Acho interessante deixar aqui registado o que o antigo presidente francês, Jacques Chirac, exprime no seu recente livro de memórias "Chaque pas doit être un but" (pag. 349), sobre a forma desejável de relacionamento com o Irão:
"Je ne suis pas de ceux qui pensent, en Occident, qu'on doit s'interdire tout dialogue avec l'Iran, étant donné la nature du régime. Un régime politique est une chose. L'histoire d'un peuple, de sa culture, de ses traditions, en est une autre, plus importante et determinante. Ma philosophie en la matière est qu'on n'a jamais intérêt, ou rarement, à mettre un pays hors jeu de la communauté internationale. Au lieu de le convaincre de rentrer dans le rang, c'est en général l'éffet inverse qui se produit: una radicalisation sans issue, de part et d'autre. S'agissant, qui plus est, d'une région du monde où tous les problèmes s'entremêlent, aucun d'eux, qu'il s'agisse du conflit israélo-palestinien, de la guerre Irak-Iran ou de la question libanaise, ne saurait être réglé sans tenir compte de toutes parties en présence."
É a longa experiência de um homem de Estado que conduz a esta avaliação.
7 comentários:
A posição do Chirac, e oficialmente a da França, quando da invasão do Iraque já era assim: a do diálogo. Infelizmente Portugal, ainda que milhões de portugueses protestassem contra a posição do governo de então e manifestaram o seu repúdio em Lisboa e noutras capitais da Europa onde viviam, foi a favor da guerra em 2003. Quase sete anos depois ainda se não fez um balanço exaustivo daquela dramática decisão da América que uma minoria de governos apoiou contra o respeito da maioria e que continua a fazer diariamente vítimas da guerra...
Não será aqui o sítio mais indicado para dizer que o trabalho da diplomacia não teve a eficácia que os cidadãos “passivos”, penso que a esmagadora maioria, esperam dela... Mas haverá razões que a razão não quer nem pode compreender. Que se tirem, é o mínimo que se pode exigir, as lições necessárias em relação ao Irão!
A posição de Chirac é oposta à do actual Governo da França.
Vou fazer link, meu amigo. Obrigado pelo texto.
Abraço :)
Pese embora a figura de Chirac me tenha sempre levantado as maiores dúvidas, tenho que concordar que este extracto traduz aquela que, a meu ver, é a posição correcta.
Tem o ex Presidente toda a razão quando salienta que há enorme diferença entre um regime político e a história de um povo.
E os portugueses sabem-no bem!
Oportuno e saudável comentário, este aqui deixado por HSC.
P.Rufino
CHIRAC, o homem que me obrigou pela primeira vez na vida a votar na Direita... mas foi so para evitar Le Pen e a Extrema Direita.
Mas Chirac, tinha certamente "la sagesse de l'âge"...
Ainda bem que o sub-titulo do livro nao é : "Chaque main doit être un but".
Obviamente Chirac tem razão ao dizer que se tem de manter as portas abertas ao dialogo, mesmo com governos que condenam à morte estudantes que protestam contra eleições que consideram roubadas, na esperança de o convencer a "rentrer dans le rang". O dialogo com o Irão, porém, tem a dificuldade acrescida da centralidade para o seu modo de ser do conceito da taqiyya que, como se viu no aparecimento subito de um segundo reactor nuclear a enriquecer uranio, é praticado religiosamente pelo seu governo.
Vizinho ex-marxista
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