Eu sei que alguns ficam psicologicamente muito afetados por isto. Não é o meu caso. Claro que a mim também não me agradou ver a nossa seleção a ser derrotada pela Sérvia, jogando mal, com um naipe de jogadores com os quais, à partida, seria possível fazer bem melhor. Mas, com os diabos!, não estamos a falar de algo transcendental para o país! Estamos a falar de futebol. Perdemos, temos de tirar lições da derrota, talvez mudar de selecionador. Tudo bem! Mas não façamos disto um Alcácer Quibir! É um jogo com onze jogadores e uma bola. Nada mais! Não é a vida, não é o país! Caramba.
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Agostinho Jardim Gonçalves
Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...
7 comentários:
Realmente quando a Sérvia nos envia para os playoffs de acesso ao Mundial do Catar e ainda por cima com inteira justiça não podemos falar de nada de transcendental nem para o país. Já quando vemos milhares e milhares de pessoas a conviver alegremente umas com as outras e a maioria sem máscara mesmo num Estádio de Futebol não totalmente fechado como foi nítido na televisão, exceto mais uma vez para o PR in loco e de sobremaneira quando estamos todos avisados do grande ressurgimento da pandemia na UE, para não falar dos nossos próprios números ao dia de hoje, a palavra certa para associar ao desmazelo ou à incúria até pode voltar a não ser transcendental mas além da total falta de senso, ainda pode advir algo de muito grave para o país da noite de ontem.
E a pergunta que me inquieta é se foi responsabilidade coletiva do Estado, no sentido da figura jurídica que nos define a todos como comunidade ou até de algumas autoridades em particular ou irresponsabilidade individual?
Mal vai o País quando a derrota da seleção, ainda por cima jogando mal e merecendo perder, dá origem a uma crise de confiança.
O problema, claro está, é o eterno complexo de inferioridade dos Portugueses, que na falta de melhor, o sublimam quando a Equipa das Quinas ganha, numa manifestação daquilo que os anglo-saxónicos chamam patriotismo barato (é fácil agitar a bandeirinha, é mais difícil trabalhar por um País melhor).
Ora, a verdade é que ela não ganha muito...
E, já sei que me vão acusar de falta desse patriotismo, mas espero que falhemos o Mundial para que de uma vez, Fernando Santos, figura simpática e um homem bom, mas um treinador medíocre (não me lembro da seleção ter alguma vez tido um bom selecionador, e não me venham falar de Scolari), possa ter a reforma merecida e a FPF finalmente perceba que tem mesmo que arranjar alguém que construa uma equipa, porque só com craques, não vamos lá...
A mim, o que me chateia profundamente (angustia, até), é perceber que a Seleção voltou a ser um reflexo da estupidez nacional. Voltámos a ter uma situação em que o treinador não é "o melhor" mas sim alguém que lá está por "agradecimento"; que temos um craque que é dono da equipa e que, apesar de ter um "score" miserável a marcar livres, faz birra de os marcar todos e ninguém contesta isso - a equipa que se lixe; que temos uma equipa que é imensamente inferior à soma das partes; que continuamos com a cagança de termos sido campeões da Europa e não interiorizamos que esse título foi um mero acaso.
E, como se isso não fosse suficiente, os poucos que abertamente dizem que o FS tem de sair apresentam como alternativas treinadores cuja especialidade é... serem despedidos. Vêm aí tempos negros, a lembrar os anos 80, parece-me.
Os melhores treinadores por norma estão a treinar os clubes. Mas também não vale a pena estar agora a cair na ignorância de passar um atestado de menoridade a FS enquanto treinador de futebol porque ele não ganhou só um Europeu como agora se diz. Só um Europeu, ao luxo que nós chegámos e a que nunca tínhamos chegado antes de FS. Uma coisa é o direito de não gostarmos do futebol das equipas de Fernando Santos e diga-se também em abono da verdade que Portugal já fez bons jogos com FS. Nomeadamente até quando entrou depois do desastre do Mundial do Brasil com Paulo Bento. Porque a FPF também achou por bem realizar o estágio em digressão mundial para pagar a cidade do futebol. uma infraestrutura fundamental que muitos adversários já tinham há décadas.
Nunca podemos é ter tudo ao mesmo tempo e a prova disso é que Portugal também fez um dos melhores Europeus de sempre em termos de futebol jogado precisamente com Paulo Bento no Euro 2012! Dois anos antes da tragédia no Brasil. E onde só perdemos contra uma Super Espanha, campeã do Mundo e da Europa. Reconhecido unanimemente por toda a crítica internacional. Talvez o único que ainda se aproxime foi o Euro com Humberto Coelho em 2000. Sejamos honestos, no futebol na hora da saída são todos umas bestas. E às vezes o tempo em que vão de bestas a bestiais é uma bola na trave ou um golo! Como ainda agora, mesmo sem jogarmos nada se aquela bola não entra mesmo nos últimos minutos estávamos no Mundial e chiuuuuuuuuuuuu...
Desde que não nos tirem o Amorim. E eu também não acreditava em milagres.
Paulo Guerra, eu não gosto do futebol de Fernando Santos e corrija-me se eu estou errado mas nesse famoso europeu de 2016, o único jogo que a equipa ganhou dentro dos 90 minutos foi contra Gales. Aliás, começamos a fase de grupos de maneira miserável, se a memória também não me falha.
Quando se ganha, ninguém liga pevide à qualidade do futebol, mas quando se perde, bem, que diabo, ao menos que se dê um bom espetáculo. Talento em campo não falta. Ego, desgraçadamente, também não...
Claro, a FPF não nada em dinheiro para contratar bons treinadores que, como você bem nota, estão a trabalhar nos clubes. Mas depois de um Mundial de 2018 e de um Europeu de 2020 perfeitamente medíocres, era claro que FS já não é capaz de 'deliver the goods'...
Basicamente tendo a concordar com o comentário todo do Jaime Santos. Sobretudo com a parte em que também é implícito que a responsabilidade do mau futebol pode não ser só do FS. Que toda a gente do futebol conhece há muitos anos! Portugal nem sequer é a primeira Seleção onde treina quase uma década. E Luis Filipe Vieira até costumava dizer que o maior erro que cometeu no futebol foi o seu despedimento muito precoce ainda num início de época. Hoje sabemos que não foi bem assim. E o SCP fez praticamente o mesmo e daí só ter sido Campeão Nacional no FCPorto. FS, como todos os treinadores, tem pontos fortes e pontos fracos. E mitos. Como este que corre agora de taticamente ter sido sempre um treinador muito pouco afoito ou defensivo, como preferirem. Nada mais errado. No Porto, por exemplo, nunca jogou à defesa.
Também acontece que nas Seleções hoje treina-se cada vez menos com os actuais calendários competitivos. Muitas vezes nem para recuperar jogadores fisicamente quanto mais para ensaiar dinâmicas ou novos posicionamentos. O que só por si torna mais compreensível um posicionamento mais conservador com jogadores que normalmente não jogam uns com os outros. Não obstante também admitir perfeitamente que se possa estar perante mais um fim de ciclo na Seleção. Nada mais normal. Com menos entrosamento entre treinador e jogadores. Foi sempre assim. Já para não falar das incidências dos jogos verdadeiramente ditas. Itália que acabou de se sagrar Campeã da Europa, onde encantou toda a gente, também acaba de ser remetida para o playoff. E até já lhe aconteceu falhar um Europeu depois de se sagrar Campeã do Mundo.
Mas o que me irrita solenemente é a velocidade com que hoje se passa de bestial a besta nas nossas sociedades. Ainda neste jogo o Rui Patrício também começou por dar um frango monumental para alguém que comenta futebol há décadas. E que em pleno Estádio da Luz também não conseguiu ver que a bola depois de desferido o remate pelo sérvio ainda bateu no corpo de outro jogador e desviou antes de chegar ao GR na baliza. Enganando como é óbvio o GR da Seleção Nacional há muitos anos. Com provas mais que dadas em vários campeonatos. Que muito provavelmente já nem tinha conseguido ver a bola a sair do pé do sérvio entre tantas pernas. No meio do jogo e depois de alguns replays na televisão já não era bem assim até que acabou por o ilibar completamente já no fim do jogo. Alguém chamou logo o comentador de incompetente?
E hoje acontece o mesmo em qualquer área. Tudo é efémero. Tudo é descartável O que também está muito associado como é óbvio e queiramos ou não à sociedade de consumo selvagem em que vivemos. Neste caso até ao grande Big Brother em que vivemos e por paradoxo com uma Comunicação Social cada vez com menos qualidade. Cada vez menos livre e independente e com menos tempo para formar bons profissionais. Que influenciam e de que maneira todos os portugueses. Eu conoto quase tudo o que foi dito logo nessa noite nas televisões - porque o estilo tremendista de fim de mundo depois de um acontecimento destes e no caso um resultado de futebol - é igual em todos os canais, como deplorável. Por norma por gente que de futebol sabe zero. Como pelos visto o Sr. Embaixador nos dias que se seguiram. A que eu já prestei menos atenção felizmente.
p.s. Até tricas já tentaram entre Ronaldo e FS.
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