quarta-feira, agosto 15, 2012

Pimba

Há dias, de passagem por Portugal, e ao longo de algumas horas de viagem, forcei-me a ouvir na rádio música portuguesa. É essa a forma que utilizo, com regularidade, para me manter minimamente atualizado com o que se faz e produz no nosso país, atenuando assim as lacunas de conhecimento de um expatriado.

Nessas horas, dei por mim a pensar sobre qual é a verdadeira fronteira onde, no gosto dos portugueses, começa a chamada música "pimba". É que se muitos "cromos" deste último estilo popular são facilmente identificáveis, outras figuras existem que, não sendo equiparadas a eles, merecem bem esse qualificativo, se bem que algumas cumplicidades mediáticas ou corporativas os consigam fazer escapar ao "labéu". E não se diga que é apenas o tipo de fãs que pode qualificar os artistas.

Em muito do que ouvi, notei uma esmagadora iliteracia nas "letras", marcadas por uma sentimentaleira rimada de incomensurável indigência cultural, que lembram o rua/lua ou o ama/Alfama do fado simplório, algum romantismo de pacotilha, tudo isto envolvido em roupagens musicais modernaças, para se dar ares de qualidade. 

A conclusão a que cheguei é que há por aí um imenso "bluff" à volta de alguma a música portuguesa contemporânea. Volta!, nacional-cançonetismo, que estás perdoado...

14 comentários:

António P. disse...

Pimba, na mouche! caro Embaixador

Isabel Seixas disse...

A maioria da música pimba é pimba de alegre para dançar basicamente aos pinchos e pinotes nos arraiais...

Ouvi-la requer alguma sensibilidade para gostar do popular simplório de despretencioso, é sobreponivel á leitura da maria assim distraidamente...
Agora há um segmento da população que gosta, que compra e que consome com regularidade, tem efeito pedagógico?! Ceio que quem a ouve crê que sim.

C.e.C disse...

Pior que tudo isso ainda será o aproveitamento que se tem visto nos últimos anos através da imersão em temas politico-populares, por parte de alguns grupos e bandas.
Penso que o exemplo do grupo que nos 'representou' no último festival da Eurovisão (2011), será demonstrativo quanto baste.

É certo que tal temática nos deu a conhecer vozes como a Zeca Afonso, Sérgio Godinho, entre tantos outros, mas ao menos esses davam alguma substância às suas letras.

É por essas e por outras que de rádio me mantenho fiel ouvinte da Antena 2.

zamot disse...

Caro Senhor Embaixador, apesar de faltar umas boas bandas portuguesas ao cartaz, sugiro que espreite o cartaz do festival Bons Sons, perto de Tomar, na aldeia de Cem Soldos. É certo que a maior parte das bandas terá uma sonoridade um pouco pesada mas é uma boa mostra do que se faz cá.
http://www.bonssons.com/FestivalBonsSons_2012/PT.html

Cumprimentos, Tomás Viana

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Tomás Viana: já que anda pelas bandas de Cem Soldos, peça à Dona Maria do Céu, no Chico Elias, depois da feijoada de caracóis, logo a abrir, o coelho na abóbora. E, depois, vá "desfazer" a digestão com música...

Anónimo disse...

Fernando Pavarotti continuava na panificação embora fosse um tenor que cantava na Catedral de Modena com o filho PAVAROTTI. Na Itália é assim. Estão a imaginar a elite intelectual portuguesa a promover as condições para o cultivo de um sentido de estética e de harmonia ou até histórico para as escolhas que os alunos do liceu ou da faculdade deveriam saber fazer? Não estou a ver. Tenho dois amigos, irmãos, com uma empresa de reparações de máquinas: lavar, esquentadores etc, com quem já fui ao lançamento de peças do compositor Alexandre Delgado de quem também são amigos. Gostam de música "pimba" quanto baste. As televisões também não ajudam nada... às horas em que toda a gente as vê dão sempre os mesmos programas, e, os piores. Melhor mesmo é apanhar alguma coisa de jeito, com gosto, quando se tem uma aberta no sono pelo meio da noite.

zamot disse...

Muito obrigado pela "dica" mas, infelizmente não vou poder ir... Estou em alta trabalheira para acabar umas peças para um restaurante do qual ainda hei de ouvir uma critica sua... A vêr.. ou, a lêr.
Ah! e o nome do retaurante tem muito que vêr com o que se escreve nos comentários acima.

Felipa Monteverde disse...

Gosto de música, oiço de todo o tipo, consoante a ocasião (e o que passe na rádio). Mas quando estou alegre e me apetece cantar, descontrair, digamos assim, não há melhor do que uma Ágata, uma Bandalusa, um Emanuel e outros assim (para ouvir enquanto arrumo a casa não há melhor, dá cá uma genica!)...
Qualidade é coisa rara na música que se faz atualmente em Portugal, e a boa nem sequer passa na rádio, por isso, pimba por pimba prefiro a verdadeira.

gherkin disse...


Pimba, Pimba...Pumba! Concordo inteiramente com o seu apelo: "Volta!, nacional-cançonetismo, que estás perdoado..." Abraço, Gilberto Ferraz

Anónimo disse...

Assim, não vale. Há que nomear artistas para que possamos analisar a coisa.

Quanto à música pimba, como em quase tudo, e ao contrário do que alguns pensam, é fenómeno que existe em todos os países.

Anónimo disse...

A minha música Pimba "preferida" é a da Maria Lisboa e a sua "a minha r..."
Depois de se ouvir isso, nada mais há para ouvir..."no que à Pimba concerne".
No meu caso,como não arrumo a casa, prefiro tudo ao monte e fé em Deus, fico ali sentado, a beber uma Cola e a ouvir a tal canção...E quando acaba, toca o disco o volta á mesma.
Pimbo

Eduardo Saraiva disse...

Um post no "centro da mouche" onde certos "artistas" (com alguma protecção pública) afirmam que defendem a música portuguesa.

Eduardo Saraiva disse...

Senhor Embaixador.
Tomei a liberdade de transcrever este post no blog
http://o-andarilho.blogspot.com

Unknown disse...

Olá, caro bloguista...

Só desejo perguntar-lhe o seguinte: que percentagem de portugueses, gostam de música pimba ou popular... ???

Um abraço - artur

25 de novembro