domingo, novembro 08, 2009

Condução

A história da condutora de automóvel portuguesa apanhada 38 vezes sem carta de condução e que - ao que parece, porque certezas, no âmbito da nossa Justiça, não tenho nenhumas - só agora irá ser condenada a pena efectiva de prisão, continua a divertir alguma imprensa e "blogosfera" deste país.

Na França, haverá também haver uns casos parecidos, mas a nossa vocação para entrar neste triste e ridículo domínio do Guiness parece imbatível.

7 comentários:

Anónimo disse...

http://news.yahoo.com/s/ap/20091106/ap_on_fe_st/as_odd_skorea_aspiring_driver

SEOUL, South Korea – A woman in South Korea who tried to pass the written exam for a driver's license with near-daily attempts since April 2005 has finally succeeded on her 950th time. The aspiring driver spent more than 5 million won ($4,200) in application fees, but until now had failed to score the minimum 60 out of a possible 100 points needed to get behind the wheel for a driving test.

;)

Santiago Macias disse...

De acordo com o DN (o único jornal que chega a Mértola ao domingo) de hoje são 40 (quarenta) vezes. É, de facto, uma situação ridícula e que só contribui para aumentar a falta de confiança na nossa Justiça.
Temo, senhor embaixador, que os quatro carritos da foto fossem coisa pouca para a nossa Michelle Mouton...

Helena Sacadura Cabral disse...

Parece que, finalmente, decidiram prender a senhora por razões ligadas à possibilidade de fuga...
E consta que a dita terá pedido um volante e um Código da Estrada para fazer exame de condução enquanto cumpre a pena!
Só não sabemos se tem as habilitações literárias necessárias para o efeito.
O que me surpreende - mesmo - é a integridade da ré que nunca tentou o que é normal entre nós. Ou seja, obter uma carta falsa!
Ele ainda há gente séria...

José Barros disse...

Numa disciplina muito parecida penso que o “record” pertence a um taxista parisiense que conduziu o seu táxi durante uns quarenta anos, por conta própria, devidamente legalizado, no centro da cidade de Paris, sem carta de condução!
Se foi interpelado pela polícia, há menos de meia dúzia de anos, é porque foi vítima de um pequeno embate e precisou de apresentar a carta de condução para o processo do seguro...
Dezenas de anos a conduzir em Paris sem um único acidente mereceria bem que a Prefeitura lhe “oferecesse” a carta numa bandeja de prata...

Anónimo disse...

Cloninger faz alusão nos seus estudos, a um subtipo de personalidade "Os novelty seeking" que manifestamente vibram com o risco.
Enfim pode ser uma explicação plausivel, para justificar este tipo de impetuosidade que leva a a reincidir neste tipo de comportamento de risco.

Resta-nos ás vezes o ditado que nem sempre o hábito faz o monge, sendo que há condutores que mesmo com carta são de evitar...
Isabel Seixas

Anónimo disse...

Um tio avô meu, já falecido há uns anos, que tinha negócios por cá e no Brasil,na altura, tentou, em Portugal, por diversas vezes, tirar a carta de condução, todavia, sem sucesso. Chumbou sempre! Até que, desesperado e “já sem paciência”, como costumava dizer...mandou vir uma carta do Brasil. Que lá lhe chegou, vinda de barco (“veio num vapor, rapaz”, como dizia). Mas, “esqueceu-se” que possuir carta assim era uma coisa, saber conduzir realmente, outra, porventura mais complicada. Um dos episódios que recordo de ouvir contar na família e que acabaram de vez com as suas ilusões de continuar a guiar foi quando um dia, ao volante da sua vetusta viatura (comprou um carro velho, “pois se se estragasse num acidente não haveria tanto a lamentar, comparado com um novo”), vislumbrou uma vaca na estrada (viviam-se então os anos 50...em Trás-os-Montes/Douro, um Portugal ainda demasiado rural, digamos), e em vez de fazer uso do “claxon” (como se dizia), abriu a janela e pôs-se aos gritos, com a cabeça de fora e a bater com essa mão na porta, alertando homem e bicho para lhe sairem da frente (não lhe passava na cabeça mudar, pelo menos, de faixa). O resultado foi o previsível. Um lamentável “encontrão” na vaca, com o carro, depois, como resultado, a ir embater numa árvore. “Uma grossa chatice”, como comentava anos depois. E os filhos, meus tios, acabaram por convencê-lo, quase à base de ameaças, a nunca mais conduzir. E lá acedeu, “mais por receio de novo acidente, do que pelo palavreado deles”, como nos contava. Quanto à vaca...teve de pagar uma nova ao homem. Mas, o que mais o humilhou, segundo dizia, foi o facto do “vaqueiro” lhe ter dito: “oh, Sr. Fulano, o senhor não nasceu para conduzir, não sabe, não vai lá, deixe-se disso que ainda se mata, ou mata alguém um dia!” No caso dele, ainda hoje a família está convencida que se tratava de uma inabilidade congénita para conduzir...pois quanto ao código, como ele referia, “aprendia-se com o tempo”. Eram outros...os tempos!
P.Rufino

Helena Sacadura Cabral disse...

Ai meu caro Rufino este blog é o retrato de Portugal ao vivo e a cores. As gargalhadas que tenho dado com a sua leitura não têm conta.
Aqui vai outra de família. O meu Pai a determinada altura resolveu tirar a carta.
No dia do exame, de repente, saíu-lhe um trio de guardas republicanos a cavalo com as crinas ornamentadas. O meu Pai, que se atrapalhou com tanta ofuscação equídea, atirou com o carro contra uma janela, onde uma tranquila senhora apanhava malhas de meias com uma agulha.
O susto foi tal que os cavalos levantaram as patas, o examinador fugiu e o meu pai que embateu na buzina, não conseguia sair do carro. Veio a polícia e ele não parava de buzinar, enervado que estava. Os cavalos, esses, com o barulho e a confusão insistiam na posição vertical e erguiam-se uns contra os outros. A senhora apanhadeira, aparvalhada, não emitia um som e só queria saltar pela janela, esquecida que a casa tinha porta.
Acabaram todos no hospital e depois na esquadra.
O Dr. Sacadura Cabral, coitado, nunca mais seria encartado, mas eu e os meus irmãos ainda hoje gozamos o mais velho que tirou a carta mas nunca guiou. Herdou o trauma paterno, dizemos!

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...