhor Zuricher :" Caro Mello Breyner, obrigado. A questão é exactamente a que aponta. Podemos não gostar mas o que é é o que é e é o que há. "

Então é o que é e é o que há ?

Segundo explicou Azevedo Pereira (Director-Geral dos Impostos entre 2007 e 2012, deu uma entrevista a José Gomes Ferreira, no programa Negócios da Semana da SIC Noticias) deste clube de multimilionários residentes em Portugal, cada um com mais de 25 milhões de euros em património e mais de 5 milhões de euros em rendimentos anuais, apenas cerca de 240 estão no radar da máquina fiscal. Destas grandes fortunas só cerca de 25% foram identificadas por uma equipa de trabalho especifica do fisco, criada por imposição da Troika, e que ao que se sabe, foi entretanto desmantelada. Significa isto, que só cerca de 1/4 dos multimilionários que vivem em Portugal paga alguma percentagem de impostos, ainda que muito baixa. Todos os outros vivem numa espécie de "twilight zone", que os torna invisíveis perante a máquina fiscal e lhes permite escapar ao pagamento de impostos.

A União de Bancos Suiços (UBS), num estudo recente revelou que, em 2014, havia em Portugal um conjunto de 930 famílias com elevadíssimo património e rendimentos.

E em Portugal, levando em conta a receita cobrada pelo Estado qual é a percentagem de IRS paga pelos multimilionários? Antes de responder, Azevedo Pereira acusa o embaraço com o número que está prestes a revelar e dá a resposta, desta vez desferindo um golpe nos rins do sistema democrático: "O dado não é algo de que Portugal se possa orgulhar, mas não chega a 0,5%." Leram bem? Os detentores de grandes fortunas em Portugal pagam menos de 0,5% do total de impostos cobrados em IRS pelo Estado português, quando noutros países a tributação do grupo de multimilionários chega a representar 25% da receita total deste imposto. osto". E remata em tom derrotado: "É o que há".

Pois é, infelizmente é o que há, Senhores Mello Breyner e Zuricher...

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Foi um par de horas de conversa, na tarde de sábado, na Biblioteca Municipal de Caminha, tendo como anfitriã a vereadora da Educação, dra. L...