Ao ouvir ontem o presidente do governo regional dos Açores, Carlos César, abordar com frontalidade a questão de novos objetivos, compatíveis e complementares com os atuais, para uma futura utilização das facilidades logísticas de natureza militar existentes na região, dei comigo a pensar que os Açores são, com toda a certeza, a única região portuguesa cuja singularidade estratégica pode justificar uma visão diferenciada, em matéria de segurança e defesa, no contexto nacional português. Estou certo que alguns dirão que a potencial interação Madeira-África representa um outro desafio específico, mas há que reconhecer que a escala de importância é muito diferente. Todavia, qualquer que possa ser a relevância, nomeadamente em matéria económica, que estas duas dimensões regionais possam ter num contexto estratégico português mais alargado, sou de opinião que quaisquer opções que as envolvam e que possam vir a ser feitas no futuro terão sempre importantes resultantes de natureza nacional, pelo que deverão ficar sempre subordinadas a este circunstancialismo mais alargado. Carlos César citou Franklin D. Roosevelt para sublinhar o imperativo de ação neste domínio: há várias maneiras e caminhos para nos movimentarmos, mas só há uma maneira de nos mantermos parados. À bon entendeur...
Este é um debate complexo, sobre o qual não refleti ainda de forma aprofundada, embora tenha algumas certezas apriorísticas que não vejo, por ora, interesse em abandonar. Contudo, observei hoje, durante um almoço, que ele não escapa há muito à análise arguta de José Medeiros Ferreira, o qual alia a sua qualidade de açoriano de coração a um pensamento muito claro sobre o nosso destino nacional. Por ora, não lhe vou fazer a "maldade" de lhe pedir para fazer uma síntese adaptada a este caso.
Em tempo: numa rua de Angra do Heroísmo, lá estava o letreiro: companhia de seguros "Açoreana", com um "e". Mau! Afinal em que ficamos?
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