quinta-feira, julho 11, 2013

Do Estado

O lançamento de "Ideologia e Razão de Estado - uma história do Poder", um novo livro da autoria de Jaime Nogueira Pinto, juntou ontem no Centro Cultural de Belém algumas dezenas de seus amigos e admiradores. Por ali encontrei figuras de setores políticos muito diversos, embora, com naturalidade, com uma maioritária presença da área conservadora, de onde o autor é oriundo e onde ainda hoje permanece, curiosamente num registo singular e independente. 

O livro, com mais de 1000 páginas, foi objeto de uma brilhante apresentação feita por Jaime Gama, o qual, com erudição e um magnífico sentido de observação política, contextualizou a obra no percurso de escrita e maturação intelectual do autor. 

Ao ouvir Gama, dei comigo a pensar se pode ser considerado natural que o país prescinda, nos dias de hoje, do contributo ativo de uma figura da sua craveira. Sendo o mais bem preparado político da nossa geração, com um elevado sentido de Estado, uma rara experiência política nacional e internacional, um reconhecido equilíbrio e uma inteligência culta, bem distante da vulgaridade, creio ser muito injusto para o país que Jaime Gama permaneça afastado da vida política ativa, mesmo se isso corresponde a uma sua legítima opção pessoal. Entendo que há momentos em que esse tipo de opção tem de ceder o passo a imperativos de interesse nacional. E, cada vez mais, verifico que não sou só eu a pensar assim.

10 comentários:

patricio branco disse...

jaime gama não se canditará à presidencia, é um homem que não arrisca, só aposta 100% no seguro, isto foi dito por um companheiro do ps em 2009 então sec estado, acredito, mas a entrada diz e compartilho o que é um facto, é uma pena ele estar afastado e, subentende se, não concorrer a pr.
mas há politicos que consideram o seu ciclo activo encerrado, o que tambem está bem.
interessante seria dar nos as suas memórias

Anónimo disse...

Poderá vir a ser, se o quiser, um grande Presidente da República. Uma figura que actualamente não temos. Já lá vão 8 anos. O tempo ditará a decisão de Jaime Gama. O Estadista que o país precisava nos dias de hoje.

Anónimo disse...

Caro Embaixador não resisto a mencionar o que sempre me passa pela cabeça quando se fala em Jaime Gama: a apologia do governo da Madeira, por quem, anteriormente, designava o governador de Bokassa.

Estamos num beco sem saída! No entanto é a grande oportunidade do 1º Ministro mostrar o que vale e ultrapassar, em posição forte, todas as malandrices que estão a fazer, se for capaz: Assumir que há maioria na AR que apoia o Governo e vai continuar até ao fim da legislatura, ou então o sr. Pr que assuma as rédeas da “carroça”. É nos becos sem saída que se vê quem são os Homens! …Aplaudiria!

Anónimo disse...

Ao ouvir ontem, uma vez mais, o dr. Jaime Gama, pensei exactamente o que o embaixador Seixas da Costa aqui escreveu, apesar de eu não me enquadrar na área política do antigo presidente da Assembleia da República. Nós temos, em todos os quadrantes, uma razoável quantidade de "senadores",com passado político ou não, ética, cultural e intelectualmente de grande qualidade, ainda em boa idade de poderem prestar altos serviços ao País - e convém lembrar que não está tão longe assim a "corrida" a Belém. Mas o que predomina, infelizmente, é a tendência dos partidos, todos eles, para olharem só para dentro das suas estruturas e limitarem as suas escolhas ao universo dos seus filiados no activo, incluindo "jotinhas" e "ex-jotinhas", o que não é em si mesmo garantia de aptidão, preparação e capacidade.
Sei que isto é uma opinião muito polémica mas, mesmo assim, atrevo-me a expressá-la.
Mário Quartin Graça

Helena Sacadura Cabral disse...

Diz-se que não há democracia sem partidos. E, contudo, são estes que ameaçam a democracia!

Anónimo disse...

Os partidos só ameaçam a democracia se a entendermos como uma espécie de procura do bem comum. Ora,os partidos (note-se bem o termo) são estruturas representativas de interesses. A democracia é a luta entre grupos. Daí, falar-se em "partido dos trabalhadores" (legítimo e nobre) e "partido dos patrões" (maldito e antidemocrático). Se todos remassem para o mesmo lado, não havia combate democrático. O que é bom para uma parte da população, não o é para a outra. E isso não é o contrário de democracia porque esta é o direito de cada um lutar pelos seus interesses (que são sempre legítimos). É assim e será sempre assim.

As crises, os problemas não são antidemocráticos mas sim uma consequência da própria democracia. Goste-se ou não.

Anónimo disse...

Senhor embaixador: a visão dos influentes nada tem a ver com os que estão por baixo. E nisto andamos, infelizmente. Aqui temos uma quadratura do círculo irreverente (pode parecer), mas quadratura.Isto já fede.É tão bom o aconchego das sextas-feiras na D. Alice, do fontanário, em que uns e outros se
afagam os egos. Aos 65 ou mais ainda precisam? Há uma expressão popular que eu adoro: tocar punhetas a grilos.

Carlos Fonseca disse...

Na mouche, Sra. Dra. Helena Sacadura Cabral.

Joaquim de Freitas disse...

Uma coligação governamental pode proceder de combinações pouco honestas entre partidos políticos e contrariar assim os desejos exprimidos aquando da eleição por uma maioria de cidadãos. Por conseguinte, muitos são os eleitores que são insatisfeitos das "performances" do bipartismo e do multipartismo.

A profissionalização da política, cria também uma série de problemas. Numa sociedade que "crê" no profissionalismo, na dedicação à tarefa, a competência, a experiência e o conhecimento , a expressão "profissional da política" é portanto conotado negativamente.

Se acrescentarmos o facto que muitos políticos não estão " à la hauteur" e são autênticos amadores da política, seja porque os problemas da sociedade são cada vez mais complexos ou por falta de formação política, a democracia só pode ser mal servida por tais servidores do Estado.

Anónimo disse...

Patrício Branco, Jaime Gama já apostou forte sem ter certezas a 100%. Esse Secretário de Estado quando falava em 2009 não saberia do Congresso do PS aonde lutou até ao último mínimo das votações para as listas finais para os órgãos do Partido... Depois ainda salvaguardou a posição dos seus mais directos apoiantes nessas mesmas listas, aonde foi derrotado. O que foi acontecendo com o passar dos dias é que muitos (não ele próprio) se foram "enfeudando" nos "arribados à política partidária" (quando cheirava a ida para o Governo). Ele foi acusado de: "direita do PS". Tanto quanto sei a "verdadeira esquerda" de então prestou-se a muitas coisas (que hoje repudiamos) para terem lugares largamente mais bem remunerados do que aqueles que Jaime Gama teve para si. Foi um político a tempo inteiro, que serviu bem o nosso país. Compreendo que não venha agora aguentar as pontas para os filhos e netos dos seus detratores... Quem dele se afastou ostensivamente que dê agora "o litro". Senhor Embaixador, se me desculpar, também está na hora de vivermos o dia a dia a ver "a banda passar".

Os borregos

Pierre Bourguignon foi, ao tempo em que eu era embaixador em França, um dos grandes amigos de Portugal. Deputado à Assembleia Nacional franc...