Tenho o maior respeito pelo cardeal Tolentino. Contudo, não tendo qualificações de "vaticanólogo", interrogo-me sobre se a insistência da nossa comunicação social no nome do cardeal português como "papabile" tem algum fundamento sólido, para além de "wishful thinking" patriótico.
13 comentários:
Quem quer que venha, espero que tenha a decência de por os pontos nos i no que toca à Ucrânia e, de uma vez por todas, abandone os discursos ambíguos próprios do Papa que se vai e condene, sem sombra de dúvidas, o regime carniceiro de Moscovo.
É sintomático que, na hora da morte do Papa, Putin tenha lembrado a "cooperação" com o Vaticano. É igualmente sintomático que o "Papa Chico" tenha ido à Mongólia e à Nova Guiné mas não à Ucrânia, que da sua boca saíssem as habituais - e rituais -, preocupações com o sofrimento das pessoas mas não tenha ido vê-lo logo ali, ao lado, na Ucrânia.
A propaganda lava mais branco mas é preciso lembrar a verdade.
Tenho pena também de o Papa Francisco não se ter empenhado mais na defesa da Ucrânia. Espero que quem venha não tenha tibiezas nessa matéria.
Creio que Tolentino Mendonça não vai ser o novo Papa, por uma simples e comezinha razão: tem apenas 59 anos e ninguém quer lá um Papa por 20 ou 30 anos.
As palavras do comentador acima merecem todo o meu repúdio. O Papa Francisco desempenhou as suas funções, a vários níveis, de forma exemplar. Abriu a Igreja a realidades novas, promoveu a Paz e manteve-se sempre imparcial. Caso o comentador acima não saiba, a mensagem da Paz é dos dos mais importantes baluartes do Cristianismo moderno. Enquanto Cristão, não posso se não deplorar as palavras escritas por esse anónimo.
Acrescente-se que a cobardia (ou mero calculismo) papal, pode ter impedido que a guerra na Ucrânia tivesse parado aquando do martírio de Mariopol. Bem que se falou então de uma intervenção do Papa para ir resgatar a população então refém das tropas russas e, de caminho, tirar os heróis que ainda defendiam a cidade. Logo (por milagre, certamente), surgiu uma nova versão do "terceiro segredo de Fátima" (que vai mudando, consoante as necessidades), alertando para "um homem de branco, numa bola de fogo" - ai, que ainda matam o Papa, os russos! -, e lá ficou o bom do Francisco em casa, respirando incenso em vez de ofender as beatas narinas com o cheiro da morte.
Zelensky agradeceu as orações feitas pelo Papa, que de tanto serviram, como se viu...
Pode ser que, com o tempo, na propaganda se abram brechas e possamos saber toda a história, tal como hoje sabemos da colaboração do Vaticano com os nazis.
há que encher chouriços. com a guerra da ucrânia é a mesma coisa.
Um agnóstico admirador de Francisco
Eu que não sou “crente”, mas também não sou “ateu”, vivendo naquela franja dos “agnósticos”, também fui um admirador de Francisco, mas por razões bem diversas daquelas que tenho ouvido diariamente
E admirava-o especialmente pelas suas intervenções sobre a actual economia capitalista a “economia que mata” (como lhe chamou) e o modelo neo-liberal: «O mercado por si só não pode resolver todos os problemas, por mais façam a gente acreditar nesse dogma da fé neoliberal». «Não condeno o capitalismo “da forma como alguns me atribuem”, nem sou “contra a economia”, sou é a favor do que João Paulo II definiu como uma economia social de mercado”. “Isso implica a presença de uma autoridade reguladora que é o Estado, que deve mediar as partes”, disse, destacando que “é uma mesa com três pernas: o Estado, o capital e o trabalho», in “El Pastor”, livro dos jornalistas argentinos Francesca Ambrogetti e Sergio Rubin.
Ou quando ressalvava que a “riqueza produzida tem de ser distribuída por todos” para que seja “justa” e pedia uma reflexão global sobre um “novo mundo do trabalho”, com base no “trabalho justo”, no respeito no “processo produtivo” de forma a permitir o crescimento humano das pessoas, a harmonia dos tempos de vida familiar e laboral, e no direito do movimento sindical à negociação de condições de trabalho decentes e dignas com base na contratação colectiva (Carta encíclica "Fratelli tutti”, Mensagem aos participantes da 109ª Conferência Internacional do Trabalho, Homília “o Trabalho é a vocação do homem”, “Terra, Casa, Trabalho - Discursos aos movimentos populares, etc.)»
Ou seja, tudo aquilo que os políticos (os “parasitas da fé” como alguém já os intitulou) que na hora da tua morte te tecem as maiores exaltações, nunca observaram na sua acção política.
Receio bem que este legado de Francisco e da renovação da Igreja Católica venha a ser posta em causa por quem lhe venha a suceder, como sucedeu com a reacção conservadora ao pontificado progressista de João XXIII e do Concílio Vaticano II, acusado pelos tradicionalistas que lhe seguiram como “maçom, radical esquerdista e herege modernista”, cujo pontificado foi resgatado precisamente pelo Papa Francisco que o canonizou em 2014.
Espero “Franciscus” (como a simples inscrição desejada para o túmulo) que a Igreja não se desvie do teu enorme legado!
Nós, portugueses, não conseguimos, desgraçadamente, fugir dos nosso identitário provincianismo. No próprio dia em que o papa Francisco morreu, começaram as apostas e outros desejos sobre a possibilidade de o próximo papa poder vir a ser português.
Seria mais uma benção divina para o país dos pastorinhos, como foram as ascensões ao Olimpo do Barroso, do Guterres e, mais recentemente, do Costa. E ainda, claro, do melhor do mundo, o Ronaldo.
O nosso maior entertainer esteve, a este respeito, cautelosamente silencioso. Mas ainda só passou um dia.
Esperemos.
Subscrevo o comentário do leitor Lúcio Ferro. Carniceiro é o patife neo-nazi de Kiev, esse traste acabado do Zelensky, comediante de terceira categoria, que tocava piano com o pénis, durante as suas pantominices. Que esta Europa decadente e neoliberal apoia, financia e sustenta.
Curiosamente, nas suas últimas palavras, esse extraordinário ser humano que foi o Papa Francisco, no Domingo de Páscoa, ao que pude ler pela imprensa, recordou a tragédia de Gaza (de que o regime terrorista de Israel é responsável, contando com o silêncio abjecto da mesma Europa e UE que apoia o tratante ignóbil e corrupto de Kiev).
Há sempre uns anónimos amigos de regimes como o de Kiev e de Telavive, se calhar católicos praticantes, o que não é o mesmo de se ser um bom cristão.
a) P. Rufino
Fernando Neves
O Guardian, Que não creio partilhe o nosso patrioteirismo, coloca-o entre os papabile, que normalmente nunca saiem papas. Tolentino seria o melhor. De todos os próximos de Francisco é o mais vanguardista. A idade não o ajuda
É surreal a distopia em que tantos europeus vivem. O Papa Francisco foi a primeira grande figura internacional a tentar mediar a paz na Ucrania. Como também fez em Gaza. Iniciativa que a propaganda da época destruiu totalmente porque o Papa, de certeza com mais informações que o comum mortal, sabia como a Ucrania estava a ser manipulada no caminho da sua própria destruição. Como continua a ser e agora de uma forma ainda mais ridicula por Bruxelas, Paris e londres. Ou da "Mighty" Kallas.
Ou porventura nem foi preciso um grande aparelho de inteligencia no Vaticano. Bastava atentar nas ameaças do Circo de Kiev nas vesperas da intervenção russa. Com o Grande Zelensky a ameaçar adquirir armas nucleares e o "Foreign Affairs", que teve a honra de servir o chá no "Meeting Bilderberg" em Lisboa, a garantir que a Ucrania nunca cumprira os acordos de Minsk. Que só por acaso assinou quando estava numa situação... mais complicada. Enquanto Biden fazia aquele joguinho cinico e nojento de avisar o mundo para a ameaça russa na fronteira da Ucrania, ao mesmo tempo que alguém ordenava às tropas ucranianas que violassem a linha de contacto no Donbass.
Numa época em que a Russia exigia sobretudo a NATO fora da Ucrania e do Mar Negro, onde lançamento de misseis nucleares da NATO não dão sequer tempo à Russia para se defender. Com misseis russos tão perto dos US, o Pentagono explodia o mundo. Da mesma forma que a Russia quando não aceita misseis da NATO tão perto da sua fronteira está na verdade a salvar o mundo do risco da aniquilação total, como chegou a acontecer durante a guerra fria. E para o qual inclusive alguns dos guerreiros americanos mais destacados da guerra fria alertaram.
Mas reconheço que para quem não reconhece sequer à Russia o direito de existir ou de se defender, a propaganda deve funcionar como um excelente tranquilizante e um excelente abrigo hoje.
Os putinistas defendem o Papa Francisco. Se houvesse dúvidas...
A ler o que alguns aqui escreveram vai-se a ver e o Papa Francisco também era "putinista"... Vamos, não tenham peias, digam-no abertamente, preto no branco.
«Com o Grande Zelensky a ameaçar adquirir armas nucleares»
Ou de como os russos também têem o direito ao seu Saddam e às suas "armas de destruição em massa".
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