domingo, abril 22, 2018

O Acre não existe!


Já não sei a que propósito é que eu trouxe à conversa, nesse jantar com familiares de visita ao Brasil, num restaurante do Rio de Janeiro, uma próxima visita que iria fazer ao Acre, um dos 27 Estados brasileiros. Ia ser uma visita curta, de um dia, para encontrar a segunda geração de portugueses quecaí se tinha fixado e impulsionar projetos económicos e culturais.

À mesa desse jantar, estava a namorada de um familiar, então estudante universitária no Rio. "Ah! Acredita na existência do Acre ?!", reagiu. Confesso que fiquei siderado, mas a minha interlocutora logo me "esclareceu": "O Acre não existe! É uma ficção, uma criação dos militares brasileiros. As cidades ditas do Acre são, na realidade, na Amazónia e os senadores e deputados do Acre vêm de outros locais. É uma imensa montagem política". 

Para quem, como eu, ia visitar, dentro de dias, o Acre, numa viagem para cuja organização tinha contado com a ajuda de um dos políticos mais destacados do Estado, o senador Tião Viana, a “revelação” era muito interessante. 

A jovem “explicou-me” ainda que funcionava na sua universidade, a exemplo de outros locais, um “grupo de trabalho” que “acompanhava” o assunto e que bastava ir à internet e colocar “Acre não existe” para poder ter ampla “informação” sobre o tema. Era verdade, como pude e ainda pode ser constatado, uma década depois!

Dias mais tarde, já no Acre (ou no que passava por sê-lo...), contei a história ao meu amigo Tião Viana (hoje governador do Estado), ao seu irmão Jorge Viana e ao então governador Binho Marques. Todos acharam imensa graça e, ao que me recordo, revelaram estar a par do debate sobre a “inexistência” do Estado brasileiro de que eram figuras dominantes. Mas, por qualquer razão, não me pareceram nada preocupados. Deviam “estar feitos” com os militares...

A verdade é que as teorias da conspiração, por mais tontas que sejam, ainda continuam a ter muita força!

sábado, abril 21, 2018

Legal e moral

De há uns tempos para cá, explora-se muito a dicotomia entre a legalidade e a moralidade. Começo a ficar com a sensação de que, basicamente, se pretende, com esta dualidade, dar pasto aos opinadores para, quando alguém pratica um ato e afirma fazê-lo porque tem a lei do seu lado, poderem vir dizer: “Está bem! É legal, mas não é moral”.

Vem isto a propósito das verbas recebidas pelos deputados insulares. Ficou claro que essa prática é legal, mas logo surgiu um coro de acusação de imoralidade da prática. No caminho, a tentar atenuar a alegada imoralidade, apareceu o incrível argumento do “sempre foi assim”, como se isso fosse um fator minimamente legitimador.

Vamos a ver se nos entendemos! Não gosto de viver numa sociedade onde, perante o legítimo exercício daquilo que a lei incontroversamente me permite, possa surgir um qualquer fabiano, à luz de uma autoridade duvidosa, a dizer-me: “Está bem, é legal, mas não é moral!”

Se uma determinada lei não é moralmente aceitável, então mude-se de imediato a lei, tornando-a conforme com o juízo moral que, com toda a certeza, os deputados da nação estão qualificados para interpretar. E, já agora, comecem eles próprios por tornar mais “morais” as leis e regulamentos que regem a sua casa.

António Mafra


Neste tempo em que nos Correios - entre bonecos, lotarias, livros e um mundo de outras bambochatas (um destes dias, ainda vamos ter vinho ao copo, “finos” e sandochas) - já quase é uma raridade venderem-se selos), quero deixar uma homenagem a José Mafra, sucessor do seu irmão António Mafra, que há dias desapareceu, com um link para o histórico tema do grupo “O carteiro”. Até Sérgio Godinho gravou esta imorredoura canção.

O conjunto António Mafra teve um grande êxito nos anos 60, com temas humorísticos, em tom musical popular. “O carrapito da dona Aurora”, “Sete e picos, oito e coisa, nove e tal”, “O vinho da Clarinha”, “Arrebita, arrebita, arrebita”, “Aperta o cordão ó Berta” ou “No baile da Mariquinhas” foram grandes sucessos da rádio e dos espetáculos ao vivo. Os textos tinham alguma ousadia “marota”, mas ficavam bastante aquém do desbragamento posterior da pimbalhada rasca que por aí anda agora.

Leão


Recuperando forças para o que aí vem!

Joaquim Barbosa


Num país em que, a escassos meses da importante eleição presidencial, o leque de candidatos não para de se abrir, não significando necessariamente esse alargado espetro um refrescamento revigorador da vida política brasileira, ressurge agora o nome de Joaquim Barbosa. 

Trata-se de um magistrado negro, que chegou a presidente do Supremo Tribunal Federal, tido como um lutador contra a corrupção, como deu mostras aquando dos primeiros tempos da operação “Lava Jato”. 

O nome de Barbosa já várias vezes tinha sido citado como possível presidenciável mas, para tal, vai ser preciso “costurar” (como por lá se diz) uma base partidária mínima. E, no Brasil, essa é uma operação sempre complexa.

Ao ler estas referências a Joaquim Barbosa, recordei-me de um livro de Frei Beto, um intelectual e ativista religioso amigo de Lula, que li vai para uma década. O livro, creio, chamava-se “A Mosca Azul”, e nele Frei Beto contava que, um dia, numa fila de “check-in” de um aeroporto, ficou junto a um cavalheiro negro, com quem trocou o tipo de conversa que se tem nessas circunstâncias. A certo ponto, o homem revelou ser juíz. Frei Beto lembrou-se então de que, nos círculos próximos de Lula, não havia figuras negras na área da Justiça. Trocou contactos com o jurista e, mais tarde, proporcionou o encontro deste com Lula. 

A carreira desse juíz, Joaquim Barbosa, teve a partir daí um imenso impulso, culminando com o facto de ter sido escolhido por Lula para o tribunal máximo do país. 

A avaliar pelo seu comportamento posterior, Barbosa pode não ter agradado muito aos seus mentores, mas a vida é isso mesmo.

sexta-feira, abril 20, 2018

“Simplicidade amável”


Uma das poucas coisas que fragiliza a minha animosidade irredutível face ao Estado Novo são as nossas Pousadas. A sua criação foi iniciada em 1942, por essa curiosa figura que foi António Ferro e representa uma tentativa de dar realce às diferentes regiões do país, à diversidade da sua gastronomia e dos seus costumes, incentivando o turismo estrangeiro e um turismo interno mais exigente. 

Registo algumas das primeiras: Santa Luzia, Elvas (1942), São Gonçalo, Marão (1942), Santo António, Serém (1942), São Martinho, Alfeizerão (1943), São Braz, S. Braz de Alportel (1944), Santiago, Santiago do Cacém (1945), São Lourenço, Serra da Estrela (1948).

Vale a pena dizer que os "Paradores" espanhóis, instituídos nos anos 20, foram os verdadeiros inspiradores das nossas pousadas, mas a expansão destas foi mais rápida e sustentada do que o do (excelente, aliás) modelo vizinho, que só viria verdadeiramente a desenvolver-se a partir dos anos 70.

Ferro deixou bem claro o que pretendia das Pousadas, ao afirmar, na inauguração da primeira daquelas unidades, em Elvas: "o luxo e a ostentação, muitas vezes sem conforto nem bom gosto, não constituem, obrigatoriamente, a matéria-prima do turismo", pelo que as pousadas deveriam ser "pequenos hotéis que não se parecessem com hotéis". Embora isto possa chocar os espíritos de hoje, nada melhor para qualificar o seu objetivo do que esta sua frase: "se o hóspede, ao entrar numa destas Pousadas, tiver a impressão de que entrou num estabelecimento hoteleiro onde passará a ser conhecido não pelo número do seu quarto, mas na sua própria casa de campo, onde o aguardam os criados da sua lavoura, teremos obtido o desejávamos". E também: "o conforto rústico, bom-gosto fácil no arranjo das coisas e também no paladar, simplicidade amável, eis as grandes linhas do programa das nossas Pousadas", que se pretendiam "pequenos conservatórios da cozinha portuguesa". Os tempos mudaram muito e as pousadas também.

Inicialmente, as pousadas eram relativamente baratas e - imagine-se! - tinham um limite imperativo de três dias de ocupação por utilizador. A forma da sua gestão teve um percurso que partiu da plena dependência estatal até ao modelo atual, em que o grupo hoteleiro Pestana detém uma posição maioritária, numa forma de semi-privatização, que não deixou de ter consequências sensíveis na oferta atual de serviço e qualidade das Pousadas, sujeitas a um padrão de exploração onde praticamente desapareceram as preocupações originárias de serviço público. Algumas unidades vivem num regime de "franchising" que, igualmente, afeta a identidade do conceito. A Enatur, a empresa pública que antecedeu o grupo Pestana, já havia fechado várias unidades. O grupo Pestana, numa lógica de gestão em que o Estado não soube (ou não quis, essa é a minha conclusão) acautelar no contrato a dimensão de serviço público, fez uma razia em tudo quanto não fosse altamente produtivo.

No que me toca, só no início dos anos 70, quando tive o meu primeiro emprego, é que comecei a ser um “colecionador” de pousadas. Mas, a partir daí, passei a viciado... Durante alguns anos da minha vida, por razões que não vêm ao caso, tinha obrigatoriamente de trabalhar todos fins-de-semana, em paralelo ao meu emprego regular. As pousadas eram o meu "pouso" preferido para isso. Nesse tempo, quando os preços eram outros, cheguei mesmo a passar férias em pousadas. Por isso, tenho sobre elas muitas e diversas experiências, que vão desde grandes exemplos de profissionalismo a monumentais descasos. Mas, apesar de várias razões que possa ter em contrário, ainda hoje sou "addicted" das nossas pousadas e, sempre que posso, frequento-as.

Às vezes pergunto-me qual terá sido a primeira pousada onde dormi. Talvez na de Serpa ou na da Murtosa/Torreira*. Mas, por esses tempos, lembro-me bem de estadas em Santiago de Cacém, em Miranda do Douro, em Santo António de Serém, em Manteigas, na Caniçada*, no Caramulo. Porque as Pousadas eram então, como disse, “muito em conta”, lembro-me de passar mais de uma semana em São Brás de Alportel, na Quinta da Ortiga (perto de Sines), em Santa Clara, em Oliveira do Hospital. Das “históricas”, creio que comecei por Óbidos*, Évora* e Estremoz*. Fui também cedo a Bragança#, a Marvão* e a Elvas. Pouco tempo depois de abrirem, estive em Monsanto, em Vila Nova de Cerveira, no Bouro/Amares*, em Alcácer do Sal*, em Ourém#,em Vila Pouca da Beira, na de Viseu*, na da Serra da Estrela* (Covilhã), na da Rede (Mesão Frio), em Belmonte#, na de Vila Viçosa*, no Porto/Freixo*. Dormi também nas incaraterísticas de Condeixa#, de Almeida, de Proença-a-Nova, da Batalha. Também na moderna de Sousel e numa coisa inenarrável que abriu por um tempo em Braga. Estive muitas vezes em Viana/Santa Luzia* (antes e depois de ser pousada), fui uma vez à pousada de Beja*, outra à do Alvito*, outras ainda à de Estói* e à de Sagres*. Dormi por mais de uma vez nas duas de Guimarães, Santa Marinha da Costa* e Senhora da Oliveira, e no Vale do Gaio. Conheço bem a de Arraiolos* e a do Crato*. Tenho boas memórias da do Castelo do Bode (Tomar) e de Valença#. Estranhamente, ou não, dormi algumas vezes na Pousada do Marão, a meia dúzia de quilómetros de minha casa, em Vila Real. E, muito mais estranhamente, já dormi na Pousada do Terreiro do Paço*, em Lisboa, bem como nas de Queluz* e de Cascais*. E também em Palmela*.

Por ter sido criada e ter desaparecido num tempo em que eu ainda não era nascido, nunca estive na pousada de Alfeizerão, como não estive numa unidade que chegou a existir nas Berlengas, que rapidamente deixou de existir. E, porque nunca calhou, acabei por nunca dormir, tendo apenas almoçado, nas pousadas de Setúbal e Alijó#. E nunca estive numa pousada que houve na Madeira e nas duas que ainda há nos Açores - Terceira* e Faial*. Mas frequentei muito - fui mesmo o cliente número 1 - da primeira pousada portuguesa no exterior, em Salvador da Baía no Brasil.

Nos dias de hoje, em que muitas das pousadas acima referidas já desapareceram, ou passaram a estalagens sem marca Pousadas de Portugal, constato só me falta conhecer, no continente português, a pousada de Tavira*. Mas lá irei um dia. (Duvido que alguém me “bata” em número de pousadas visitadas em território português. Foram 53!)

Hoje, estou a escrever naquela unidade que, como pousada, existe há 50 anos, tendo antes sido uma pequena estalagem, propriedade de um casal belga. Tem, a grande distância, a mais bela vista de todas as pousadas portuguesas. Onde é?

(Houve até hoje 61 pousadasCom um (*) assinalei as 27 pousadas que hoje ainda  integram a rede do grupo Pestana e com um (#) as 6 pousadas que já estão em regime de “franchising”. As 24 restantes que referi no texto, e não têm (*) ou (#), já não existem. Um dia tentarei listar as pousadas fechadas antes da entrada em cena do grupo Pestana, aquelas cujo encerramento ou alienação foi promovido pelo Pestana e, finalmente, aquelas que foram criadas no “reinado” Pestana .)

Chama-se a isto Europa



Manuel Valls nasceu na Catalunha. Até aos 20 anos teve apenas nacionalidade espanhola. Naturalizou-se francês e, já nessa nova qualidade, chegou a primeiro ministro da França.

(Um parêntesis para notar que acho isto seria inviável em Portugal. Não somos ainda um país preparado para aceitar que alguém, nascido no estrangeiro e mantendo apenas essa nacionalidade externa até à fase adulta da sua vida, viesse a chegar à chefia de um governo entre nós. Não posso provar isto, mas sinto-o).

Agora surge a hipótese de Valls poder vir a candidatar-se à chefia da municipalidade de Barcelona. A Europa de que eu gosto é precisamente isto.

Tradutor

Um bom tradutor é como um bom árbitro de futebol: quando chegamos ao fim da obra não damos sequer pela sua existência. E, no entanto, uma boa tradução pode fazer toda a diferença, sendo que, por razões opostas, o contrário é igualmente verdade. 

Ontem, juntamente com uma revista que adquiri, vinha uma “fatia” de um livro - nessa técnica de vendas que consiste em obrigar à fidelização, até completar a totalidade da obra. Não foi por isso que comprei a revista, nem costumo ler esses mini-volumes.

Excecionalmente, porém, deitei uma vista de olhos ao texto e logo me irritei: a obra está traduzida ”com os pés”, com expressões inadequadas. O que é típico numa má tradução, como é o caso desta, é que se consegue mesmo perceber, por detrás de alguns dos erros, o que estava escrito na língua original.

Até onde irá Macron?


Há dias, o presidente francês, Emmanuel Macron, deu uma longa entrevista televisiva, por ocasião do primeiro aniversário da sua eleição. Contrariamente a uma prática comum a muitos dos seus antecessores, que tinham quase sempre à sua frente interlocutores respeitosos, quando não dóceis, Macron aceitou que as questões lhe fossem colocadas por dois jornalistas que ele sabia, à partida, que lhe iriam ser muito incómodos. E foram. O programa chegou a ter momentos tensos, com o presidente a manter uma notável frieza. Ele, contudo, correu o risco. E ganhou.

Recordaria que Macron é um presidente de circunstância. Na primeira volta das presidenciais de 2017 teve 18% dos votos, tendo sido eleito pela lógica “tudo menos Le Pen”, que alguma direita e suficiente esquerda seguiu no segundo turno. Se François Fillon não se tivesse enredado em nepotismos, seria hoje o presidente francês. Quero com isto dizer que Macron, à época da sua eleição, não correspondeu a nenhuma “vaga de fundo” que tivesse varrido a França, numa onda avassaladora de entusiasmo em torno de uma figura providencial.

E, no entanto, Macron é, nos dias de hoje, uma surpresa. 

Ainda o estou a ver, numa sala do Eliseu, em meados de 2012, a informar os embaixadores da UE das prioridades de François Hollande no seu primeiro Conselho Europeu. Era então secretário-geral adjunto da Presidência. Apresentou tudo com grande rigor, respondeu a uma ou duas perguntas nossas com precisão e assertividade. À saída, o meu colega sueco, Gunnar Lund, comentou, para gargalhada de alguns de nós: “podia perfeitamente ser assessor de Sarkozy”.

Macron viria a afirmar não ser muito sensível à distinção entre esquerda e direita, coisa que, em França (e não só), segundo o filósofo Alain, só é dita por alguém de direita. É um liberal, com experiência no setor privado, com um programa de “modernização” (outro eufemismo conservador para o desmantelamento do Estado) do setor público, no país europeu onde ele consome maior percentagem da riqueza.

A França vive um momento interessante. Com o Brexit, passará a ser o único poder nuclear europeu, o único país da UE com direito de veto no Conselho de Segurança da ONU, com as únicas forças armadas com capacidade significativa de projeção.

Para a Europa, Macron tem propostas ousadas de reforma, embora a palavra final alemã seja determinante. Mas a sua capacidade de iniciativa em certos domínios institucionais é evidente e, para sermos honestos, muito estimulante.

Há nele qualquer coisa de Valéry Giscard d’Estaing, entre alguma arrogância, manejo fácil dos dossiês económicos e um “look” kennediano. 

Irá Macron ser um grande presidente, escorado na sua visível auto-confiança, na sua determinação? Até onde irá Macron? 

quinta-feira, abril 19, 2018

Abafado


A expressão foi: “sinto-me abafado com esta paisagem!”. Foi há muitos anos, precisamente neste mesmo local. Estávamos por aqui com uns amigos e um deles, infelizmente já desaparecido, revelou-nos o que podia ser a reação natural de um “ser urbano” a um cenário imponente de montanhas. Lembro isto porque, ao aqui chegar, há pouco, foi essa frase insólita, que trazia gravada e me veio, de súbito, à memória. Gosto imenso de cidades, admito que talvez goste mesmo bastante mais de cidades do que “do campo”. Mas a majestade deste fantástico pedaço de Portugal nunca me “abafou”, bem antes pelo contrário. A esse amigo, sim, e eu até o posso perceber: um filho do asfalto, das esquinas e das avenidas do mundo, sedento do ruído, a ele por aqui ensurdecido pelo forte silêncio dos montes. Pelo contrário, a mim, hoje, esta vista, numa estupenda temperatura primaveril, deu-me um sopro tão grande de bem-estar que logo me fez encomendar um gin tónico, em copo alto, como prolegómeno líquido a um sólido cabrito que viria ao jantar. E que bom que estava o Evel 2014!

quarta-feira, abril 18, 2018

Obama e Trump

Tenho constatado ser muito difícil explicar que a minha leitura sobre a desprezível ação externa de Trump não “valoriza”, um milímetro que seja, a opinião altamente negativa que tenho da caótica e desastrosa política externa do seu incensado e estimabilíssimo (no plano humano e das políticas públicas internas) antecessor.

América

Uma das grandes “vantagens” de Trump é que, com ele no terreno, podemos dizer todo o mal que nos apetecer sobre as políticas da América sem nos arriscarmos (salvo nas ironias por ora contidas de alguns cromos, “católicos” e “fládicos”, nostálgicos de Cheney, Rumsfeld & Cia) a ser apelidados de anti-americanos.

Marcelo a dois tempos

Gostei ontem muito das palavras do presidente da República na Cortes espanholas. E, hoje, ainda sem as conhecer, vou gostar das que ele irá, com certeza, dirigir à Procuradora-Geral da República, depois de mais uma vergonhosa exposição mediática do modo de funcionamento da dita justiça.

Tirar as palavras da boca

Só não digo que Ferreira Fernandes me "tirou as palavras da boca" porque não seria verdade. Eu não tenho um dom de escrita capaz de me comparar com a dele. Mas, confesso, gostaria de ter sido eu a assinar o texto "Marcelo em nosso nome", que ele hoje publica no seu (em que agora é diretor) "Diário de Notícias".

Imagino que haja muita gente que não concorda: com Ferreira Fernandes e com o que Marcelo Rebelo de Sousa disse ontem nas Cortes espanholas. Eu concordo. Ponto. É tudo.

Israel

Um dos mais difíceis exercícios em política é conseguir, com seriedade, denunciar abertamente as recorrentes barbaridades e a escandalosa impunidade internacional dos governos de Israel e, simultaneamente, conseguir não se ser rotulado de anti-semita. 

terça-feira, abril 17, 2018

Olhar o Mundo


Aqui fica o video da minha derradeira participação no programa Olhar o Mundo, da RTP

Um poder regional

O que (não) se passou na Síria mostrou que Obama tinha razão quando qualificou a Rússia de “poder regional”. Essa “região”, contudo, evoluiu: Moscovo está, como nunca antes esteve, no Médio Oriente. Mas tem aí um poder limitado, como os três ocidentais do CSNU agora lhe lembraram

Sócrates

Aquilo que a SIC apresentou ontem, depois do seu Jornal da Noite, com extratos video dos interrogatórios da PGR ao antigo PM José Sócrates, é um programa que, pelas mais contraditórias das razões, deve ser visto.

Não há almoços grátis!

Tem alguma graça a ingénua indignação de quantos se acham “pirateados” e invadidos na sua privacidade pela empresas proprietárias das redes sociais.

Será que andavam, há anos, a usar e-mails à vontade e achavam que isso era ”à borla”, só pelos seus lindos olhos?

E quem seria o “benemérito” que, sem pagarem um tostão, os deixava trocar conversas no Facebook, mandar bitaites no Twitter, contar histórias nos blogues e colocar inspirados pôr-do-sol no Instagram?

Não há almoços grátis! Aprendam!

segunda-feira, abril 16, 2018

"From Russia with love..."

Quanto russófilo de nova geração por aí anda, apenas porque Putin parece aborrecer Trump!

A Rússia de Putin é, nos dias que correm, o "next best" de quantos têm saudades do muro de Berlim, dos anti-yankee "de carteirinha", dos eurocéticos ferozes.

Ser pró-Putin é assim como estar "um pouco" com Guevara na floresta Bolívia, com Giap nos túneis do Vietcong, com a Pasionaria às portas de Madrid.

Estas novas Brigadas Internacionais da tecla e do sofá colam-se hoje ao KGB reconvertido em estadista com ar grave, borrifam-se para os jornalistas liquidados nas noites de Moscovo, para os opositores encarcerados, para as barbáries da Chechénia.

A América é para eles, desde sempre, o inimigo principal e, agora com Trump, nunca se pôs mais a jeito...

Israel e a democracia

Ver aqui .