Estou num aeroporto, a aguardar um voo para a Tunísia, onde o Centro Norte-Sul organiza uma "universidade" dedicada à juventude europeia e magrebina, sobre cidadania global. Há muitas mais coisas úteis a serem feitas, por esse mundo fora, com vista a favorecer o diálogo entre pessoas com origens culturais diferentes do que se pode presumir.
É muito curiosa esta sensação de trabalhar, no dia-a-dia, com gente muito mais nova do que nós. Às vezes, interrogo-me sobre se a experiência que transmito não estará datada, se não tendemos a valorizar em excesso o que aprendemos nos tempos em que o tempo corria mais devagar. E, com alguma diversão interior, fico a imaginar o que realmente pensa de nós quem nos ouve, por detrás da educada paciência com que atentam nas ideias que lhes transmitimos.
Teremos nós a capacidade para entender o mundo novo à nossa volta? E, quando aceitamos esses estímulos que não resultam necessariamente da nossa época, não estaremos a assumir algum artificialismo no comportamento? Estaremos a tolerar o "jeunisme" ou apenas a ser paternalistas?
Há meses, um grande empresário português, homem bem mais velho que eu, a quem a idade física não atenua a estamina, fazia-me um curioso comentário: "Eu faço um esforço permanente para aceitar o novo, para tomar riscos e decisões como se tivesse 30 anos. Mas, às vezes, pergunto-me se todo este meu voluntarismo não estará a privilegiar uma busca obsessiva da novidade, em detrimento de algum ponderado bom-senso".
Fiquei a pensar nisto.
7 comentários:
Todos e cada um fazem falta numa sociedade, a idade é fonte de diversidade, não existem idades perfeitas.
Um grande senhor, nascido em Setembro de 1934?
O seu 'receio' é de quem procura equilíbrio e justeza e não se tem dado mal.
Sempre existiram esses 'sobressaltos' ponderativos; sempre existirão: fazem parte do fluir do tempo e da evolução dos hábitos.
Se o que se aprendemos, valorizamos e pretendemos transmitir for válido na sua essência, o demais acomodar-se-á 'aos tempos'.
Não há que recear.
Às vezes sorrimos nós do que dizemos, outras, eles, do que ouvem.
É mesmo assim.
Boa viagem.
Giovinezza giovinezza
Primavera di bellezza!
a) Henrique de Menezes Vasconcellos (Vinhais)
Acho que se os jovens falarem para si, quer dizer que também o ouvem...
Nem "jeunismo" nem paternalismo. Por enquanto, ainda prevalece o bom-senso! Dieu merci! Mau mau é quando não ha dialogo possivel.
"Privilegiar uma busca obsessiva da novidade, em detrimento de algum ponderado bom-senso".
Citação de FSC
É um debate interessantissimo onde nem me atrevo a tomar partido, partilho do sentir da Helena Oneto, das fases de desenvolvimento ao longo da vida por exemplo as preconizadas por Jean Piaget, não podendo sequer
abstrair-me da influência marcante do meio ambiente.
Depois o que é bom senso?
Só se adquire com a progressão na idade cronológica?Veste-se de robe e chinelos a partir da hora do jantar? Neutraliza a libido?
Tenho de ir trabalhar, mas deixo um dos grandes amores da minha vida que não conheci infelizmente, mas que condiciona a minha linha de conduta mesmo a profissional,no meu conceito de bom senso...
não encontrei o texto em português
Freire also suggests that a deep reciprocity be inserted into our notions of teacher and student; he comes close to suggesting that the teacher-student dichotomy be completely abolished, instead promoting the roles of the participants in the classroom as the teacher-student (a teacher who learns) and the student-teacher (a learner who teaches).
Uma palavra está muito na moda : Intergeracional
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