sábado, julho 13, 2013

Campanhas eleitorais

Desde há anos que a "inteligência" portuguesa, na área política e mediática, se refere à irracionalidade do extenso calendário necessário para a realização de qualquer ato eleitoral, muitas vezes sublinhando, como exemplo a seguir, a "sabedoria" de um sistema como o britânico, onde um processo destes se resolve em escassas semanas. Como principal desvantagem do nosso atual modelo, assinala-se a paralisia da vida política e a indecisão que isso induz no país, com efeitos sensíveis no processo económico.

Se se falar individualmente com qualquer deputado do PSD, do PS ou do CDS-PP (tenho menos certezas no que toca ao PCP ou ao BE), quase que posso assegurar que uma maioria esmagadora coincidirá com a ideia de que o tempo que medeia entre o anúncio da dissolução da Assembleia da República e a entrada efetiva em funções de um governo saído de um ato eleitoral é mais do que absurda, fruto de um formalismo de outros tempos. Aliás, há dias, todos ouvimos o presidente da República referir-se a isto, na sua comunicação ao país.

Mas então, se assim é, e se esses deputados são bem mais do que suficientes para encetar e concluir um rápido processo de revisão pontual da Constituição que arrume com o assunto, por que é que ninguém toma a iniciativa de propor uma solução? E, já agora, por que razão o senhor presidente, que deu mostras de estar atento ao problema, não aproveita o ensejo e estimula o nosso parlamento a ultrapassar rapidamente esta situação? 

Estes são os grandes mistérios da nossa classe política!

6 comentários:

Carlos Fonseca disse...

"E, já agora, por que razão o senhor presidente, que deu mostras de estar atento ao problema, não aproveita o ensejo e estimula o nosso parlamento a ultrapassar rapidamente esta situação?", escreveu o senhor embaixador.

Mas estará mesmo o presidente atento ao problema? Não foi ele que acabou, informalmente, de "anunciar" quase uma ano de campanha eleitoral, ao "marcar" eleições para Junho de 2014?

Estamos com falta de homens com sentido de Estado para gerir os nossos destinos. E nem o Palácio das Leoneiras (obrigado Soromenho Marques), escapa a essa carência.

Anónimo disse...

Concordo !

Realmente é vergonhoso !

"Heranças" malditas, do partido único e mais, os deputados deviam ser eleitos por ciculos uninominais e acaba-se o jogo das cadeiras e das proporcionalidades, somos só 12 milhões !


Alexandre

Anónimo disse...

Estou perfeitamente de acordo com o texto do Sr Embaixador. O que não consigo compreender é que milhares de ideias óbvias o não sejam em Portugal! Um pequeno comentário ao "comentário" do Senhor Alexandre que diz: "somos só doze milhões" (!)
Não sei se se réfère a doze milhões de portugueses, doze milhões de residentes, ou doze milhões de votantes...
Mesmo se hoje ninguém conhece a realidade do numero de portugueses, nunca vi nenhuma estatistica avançar com o numero de doze milhões.
Já vi publicado um estudo com uma estimativa de que poderemos ser entre trinta e quarenta milhões de portugueses se contarmos bem todos os que estão espalhados pelo planeta...
Ainda que este estudo se refira "a todos quantos estão ligados por laços matrimoniais e familiares, estes numeros poderão ter a mesma consistência que os numeros do Sr Alexandre...
José Barros

Anónimo disse...

Mais uma vez chegamos à conclusão de que os nossos dirigentes, diga-se deputados, nem ao menos sabem copiar. Mas bastava copiar só as coisas que se reconhecem boas lá fora, era fácil e dava pouco trabalho... E assim vamos indo para o abismo!

Isabel Seixas disse...

Oh, o Sr. ainda é de bom tempo...
Aliás uma revista à portuguesa só é lucrativa se permitir atuações longas e digressões pelo país fora incluindo o interior...

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Acho uma optima ideia Senhor Embaixador. E aproveitanto a boleia sugeria também aos Senhores Deputados que no artº 288 substituissem a palavra Republica pela palavra Democracia.

Ai Europa!

E se a Europa conseguisse deixar de ser um anão político e desse asas ao gigante económico que é?