Foi um partido cheio de ambições. (Alguns não perceberão, outros não concordarão, muitos sabem "onde eu quero chegar" quando afirmo que as suas mais importantes ambições foram realizadas). Criado em 1974, dissolveu-se, "na boa", em 1981. Com uma jantarada, como deve ser!
Por ele passaram um presidente da República, vários ministros, um líder da oposição, muitos secretários de Estado e outros políticos, reitores e professores universitários, altos magistrados, embaixadores e várias figuras com saliência na sociedade portuguesa contemporânea.
Lembrei-me ontem do MES, ao ver Alberto Martins como negociador do "acordo de salvação nacional", exercício a cujas conversações assiste, em representação de Belém, David Justino. Para quem não saiba, ambos foram antigos militantes do MES.
Isto não quer dizer nada? Talvez não, mas não deixa de ter alguma graça.
16 comentários:
Meu caro amigo, na actual conjuntura não sei se ter passado pela governação do país, será uma mais valia curricular...
O saudosismo de esquerda, hoje, está a ser parecido com o saudosismo de direita depois de 1975. Os portugueses teem dificuldades em evoluir no tempo e com o tempo.
Cara Helena: ter currículo é ter cadastro? Talvez...
Caro Anónimo das 16.29: Saudosismo? Não! Memória e passado, coisa que alguns têm (também à direita, claro), outros não.
Ao contrário de não querer dizer nada, quer dizer muito.
Não sei se já o escrevi aqui antes, mas ao ler textos como o do seu post, bem como ao acompanhar os percursos de muitas figuras (e de alguns figurões) da nossa política, lembro-me do que dizia um dos meus professores, alguns anos antes do 25A:
"O homem nasce incendiário, mas morre bombeiro".
Muitos dos que depois do MES tiveram "êxito" nas suas carreiras, começaram a sua vida adulta a "incendiar" em agrupamentos de extrema-esquerda.
Depois, paulatinamente, foram sendo encarreirados para as diversas corporações de "bombeiros", não fosse o fogo queimar as suas ambições. Umas legítimas, outras nem tanto.
Origem de futuros escritórios !
alexandre
Dissolução por insolvência?
Caro Carlos Fonseca: o passado de cada um faz parte da sua identidade. Alguns escondem-no, esquecem-no. Poucos, assumem-no, sem complexos nem disfarces.
Meu caro Francisco, olhe que sim, olhe que sim, como diria um opositor de Cunhal.
Chegámos a um ponto em que nem o cadastro do IMI se salva!
Caro Embaixador,
Como é evidente, o senhor é dos que não o escondem.
Não sendo figura pública, nunca escondi, nem me envergonho, da minha militância na CDE entre 1969 e 1974.
Mesmo sabendo quem eram, e como actuavam, os meus companheiros de jornada. Mas, na época, foi a minha opção.
Desliguei-me do Movimento, já então MDP-CDE, quando este se tornou partido.
Terminou aí a minha militância engajada, o que não significa que tenha abandonado a intervenção política.
A esquerda portuguesa, em todas as suas "nuances", assemelha-se muito a outras esquerdas na Europa. Mas nenhuma é exactamente igual. Sou do tempo do MDP, ainda jovem, antes de deixar Portugal. Comecei mesmo no MUD Juvenil.
O horizonte político que descobri depois, já no estrangeiro, levou-me a considerar que muita gente com boas intenções luta pela mesma causa na esquerda plural. Resta, mesmo hoje, a encontrar o fio conductor que pode levar à união franca e honesta.
Creio que a esquerda em geral está de acordo sobre um ponto : Que, por definição, os conservadores, a direita , não são favoráveis nem a uma democracia accentuada, nem à repartição justa dos poderes-riquezas-bens materiais. E ao escrever isto, penso em Orwell que dizia:" Uma mudança realmente democrática incomodaria demasiadas pessoas que retiram o seu poder do regime estabelecido".
Em contrapartida, a esquerda é suposta defender tais valores.
Ora a esquerda passou duma ideologia centrada sobre a colectivizaçao (uma parte, pelo menos) dos meios de produção, àquela duma economia mista, depois à economia de mercado pouco regulada da social democracia, a tal ponto que não se ofusca que a antiga extrema esquerda se afaste dela chamando-se anti-liberal. Vê-se bem que , na base, ela não representa mais os "Danados da Terra" que ela apelava à "Luta Final". Com o desenvolvimento das classes médias, a classe operária é, aí , minoritária.
O futuro da esquerda repousa na ambição de reencontrar o espírito que animava as suas ideias fundadoras, através da defesa do povo, recentrando os seus projectos de reforma sobra a realização da democracia mais avançada possível, por natureza capaz de partilhar e mais igualitária.
A reunião dos leaders dos três partidos de governo, deixa-me a impressão que a esquerda não crê mais no povo, e lhe prefere o elitismo da democracia parlamentar confiscada pelos apparatchiks e os caciques que parecem prontos a governar como antes.
acho que as ideologias também fazem parte das modas! há décadas atrás
vendiam-nos muito bem inclusive na escola ideia de que o marxismo/comunismo/socialismo seria a finalidade da evolução humana e que representaria o fim da exploração do homem pelo homem! então quem é que não iria acreditar numa coisa tão generosa e transparente? seria sacrilégio
vindo essas ideias também dos professores
às vezes penso, em que estaremos a acreditar neste momento, que se tornará "absurdo" dentro de alguns anos?
"Várias figuras com saliência na sociedade portuguesa contemporânea."
In FSC
Pois Bonito, pouco snob e intelectual o MES, Senhor Embaixador e os representantes do povo e do proletariado?! Ah eram para invocar e ou evocar nos discursos como foco da operacionalização das utopias,implícitas nos programas, pff...
Gostei imenso do comentário de Carlos Fonseca.
Se fosse só o MES a andar por ai...
E não houve tantos que fizeram o caminho inverso? Até há quem foi além fronteiras e se prepara para ir ainda mais longe. Passado politico é um bom trampolim para quem sabe saltar.
Portugal é um arco íris onde dominam as cores quentes. E natural que os "verdes" se associem aos "vermelhos" para usufruir mais visibilidade. Mas ha, por vezes, excepções com o azul e o laranja...
Eu Comecei na LUAR ancorei na UDP, votei sempre PS e agora ando por aí arrastada pela maré, baralhadinha de todo às vezes...
Desejo ardentemente o regresso de Guterres ou em quem ele reencarnou politicamente,sinais dos tempos pode ser 10% mais forreta, manter a consensualidade pelos direitos dos trabalhadores, está mais que perdoado, para mim...
E vou mas é trabalhar.
Ainda anda sim senhor! E tenho grande orgulho nesse passado generoso e sincero em que dei o melhor de mim a algo em que acreditei.
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