Na passada sexta-feira, num colóquio em que participei, alguém referiu, a título caricatural de exemplo, as "nossas relações com o Butão".
Pude então esclarecer, também por curiosidade, que o reino do Butão continua a ser - se não estou errado - o único país membro das Nações Unidas com o qual Portugal não mantém relações diplomáticas, com a possibilidade de aí acreditar um embaixador sediado noutra capital. Porquê? Porque o Butão tem uma política muito restritiva nesse domínio, como eu próprio tive ocasião de constatar quando, sobre o assunto, desenvolvi diligências ao tempo em que trabalhava junto da ONU. Talvez os leitores deste blogue que exerceram e exercem funções como embaixadores em Nova Deli (que seria a embaixada acreditada no Butão) possam deixar, nos comentários, uma melhor explicação sobre estas reticências butanesas.
Mas a que propósito vem hoje isto? Muito simplesmente pelo facto de ontem este blogue ter tido, pela primeira vez na sua modesta história, um visitante do Butão (ver à direita, no "Flagcounter"). Seria um acaso informático ou terá sido a minha amiga Cláudia Estrela, uma arquiteta brasileira que visita às vezes o Butão, que deu um ar da sua graça? De qualquer forma, bem vindo, leitor/a do Butão!
5 comentários:
Aécio Neves, que - salvo erro - o Francisco conheceu numa cerimónia em que participei, seria o melhor para Portugal - mas não vai ganhar.
Falei com ele em Janeiro de 85, quando veio a Portugal com o avô Tancredo pouco antes da morte deste. Teve palavras amigas para nós.
Um abraço do
JPGarcia
um ex embaixador em nova deli, creio que marcello mathias, conta a história duma sua ida em serviço ao butão (ou seria então ao sinkim?)para falar do estabelecimento de relações. encontrou por lá um sr inglês com que falava português e com quem se relacionou, sujeito que vivia parte do ano por lá, outra parte por cá, dividia a vida entre os 2 países.
Senhor embaixador, não é por nada, mas talvez, talvez, não favoreça por aí além o estabelecimento de frutuosas relações diplomáticas com o reino do Butão, chamar nepaleses ao seu povo...
Eu só conto a minha parte depois de o Jorge Roza de Oliveira o fazer, porque não sei como as coisas evoluíram desde 2011.
a) Luís Filipe Castro Mendes (Alcipe)
Tanto quanto é do meu conhecimento, creio que não há "reticências nepalesas". O Butão tem apenas 5 embaixadas residentes: Índia, Bangla Desh, Tailândia e Kuwait. Não tem, por exemplo, relações diplomáticas formais com a China, muito embora seja um país com quem tem fronteira comum nos Himalaias - e, além disso, um diferendo fronteiriço relativamente importante -, com os EUA, com a Rússia, ou com o Reino Unido. Tem relações com cerca de meia centena de países e com os restantes mantém apenas relações informais, situação que não pretende alterar. O embaixador de Portugal em Nova Deli é acreditado no Bangla Desh, no Sri Lanka e no Nepal, mas , por razões atrás referenciadas, não no Butão. Não obstante, os primeiros europeus que chegaram a este reino da Ásia meridional foram os padres jesuítas lusitanos Estevão Cacela e João Cabral, em 1627 que elaboraram um relato sobre a sua viagem. Que me lembre, um dos meus antecessores em Nova Deli ter-se-á deslocado ao Butão. Na altura, os únicos voos possíveis para Paro eram através de Calcutá (Kolkata) 2 vezes por semana. Trata-se de um pais isolado e se quer manter isolado. A televisão e a Internet só foram introduzidas em 1999. O turismo é altamente controlado pelas autoridades.
Espero que esta informação tenha sido e alguma utilidade.
Francisco Henriques da Silva
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