Rui Machete, que hoje entrará no governo como ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, assume, com este seu regresso, uma atitude muito rara na política portuguesa: ocupar um lugar inferior a outro já exercido na orgânica institucional do Estado. É que Machete foi já vice primeiro-ministro, num governo do "bloco central". Posso estar enganado (e não tenho à mão meios para confirmar esta ideia), mas iria jurar que, na historia política pós-25 de abril, só Freitas do Amaral passou por uma situação idêntica, quando entrou para o governo socialista, em 2005.
Contrariamente ao que sucede em alguns países, em Portugal raramente se vê alguém "baixar" de posição. Em França, Laurent Fabius e Alain Juppé foram ministros dos Negócios Estrangeiros depois de terem sido primeiros-ministros. Nos governos italianos, Andreotti teve vários cargos ministeriais, depois de chefiar o executivo.
Em Portugal, pelo contrário, só se "sobe". O que torna mais simpática a atitude de Rui Machete, a quem, a título pessoal, envio um abraço de parabéns e votos para que saiba e possa conduzir a bom porto uma "casa" da qual pode sempre esperar grande profissionalismo, uma inexcedível lealdade institucional e um raro espírito de serviço público. Aliás, ele sabe isso bem, porque por lá já passou como secretário de Estado, há muitos anos.
Em Portugal, pelo contrário, só se "sobe". O que torna mais simpática a atitude de Rui Machete, a quem, a título pessoal, envio um abraço de parabéns e votos para que saiba e possa conduzir a bom porto uma "casa" da qual pode sempre esperar grande profissionalismo, uma inexcedível lealdade institucional e um raro espírito de serviço público. Aliás, ele sabe isso bem, porque por lá já passou como secretário de Estado, há muitos anos.
28 comentários:
E também sabe porque ajudou a admitir na carreira, há exactamente trinta anos, vários diplomatas que agora são,ou vào ser, entre outros postos, embaixadores em Washington, Brasília, Luanda, Pretória, Reper, Nato, Roma, Berlim, Genève, Praga, Tel-Aviv, Addis-Abebba, Bangkok, Delhi, Seoul, Dili, Dakar, além do Director Político, do Director-Geral das Consulares e do Chefe do Protocolo.
Que a Senhora das Necessidades lhe conceda a benção já o que escrevem por aí são cobras, sapos,lagartos, baratas e lagartixas!
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Há, por aí, pessoas que dariam bons ministros dos Estrangeiros e foram buscar (dizem) um com "rabos de palha".
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No Quartel de Abrantes bem pior do que Dantes.
Saudações de Banguecoque
E ainda Ankara, Doha e Abu Dhabi...
Secretario de Estado das Comunidades Portuguesas no VI Governo Provisório (1975-1976), com o MNE Melo Antunes, que muito o elogia no seu discurso de despedida das Necessidades...
Sr.Embaixador : Estou confuso, mas também é verdade que estou longe e talvez nao conheça bem o personagem, que se parece muito com Guéant!
Rui Machete o novo ministro dos negócios estrangeiros? O ex membro da administração da SLN e supervisor do BPN?! Recentemente afastado de um cargo político
internacional por acusação de "aproveitamento próprio"....?
Vos lumières, SVP!
...E Em Portuga, Soares foi Deputado Europeu, depois de ter sido PR !
Manuel Rocha
Lendo o que refere, de imediato me lembrei de Israel onde tal prática julgo seja comum.
Ou, embora com maior nuance, o caso de John Kerry, com efectiva chance há alguns anos de ser eleito Presidente dos E.U.A. e que agora desempenha um cargo hómólogo ao de M.N.E.
E de volta a Portugal, ocorre-me ainda o caso do Prof. Mota Pinto, Primeiro-Ministro em finais de 70 e em 1983 Vice Primeiro-Ministro, sendo, aliás, substituído pelo Dr. Rui Machete.
o exemplo mais emblematico e exemplar é a alternancia putin medvedev, nenhum dods 2 tem qualquer problema em passar de pr a pm...
Obrigado, Senhor Embaixador.
Permita-me uma pequena correção:no 17º Governo, liderado por José Sócrates, em 2005, Freitas do Amaral era Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. Era a segunda figura do Governo, no plano orgânico e protocolar. Campos e Cunha, primeiro, e Teixeira dos Santos depois, Ministros de Estado e das Finanças.Não havia vice-primeiros-ministros.
Caro João Figueiredo: o que eu quis dizer foi que FA foi vice-PM no governo AD, tendo "descido" para ministro de Estado e NE com Socrates.
Santos Pereira e Rui Machete (este do meu tempo), do Blog "Estado Sentido" com a devida vénia:
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1. Despedir Álvaro Santos Pereira é um erro, um disparate que a ninguém passa despercebido. Este homem é sério, bem educado e competente. Logo no início do mandato deste governo, tornou-se no alvo de todas as lenga-lengas vomitadas por uma imprensa que longe de ser independente, serve interesses bem identificados.
Quando tive o prazer de durante algumas horas ouvir o ministro falar acerca da situação portuguesa e sem qualquer rebuço responder a frontais questões colocadas por bloggers pouco dados a punhos de rendas, fiquei com uma excelente impressão do ministro que "não ia deixar o ministério para logo se estabelecer numa construtora". Quero acreditar que assim será. Fez um bom trabalho, incomodou quem há muito devia ter sido espoliado da autorização de esbulhar a população portuguesa. Em suma, ASP sai como entrou: honrado, decente.
2. O novo Ministro dos Negócios Estrangeiros não é um qualquer ex-jotinha. Sendo um reconhecido professor de Direito Constitucional e com um sólido conhecimento da história portuguesa, parece uma boa escolha para desempenhar as funções. Contudo, as notícias que agora surgem conotando-o com o escândalo BPN e BPP, são um factor absolutamente adverso e o 1º Ministro devia evitar quaisquer tipo de alegações que decerto não tardarão a surgir na SIC e satélites. Não perderemos por esperar.
Alexandre
Acabo de ler que António Monteiro, raposa matreira, fez de bombeiro de serviço a tentar apagar o fogo que já começa alastrar com a nomeação de Machete para MENE. A Oposição já deve estar a aguçar o dente, com aquelas ligações ao BPN e BPP.
a)claustros
Em Portugal há um consumo imuderado de presunção e de água benta! Ah, também de autossatisfação. Autossatisfação sim senhor... Estes últimos dias, os meus amigos do PSD congratulam-se de autossatisfação com a mais última decisão do Sr Presidente da República...
Perdi, não sei se definitivamente, a vontade de falar sério...
José Barros
Neste blog.... aprende-se muito, não só com o escriba mas também com os comentadores. Parabéns. É uma tertúlia de valor acrescentado.
tirando os americanos, a wikileaks e o expresso ninguém sabia disto. tou pra ver quando divulgarem o que foi riscado.
http://downloadsexpresso.aeiou.pt/expressoonline/PDF/Telegrama_08LISBON2780.pdf
Como sempre :
Os santos e os pecadores.
A escolha somos sempre nos que a fazemos e tentamos sempre trazer- salvo seja , Cruzes canhoto - a sardinha a' nossa brasa.
Esta sardinha ja' vai queimada para o fogareiro mas como estamos numa época abstracta ,quanto mais mal melhor.
No cantinho da minha "infimidade", digo que mais uma vez a seriedade foi posta de lado .
com os melhores cumprimentos do
Manuel Joaquim Leonardo
Peniche Vancouver Canada fielamigodepeniche.blogspot.com
Para o novo ministro dos Negócios Estrangeiros, ainda mais embaraçoso do que as ligações ao BPN e ao BPP, omitidas no currículo publicado, está o "telegrama" revelado pela Wikileaks, que foi parcialmente publicado no Expresso
O comentador "ignatz" já deixou mais acima o endereço. Mas, para facilitar, transcrevo a seguir, na parte que me parece mais relevante, a notícia do Expresso:
"Foi uma das revelações com mais impacto no espólio de 800 telegramas da embaixada norte-americana em Lisboa revelados há dois anos pelo Expresso e que fazem parte do acervo de uma das maiores fugas de informação protagonizadas pelo Wikileaks.
Num relatório enviado a 15 de dezembro de 2008 para o Departamento de Estado em Washington pelo então embaixador dos EUA em Portugal, Thomas Stephenson, Rui Machete era arrasado pela forma como geriu ao longo de duas décadas a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), visto como "suspeito de atribuir bolsas para pagar favores políticos e manter a sua sinecura".
O embaixador norte-americano, nesse telegrama, argumentava que "chegou a hora de decapitar Machete" com base, entre outras coisas, no facto de a fundação "continuar a gastar 46% do seu orçamento de funcionamento nos seus gabinetes luxuosos decorados com peças de arte, pessoal supérfluo, uma frota de BMW com motorista e 'custos administrativos e de pessoal' que incluem por vezes despesas de representação em roupas, empréstimos a baixos juros para os trabalhadores e honorários para o pessoal que participa nos próprios programas da FLAD."
Tenho dúvidas de que, com estes antecedentes, não vá haver engulhos nas relações diplomáticas entre o ministro Machete, e e os EUA.
http://www.aceros-de-hispania.com/martinez-albainox-penknives/tactical-knife-31800.asp?product=machete-31800
bem haja
Em Sodoma e Gomorra segundo se conta, também foi impossível encontrar dez justos!
O importante é termos um ministro que a) reconheça que há política externa; b) não despreze globalmente a diplomacia e não tenha como programa destruir todos os seus instrumentos de acção. A partir daí...
É pena que quando António Monteiro, afiliado do PSD e adminstrador num banco estrangeiro não faça registo prévio de interesses ao dizer que Machete é "boa escolha". É que Machete é de facto boa escolha, mas interessa saber também para quem.
Parece difícil vencer a tendência irreversível do Ministério para a politização como demonstra a promoção hoje a Embaixador de duas figuras mais ou menos explicitamente colocadas aos laranjas
Mas Machete representa também a esperança a um menor enfeudamento ao PSD que a escolha de Brito teria significado.
Caro anónimo das 22.09,
Dessas figuras que, no MNE, foram promovidas hoje a embaixador, um foi, não esqueçamos, chefe de gabinete de António Martins da Cruz, ao tempo em que exerceu funções de MNE de Barroso. A outra, tem as ligações que tem, via Quinta da Marinha, que, quer se queira ou não, pesa e, parece, que muito.
Monteiro sempre foi um rapaz que soube construir pontes políticas, para ele e para os seus amigos. Nesse aspecto, tiremos-lhe o chapéu.
Quanto a Rui Machete, muita gente no MNE, hoje um jardim infantil, poderá ter ficado perplexa, mas mais vale um Machete com 73 anos do que um Brito muito ligado à casa pelas piores razões. Agora a chatice é que a imprensa, sobretudo após as declarações sobre a podridão dos hábitos políticos, que ele fez hoje (horas depois de ter sido convidado, ao que parece depois de o PM ter comunicado o seu nome ao PR! assim foi a convicção com que se ficou depois de o ouvir há pouco, à saída de Belém) num claro ataque a essa mesma imprensa, ela não o vai poupar. E com a tal ajuda da Oposição... Depois, resta saber o que lhe ficará no MNE. A AICEP deverá vir a pertencer a Paulo Portas, as questões europeias ficarão igualmente esvaziadas para a Ministra das Finanças e Portas e por aí. Com as Comunidades nas mãos de “Chejário”, fica o quê para Machete? O MNE, como o povo, é sereno, por tradição. Assim, vamos aguardar, com toda a calma.
a)claustros
Apesar de o “ver por aí” há largos anos, nunca lhe tinha prestado grande (ou pequena) atenção. Nunca me suscitou qualquer discorrência. Deve ter sido porque não me ficou no ouvido, qualquer ideia política, saliente nas suas elocuções.
Depois de ler o post e os comentários, fiquei na mesma…
Nota da redacção: não consta que hcesarop continue nas Comunidades. Será rendido por uma Senhora.
Senhor Embaixador, se me permite uma nota sarcástica, eu diria que o facto de o Dr. Rui Machete ter passado de Vice Primeiro Ministro há mais ou menos trinta anos, para Ministro de Estado (de Estado…) e Negócios Estrangeiros (de Negócios Estrangeiros…) agora, não merecerá ao nomeado, digo eu, não sei, tantos encómios e congratulações. Não será uma descida tão grande de estatuto social e politico quanto isso. Já alguém aqui lembrou que o Soares passou de postos imcomparavelmente mais altos (inclusive na história), para o de deputado europeu. Que diremos então sobre este extraordinário espírito de abnegação? Um post como o seu, Senhor Embaixador, e perdoar-me-á a ousadia, é mais digno do deputado Alípio Severo Abranhos ;)
Já agora, ao contrário do Fabius, Juppe e Andreotti, ele nunca foi primeiro ministro e sobretudo dificilmente se poderia comparar o seu estatuto politico no seu pais, ao que aquelas figuras tiveram nos seus.
António
Caro "a)claustros",
O que me ri com o seu comentário, ou seja, Portas (AICEP), “Chejário” (Comunidades)... O que fica mesmo para Machete?
Contudo, continuo a preferir Machete, mesmo com poucas coisinhas, que o tal "jardim infantil" que refere a fazer palermices e a brincar aos crescidos.
Isabel BP
Este governo como o que lhe antecedeu não tem ponta por onde se lhe pegue. Pior a emenda que o soneto! E não sou fundamentalista...
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