Há horas, num evento público, aproximou-se de mim um cavalheiro, dizendo: "Comprei, numa loja, em Vila Real, o seu livro "A Cidade Imaginária" por 300 euros. Disseram-me que foi graças à sua intervenção pessoal que o preço de 400 euros, que inicialmente me pediram por ele, acabou por sofrer uma redução."
Fiquei aquilo que os franceses qualificam como "bouche bée". Não estava a acreditar no que estava a ouvir! O meu amigo Eduardo Marçal Grilo, que ao meu lado ouvia a história, devia estar quase tão espantado como eu.
A pessoa que me abordou recordou-me (eu tinha uma vaga ideia) que, há meses, me tinha escrito e que eu o informara de que não só não tinha qualquer livro para vender (nunca tive) como não sabia indicar-lhe quem poderia ter. Mas ele lá descobriu.
O livro "A Cidade Imaginária", uma edição com a chancela da Biblioteca Municipal de Vila Real, em setembro de 2021, de que tenho os direitos autorais, foi vendido ao público pelo preço unitário de 18 euros, muito embora fosse um volume de capa dura e com quase 500 páginas.
A ideia que tive e propus à Biblioteca foi, desde o primeiro momento, tentar colocar o livro à venda ao preço mais acessível possível, para facilitar a sua aquisição. Nem eu nem a Biblioteca ganhámos um cêntimo com a edição. Apenas ganhou, naturalmente, quem o comercializou.
O livro esgotou-se ao final de algumas semanas. E, por minha decisão definitiva, porque sou o autor e assim me apetece, não irá ser reeditado.
Porém, quem o quiser ler pode fazê-lo sem o menor encargo, obtendo acesso ao texto completo, apresentado tal como na forma impressa, através do meu blogue "... Ou Quatro Coisas" (http://ou-quatro-coisas.blogspot.com).
Um livro é um objeto. Quem o possui e o quer vender pode fazê-lo pelo montante que lhe oferecer quem estiver disposto a adquiri-lo (espero que tenha declarado o IVA ao fisco).
Só não admito que ninguém meta o meu nome ao barulho como suposto parceiro para a sua negociata!
5 comentários:
“Bouche bée” e assim continuará por uns tempos, pelo menos em sentido figurado.
Claro que cada coisa vale exactamente o que alguém está disposto a dar por ela e, neste caso, alguém esteve disposto a dar por aquele exemplar aquele dinheiro o que, na minha opinião, também é de ficar “bouche bée” pois tinha mesmo muitíssima vontade de o ter (o que é raro).
As edições das Câmaras Municipais de obras escritas por munícipes, amigos da terra ou assuntos que sejam objecto de orgulho local são um valioso contributo para a história local que, de outro modo, ficariam fechadas em gavetas onde se perderiam para sempre dado o interesse muito particular das mesmas.
São habitualmente edições limitadas e tenho alguns livros com essas origens.
Ora pela própria natureza das mesmas são sempre vendidas ao público a preços bem acessíveis, sempre simbólicos em relação ao real custo da edição, por razões óbvias e facilmente compreensíveis, uma vertente cultural autárquica para mim muito importante mas infelizmente demasiado esquecida, uma rotunda inútil rende mais votos.
"Rester muet"
Não vá o diabo tecê-las, e acontecer o mesmo com o novo livro, o melhor é assegurar desde já, a aquisição, já no lançamento, pois a edição pode esgotar e não haver nova tiragem, para que não aconteça o mesmo, do relatado sobre a compra do exemplar: "A Cidade Imaginária".
Sr. Embaixador, não entendo a sua "teimosia" em não reeditar o livro, que teve bastante procura, o que leva à deplorável situação que descreveu. Não o consegui obter e fiquei extremamente chateado com a situação. Claro que o ler em PDF não faz sentido nenhum. Lamento mas com o novo livro, para não ficar com a estante "incompleta", não o irei adquirir. Por isso vou escasseando a visita ao seu blog. Também tenho alguma teimosia instalada....
Já agora esqueci-me de acrescentar que não o vou ler em PDF.
Tenciono assim passar para uma PEN o documento que transferi para o PC (com a sua autorização ou, pelo menos, sem a sua desautorização) e levar a dita à loja que me apoia nestas coisas (lá no meu algures) e onde me imprimem em A4 as quase 500 páginas por uns 35€ (preço de amigo mais que de fiel cliente).
As 2ªs edições deste tipo de obras patrocinadas pelas Bibliotecas Municipais não são frequentes, não há evidentemente uma lógica editorial semelhante à do mercado pois, de um modo geral, se imagina à partida qual o volume de vendas previsível face a experiências anteriores e não é suposto ficarem as autarquias com sobras em armazém.
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