sexta-feira, dezembro 17, 2021

Tiago Pitta e Cunha

 

Quando, em 2001, fui representar Portugal nas Nações Unidas, vim a encontrar, na nossa missão em Nova Iorque, Tiago Pitta e Cunha, integrado na excelente equipa que o meu antecessor, António Monteiro, tinha criado para a nossa presença no Conselho de Segurança. Conhecia o Tiago pessoalmente, mas não profissionalmente.

Com alguns desafios eleitorais imediatos e muito importantes, no seio da organização, encontrei no Tiago o “campaigner” mais eficaz que poderia ter tido. Muito graças a ele (recordo, em especial, um inédito documento de divulgação que ele conseguiu fazer elaborar em árabe!), com a sua ativa presença nas horas de interlocução que, no Indonesian Lounge da ONU, mantive com colegas, tudo somado à extrema dedicação de outros colaboradores, conseguimos ganhar todas as eleições - todas, repito, todas - que tivemos pela frente. 

Na área dos Oceanos, o Tiago tinha-se entretanto tornado num diplomata especializado, já reconhecido pelos seus pares. Mário Ruivo, a grande figura nacional nesse domínio, nunca lhe poupou elogios.

Um dia, no ano seguinte, o Tiago veio dizer-me que tinha recebido um convite para regressar a Lisboa, para integrar um gabinete ministerial, na Presidência do Conselho de Ministros, para um lugar de consultor jurídico. “Vai ficar com a questão dos oceanos?”, perguntei-lhe. Não sabia. Ia a Lisboa para um primeiro contacto. “Insista em ficar com a área dos oceanos. Não perca a experiência que ganhou”. Estou certo que ele se recordará dessa nossa conversa. No regresso, disse-me que tinha obtido uma promessa, embora ainda não muito clara, de que esse tema ficaria no seu pelouro. Esse era também o seu interesse pessoal. Felizmente isso veio a acontecer. 

Desde então, o percurso profissional de Tiago Pitta e Cunha passou a ser esse, até ter chegado à presidência da Fundação Oceano Azul, onde, ao que sei de ciência certa, está a fazer um ótimo trabalho, com reconhecimento internacional.

Há minutos, vi que lhe foi atribuído o prestigiado Prémio Pessoa, um galardão que premeia, no presente, aqueles que estão a ajudar a construir o futuro. Nada mais justo e adequado.

Um forte abraço, Tiago!

1 comentário:

Flor disse...

Também ouvi há pouco a notícia. Parabéns!

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...