sábado, novembro 04, 2023

As palavras e as coisas


As coisas têm que ser ditas com as palavras que entendemos por mais adequadas, por maior que seja o seu peso. Foi o que fiz, hoje à noite, na CNN Portugal. Pode ver e ouvir aqui

8 comentários:

balio disse...

Mas eu creio que ninguém sabe exatamente, de fonte credível, quantos mortos há em Gaza!
Eu até acredito que haja muitos, mas ninguém sabe exatamente quantos são!

PedroM disse...

Confesso que tenho alguma dificuldade em entender o conceito de Proporcionalidade neste contexto.
A proporcionalidade é relativa a quê? Ao conceito que o Hamas utilizou no ataque de 7 de Out? Ou seja "vão e matem, torturem, violem ou raptem todas as pessoas que encontrarem". É sobre este conceito que se deve aplicar a proporcionalidade?
Parece que não, quando do se fala em proporcionalidade somos remetidos, pelo que entendo, para uma questão aritmética. Será penso eu, mais ou menos isto: O Hamas matou 1500 israelitas então é aceitável que Israel mate, por exemplo, 3000 palestinos.
Acontece que na morte cada caso é um caso e assim temos vários problemas para resolver. Se o Hamas matou 100 crianças (exemplo), será aceitável que Israel mate 200 crianças palestinas? Se foram mortos 10 bebés de um lado será então aceitável que sejam mortos 20 bebés do outro? Será isto proporcionalidade? Não sendo tolerável a morte de bebés e crianças quantos adultos terão então de morrer? Haverá alguma tabela de equivalência ou seja proporcionalidade, 1 bebé = a X adultos, uma criança = a Y adultos?
Parece-me claro que a proporcionalidade não pode ser uma questão aritmética, antes deverá ser sempre vista na perspetiva da solução do conflito, que nesta altura é eminentemente militar. Creio que nesse sentido os EUA têm tido uma posição muito equilibrada.

Joaquim de Freitas disse...

Pedro M. Disse:
PROPORCIONALIDADE é relativa a quê? Resposta:

Citado por The Jerusalem Post, 30 de Agosto de 2000. "Todos devem se mover, correr e tomar tantas colinas quanto possível para expandir os assentamentos porque tudo o que ocuparmos agora permanecerá nosso... Tudo o que não fizermos tomar à força irá para eles.”

Os Acordos de Oslo são muito importantes para os palestinos, pois são o único documento de acordo oficial que possuem. Temos outro documento, um documento muito mais antigo... a Bíblia.” Ariel Sharon falando em uma conferência em Washington, 8 de Maio de 1998.

“Não sabíamos o que fazer com eles [os prisioneiros de guerra egípcios em 1956]. Não havia escolha senão matá-los. Não foi um grande negócio se você levar em consideração que dormi bem depois de escapar dos crematórios de Auschwitz." Ex-brigadeiro-general israelense Arieh Biro. O jornal New York Times, 21 de Agosto de 1995.

Os palestinos deveriam ser esmagados como gafanhotos... suas cabeças esmagadas contra rochas e muros.”

O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Shamir, falando aos colonos judeus.

New York Times, 1 de Abril de 1988. “Devemos matar todos os palestinianos, a menos que se resignem a viver aqui como escravos.” Presidente Heilbrun, do comité para a reeleição do General Shlomo Lahat como prefeito de Tel Aviv.

“Declaramos abertamente que os árabes não têm o direito de colonizar nem um centímetro de Eretz Israel... A força é a única língua que eles entendem ou nunca entenderão. Usaremos a força máxima até que os palestinos venham rastejando em nossa direcção de quatro.” Rafael Eitan, Chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel -

Gad Becker, Yediot Aharonot, 13 de Abril de 1983. New York Times, 14 de Abril de 1983. “Quando tivermos colonizado o país, tudo o que os árabes poderão fazer é correr como baratas drogadas numa garrafa.” Rafael Eitan, Chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel. New York Times, 14 de Abril de 1983. “Os palestinos são feras que andam sobre duas pernas.”

Yitzhak Rabin, versão censurada das memórias de Rabin vazada, publicada no New York Times em 23 de Outubro de 1979. "É dever dos líderes israelenses explicar à opinião pública, de forma clara e corajosa, um certo número de fatos que foram esquecidos. tempo. A primeira é que não há sionismo, colonização ou Estado judeu sem a expulsão dos árabes e a expropriação das suas terras.

Joaquim de Freitas disse...

Suite Pedro M: A proporcionalidade é relativa a quê?

"Não conheço essa coisa chamada Princípios Internacionais. Juro que queimarei qualquer criança palestiniana nascida nesta área. A mulher palestiniana e o seu filho são mais perigosos do que o homem, porque a existência de crianças palestinianas significa que as gerações continuarão, mas o homem causa um perigo mais limitado. Ariel Sharon, em entrevista ao General Ouze Merham em 1956."

“Como podemos devolver os Territórios Ocupados? Não há ninguém para quem devolvê-los. Golda Meir, primeira-ministra israelense. 8 de março de 1969. “Não existiam palestinos, eles nunca existiram.” Golda Meir, primeira-ministra israelense, 15 de junho de 1969 “Aldeias judaicas foram construídas no lugar de aldeias árabes. Você nem consegue saber os nomes dessas aldeias árabes, e não te culpo porque os livros de geografia não existem mais.

Yitzhak Rabin, versão censurada das memórias de Rabin vazada, publicada no New York Times em 23 de outubro de 1979. "É dever dos líderes israelenses explicar à opinião pública, de forma clara e corajosa, um certo número de fatos que foram esquecidos. tempo. A primeira é que não há sionismo, colonização ou Estado judeu sem a expulsão dos árabes e a expropriação das suas terras.

“Declaramos abertamente que os árabes não têm o direito de colonizar nem um centímetro de Eretz Israel... A força é a única língua que eles entendem ou nunca entenderão. Usaremos a força máxima até que os palestinos venham rastejando na nossa direcção.” Rafael Eitan, Chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel -

New York Times, 1 de Abril de 1988. “Devemos matar todos os palestinianos, a menos que se resignem a viver aqui como escravos.” Presidente Heilbrun, do comitê para a reeleição do General Shlomo Lahat como prefeito de Tel Aviv,

Moshe Shertok [Sharett], Ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, numa carta a Goldmann, 15 de Junho de 1948. “Devemos preparar-nos para partir para a ofensiva. O nosso objectivo é esmagar o Líbano, a Transjordânia e a Síria. O ponto fraco é o Líbano, porque o regime muçulmano é artificial e fácil de desestabilizar. Estabeleceremos ali um estado cristão e depois atacaremos a Legião Árabe, eliminaremos a Transjordânia; A Síria retornará para nós. Depois bombardearemos, avançaremos e tomaremos Port Said, Alexandria e Sinai.” David Ben-Gurion, maio de 1948, no Estado-Maior: “A Terra Prometida se estende do Nilo ao Eufrates.

O Rabino Fischmann, membro da Agência Judaica para a Palestina, em seu depoimento perante a Comissão de Inquérito da ONU em 1947: “Entre nós deve ficar claro que não há lugar para dois povos neste país... Não há outra solução senão transferir os árabes para os países vizinhos, transferi-los todos; nem uma aldeia, nem uma tribo deve permanecer.” Yosef Weitz do Fundo Nacional Judaico. Diário, 1940. “Não vamos contar uma história para nós mesmos... Politicamente, nós somos os agressores e eles se defendem... O país é deles, porque eles moram lá, enquanto nós queremos vir aqui e colonizar, e do ponto de vista deles opinião, queremos assumir o controle do país deles”. Discurso de David Ben-Gurion em 1938, citado em Simha Flapan, “Sionism and the Palestinians”, 1979.

Carlos Antunes disse...

Caro Embaixador
Assisti em directo ao debate, de ontem à noite, na CNN.
Realmente, como diz, “as coisas que ser ditas com as palavras que entendemos por mais adequadas, por maior que seja o seu peso”, tendo sido demolidor quando referiu que “já morreram mais crianças em 3 semanas na Faixa da Gaza do que em todos os outros conflitos nos últimos 4 anos” ou da “limpeza étnica” por parte de Israel que se está a passar na Cisjordânia, que é obviamente ignorada pelos “media” ocidentais ao serviço da retórica de Israel.
O suposto analista de segurança (nunca tinha ouvido falar do homem) à falta de argumentos para lhe responder, veio justificar os ataques de Israel invocando uns inauditos critérios de proporcionalidade (1 para 2, 1 para três, 1 para 10 … sem saber muito bem qual a relação disto com o contraditório às suas afirmações).
Quanto à outra interveniente no debate, desde que se passou a pronunciar sobre o conflito israelo-palestiniano (cuja ignorância ficou bem demonstrada pelo Miguel Sousa Tavares na sua coluna de opinião no Expresso), no âmbito da liberdade que ainda me resta, mudo de canal sempre que ela começa a falar. Ontem voltei a fazê-lo.
Post Scriptum: A cobertura dos media portugueses/ocidentais sobre o que se está a passar em Gaza é de uma falta de independência inqualificável. Para perceber o outro lado do conflito, tenho de recorrer à Al Jazeera que é a única TV que tem jornalistas dentro da Faixa da Gaza. Assisti a uma reportagem em directo na Faixa de Gaza de um jornalista, pouco tempo depois morto em mais um bombardeamento de Israel, com a pivot a chorar compulsivamente no estúdio ao receber a notícia da sua morte.
Cordiais saudações

PedroM disse...

Joaquim de Freitas,

Não se canse, não é por aí. Ou também vai colocar vários posts com as afirmações insanas e odientas proferidas pelo lado palestino, árabe e muçulmano?

Joaquim de Freitas disse...

Pedro M: Quaisquer que tenham sido as "afirmações insanas e odientas proferidas pelo lado palestino, árabe e muçulmano?" é um grave erro político (e mediático) ignorar a terrível opressão do povo palestiniano durante mais de meio século, que infelizmente conduziu directamente aos recentes assassinatos (que são, obviamente, completamente inaceitáveis).

Notar que os excessos do Hamas estão integrados nalgumas das efemérides que citei...que os israelitas aplicam eles mesmos. O terreno é fértil…

E quando lemos a declaração do Yaïr Lapid, chefe da oposição na Knesset, hoje : «Uma bomba atómica sobre Gaza, permitiria de terraplanar o território para construir mais colonatos", e resta, portanto, uma opção" podemos recear que o farão em ultimo recurso.

Rui Mesquita Branco disse...

Concordo caro Embaixador. Temos que dar nome aos bois.

Entrevista à revista "Must"

Aque horas se costuma levantar?  Em regra, tarde. Desde que saí da função pública, recusei todos os convites para atividades “from-nine-to-f...