sexta-feira, dezembro 10, 2021

Lembram-se do PPD?

Percebe-se a opção de Rui Rio de construir um cómodo grupo parlamentar recheado de fiéis. Para quem viveu acossado por deslealdades, cair nessa tentação é compreensível. Mas convém lembrar que, historicamente, desde os tempos do PPD, a natureza (e a força?) do partido foi exatamente ser uma espécie de “salada de frutas”, muitas vezes federada por uma vitamina chamada cheiro de poder, odor que hoje, é verdade, não se sente muito na Rua de São Caetano à Lapa. O partido que Rui Rio está a construir, deixando deliberadamente na órbita uma bolha raivosa de viúvos de Passos Coelho, arrisca-se, assim, a ser uma coisa bem diferente. Isso pode acabar por ser boas notícias para quem, no espetro partidário, se situa à direita do PSD. Mas não sei se o será para a estabilidade a prazo do regime político.

1 comentário:

Jaime Santos disse...

Pergunto-me se essas notícias veiculadas por alguns comentadores antes das diretas do PSD, que diziam que o PS preferiria Rangel a Rio, não são contra-informação adequadamente plantada às ordens de Costa.

É verdade, Rio posiciona-se mais ao centro, mas a presente purga dos viúvos de Passos Coelho, como lhes chamou, não faz mais do que confirmar que o antigo edil do Porto preserva todas as 'virtudes' que o tornaram mal-amado por estas bandas, a saber, é autoritário, mesquinho e vingativo.

Paulo Rangel tinha toda a razão, as diretas e o congresso antes das eleições representaram um reforço para a liderança do PSD, ou melhor representariam se Rio fosse capaz de um esforço de unidade interna que trouxesse para a ribalta alguns dos melhores valores do Partido, lembro-me por exemplo de Moreira da Silva. O que implicaria que fosse magnânimo com os vencidos e promovesse alguns dos lugares-tenentes de Rangel (que presumo deseja continuar em Bruxelas).

Mantém os teus amigos por perto e os teus inimigos ainda mais perto, já dizia o homem do cigarro dos X-Files...

Assim, como é que Rio pode esperar que a metade vencida do Partido se mobilize para a campanha das Legislativas? Por contraste, Costa dá-se ao luxo, como bem aponta noutro post, de conservar alguns dos seus inimigos de estimação interna na bancada, sabendo que eles assim não poderão palrar demais...

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...