quarta-feira, novembro 18, 2009

A Festa das Comunidades

A presença de Portugal na fase final do campeonato do mundo de futebol, que decorrerá na África do Sul, é a melhor prenda que as comunidades portuguesas no exterior poderiam ter recebido. Posso imaginar, em particular, o modo como isso vai ser sentido entre as centenas de milhar de cidadãos nacionais que vivem no país onde o torneio terá lugar, alguns dos quais têm atravessado tempos problemáticos.

Portugal inteiro costuma vibrar com os êxitos internacionais da sua selecção, mas os portugueses que vivem no exterior, para quem os sucessos nacionais representam suplementos de ânimo para compensar o seu afastamento do país de origem, sentem essas vitórias de uma forma muito especial.

Para os portugueses e luso-descendentes em França, a presença simultânea dos "bleus" no mundial de futebol oferece-lhes uma dupla oportunidade para repartir a sua afectividade. Até que haja um Portugal-França, claro!

8 comentários:

Anónimo disse...

Grandes momentos de futebol em perspectiva.

Julho 2010, Final: Portugal-França

Porque não ?

C. Falcão

Jorge Pinheiro disse...

Tudo bem, desde que não escondam a Face Oculta.

Unknown disse...

A melhor prenda? Começo a sofrer por antecipação. Minha bandeira portuguesa está guardada há 30 anos. Aqui, em pleno sertão pernambucano. Nos grandes momentos sai do esconderijo, é lavada, passada a ferro e pousada em lugar especial. Pronta para ser agitada a-le-gre-men-te !!! Sempre volta às origens dobrada em 4. Nem Scolari para a tirar deste marasmo. O pior momento? Quando os nossos homens vieram a Brasília buscar um cabaz de 6 e se mandaram !! Minha bandeirinha permaneceu vermelha de cólera e verde de ódio.
Será que dá para acreditar? Português sofre ... kkkk

Helena Sacadura Cabral disse...

Odete, belo texto. Continue a guardar a nossa bandeirinha porque, apesar de termos defeitos, temos também imensas qualidades. Como essa sua de sofrer com Potugal, mesmo apesar de estar longe. E de o guardar dobradinho em 4, para o mostrar quando é preciso que todos vejam o orgulho de ser português!

Força Espinho disse...

A propósito desta duplicidade "Portugal vs França", permita-me, Senhor Embaixador, que aqui dê à estampa um texto que escrevi, intitulado "Souvenirs", e que hoje mesmo sai publicado no Jornal "Defesa de Espinho".


Estava eu a fazer umas arrumações nos dois contíguos apartamentos da baixa do Porto onde vivi toda a minha infância e juventude, na parte alta da Rua de Sá da Bandeira, ali ao pé da “Rádio Renascença” e bem por cima do “café portista” (lá podia ser outro!), quando, ao abrir uma caixa com livros que havia guardado há já muitos, muitos anos… voilà, ganhei o dia!
Encontro o meu primeiro livro de francês “Regardons vers le pays de France” de 1968, o livro oficial da disciplina de francês, mas não exclusivo, porque estudávamos também pelas revistas "ParisMatch" e "Passe-Partout" que, por assinatura, mensalmente recebíamos de França (aquelas bem-aventuradas “modernices” que à época o Colégio João de Deus proporcionava aos seus alunos).
O que eu corri por aquele livro… o que eu procurei por ele… dei-me até ao desplante de pedir à editora que me facultasse o nome da localidade francesa que aparecia retratada na capa do livro.
Eu explico!
Desde miúdo fiquei rendido aos encantos daquela fotografia que agora, com o livro de novo ao meu alcance, sei tratar-se de Saumur, Val de Loire. Aquela imagem percorreu durante anos o meu imaginário e, posso assegurá-lo, é também responsável (a par com o meu saudoso professor de francês, Dr. Vilaça) por este encanto e admiração, quase obsessão, que nutro até hoje pela França. A foto mostra-nos uma paisagem típica de França, onde sobressai uma igreja com a sua incontornável e característica torre alta e esguia, em jeito de flecha.
A França sempre exerceu sobre mim um misterioso fascínio, a ponto de referir amiúde, e em jeito de brincadeira, que devo ter sido francês noutra encarnação. Já em finais da década de setenta, num daqueles intercâmbios promovidos pela Universidade de Coimbra, tive oportunidade de, pela primeira vez, aventurar-me por essa Europa e pisar solo francês, belga e holandês. O casal que me acolheu não queria acreditar que eu nunca (jamais) tivesse estado em França e, mais propriamente, em Paris, tal era a segurança, o conhecimento e a precisão com que identificava as ruas, monumentos e demais pontos de interesse. Hoje em dia, que me desloco a França várias vezes por ano, principalmente de carro, passo a transportar comigo este recôndito desejo de me dirigir a Saumur e fotografar la ville com aquele mesmíssimo ângulo e enquadramento da foto de há 40 anos… porque sei que, tanto tempo depois, permanece quase tudo inalterado… e porque sei também que lá, contrariamente ao que sucede por cá, as cidades são realidades a preservar, feitas de processos lentos e consolidados onde são necessários muitos e muitos anos, décadas até, para se operarem transformações dignas de registo.
Tudo isto somado faz com que adore as cidades francesas, como gosto da campagne, dos Alpes e dos Pirenéus, dos rios Sena, Loire e Rhône. Fascina-me a Côte d’Azur e a Provence, a Bretanha, a Normandia, a Alsácia e até Pas-de-Calais (c’est le Nord!). Gosto dos monumentos, dos chateaux e das suas envolventes de parques e jardins, encantam-me as abadias e aprecio as igrejas e as sua torres, quais flechas apontadas ao céu. Sou fã de Roland-Garros, gosto da moda e dos perfumes franceses… e a Lacoste continua a ser a minha marca de roupa preferida. Não dispenso os meus produtos franceses, favoritos, claro está: table à fromages, com presença obrigatória do Camembert, vin rouge (Bordeaux, Cotes du Rhône, Beaujolais…), champagne, petit gâteau, chantilly, croissant, baguette e pâté. Gosto até, pasmem(!), da língua francesa e da sua melodia e sonoridade. É assim!
Perdoem-me, pois, este desfilar de “souvenirs” próprio de quem, entre lá e cá, vai sentindo o moer da saudade!

Correia de Araújo

Anónimo disse...

Talvez seja uma bizarria (hoje em dia, um tipo dizer que não tem simpatia pelo futebol é quase “crime”!) aquilo que vou dizer, mas, sinceramente, é o que sinto. Já enjoei de tanto futebol. Há anos atrás, os noticiários, mesmo na rádio, terminavam as notícias com referências ao Desporto em geral, não apenas o futebol. Hoje, referem-se (quase) só a esta actividade. O futebol ganhou (lamentavelmente, em minha opinião) uma dimensão quase paranóica e asfixiante. Francamente, detesto este patriotismo saloio ligado ao futebol. Não me sinto minimamente contagiado por ele. E preferia que fossemos melhor noutras coisas. No combate ao desenvolvimento, por exemplo. Mas é assim. Ou, que apoiássemos mais e de melhor forma outras actividades em que nos temos distinguido, no Desporto, como há tempos dizia e muito bem, Nelson Évora. E custa-me saber da existência de estádios de futebol, novos, pagos com o dinheiro dos contribuintes, alguns deles, hoje, quase “ás moscas”, onde nem sequer, nuns casos, se pensou, ao construi-los, que fossem mais polivalentes. Pra já não referir as “atenções” do Fisco para com os Clubes e as suas dívidas, se compararmos com as exigências desse mesmo Fisco para com empresas em dificuldade! E hoje à noite, para não variar, lá teremos as TVs abrirem os seus noticiários com o tal futebol, repetindo à exaustão as declarações, o golo, a chegada dos jogadores, o “povo unido jamais será vencido” à espera deles, etc, etc, etc. Um enfado!
P.Rufino
PS: tal não me impede que compreenda a reacção dos nossos patrícios aí em França. São coisas diferentes, o que quis dizer e o que eles sentem, ou sentiram ontem.

Julia Macias-Valet disse...

Aqui por casa existem sempre dois encontros futebolisticos "quentes" :
- Benfica-Girondinos de Bordéus,
mas onde a situaçao se complica é nos encontros,
- Portugal-França, ai é: " amor, amor, futebol à parte..."
Quanto à bandeira, também tenho uma guardada preciosamente num armario (foi-me oferecida pelo meu pai quando atravessei os Pirinéus em 1992) e arejo-a sempre que a ocasiao se apresenta.

Anónimo disse...

Uma das vertentes da sociedade de hoje é o loisir pessoal, grupal,associativo, federado,sponsorizado e industrializado.
Felismente os media servem de tudo.
Que bom vivermos numa comunidade em que alguns profissionais atingem níveis elevados.
Que se intua, nenhum exponencial atleta tem impedido que se falem de outros problemas.
O aproveitamento subreptício do seu trabalho e êxitos é que é (...) cínico e retrógado.

* O autor deste blogue retirou uma palavra deste texto, por razões que o autor do comentário entenderá.

Agostinho Jardim Gonçalves

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