segunda-feira, setembro 24, 2018

Os nomes


Encontrei-o na sala de espera da nossa embaixada em Luanda, aí por 1983, quando eu por lá trabalhava. Estava à espera de ser recebido por um colega meu. Tinha havido uma situação imprevista e ele tinha ainda para uma boa meia hora de espera. Perguntei-lhe se não queria, entretanto, ficar no meu gabinete. E para lá fomos.

Era uma figura bastante conhecida e muito respeitada na vida angolana. Haviamo-nos conhecido em algumas ocasiões sociais e mantínhamos uma relação de simpatia, se bem que não próxima. A queimar tempo, fomos conversando. Falámos de algumas pessoas que ele tinha conhecido na embaixada. 

A certo passo, disse-me: “Sabe com quem estou um pouco aborrecido? Com o seu colega Seixas da Costa!”. Divertido, alimentei o equívoco: “Ah sim?! E porquê? O que é que se passou?”. Explicou: “Depois que ele saiu de Luanda, escrevi-lhe uma carta e nada! Não esperava isso do Seixas da Costa!”. Maladro, dei “gás”, por uns segundos mais, à confusão de nomes: “Sabe como são os correios! Conheço bem o Seixas da Costa e sei que ele não deixaria de responder. Quer que lhe diga alguma coisa?”. Que não, que ia escrever-lhe de novo...

A confusão desfez-se logo depois. Ele queria referir-se a um colega meu que, anos antes, passara pela embaixada, mas o nome, na minha presença, saiu-lhe trocado. Acabámos a rir, comigo a achar imensamente graça a ouvir-me falar de mim como outra pessoa...

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