sexta-feira, setembro 14, 2018

O que quer Marcelo ? (1)


Todos temos a clara consciência de que hoje se vive um momento singular no tocante à relação do presidente da República com o país. Se a personalidade de Marcelo Rebelo de Sousa já prenunciava que ele poderia vir a ser um presidente atípico, com fatores específicos de natureza conjuntural e o contraste com o seu antecessor a contribuirem para tal, julgo que ninguém previu o cenário que aí está: uma esmagadora maioria de portugueses, num juízo indiscutível de sociologia empírica, vive hoje satisfeita, em maior ou menor grau, com o chefe de Estado que as eleições determinaram. Sendo que essa maioria, visivelmente, é bem superior aos votos que o elegeram, só podemos tirar uma conclusão óbvia: a ação do presidente conquistou muitos daqueles que nele não haviam votado.

Os que apreciam a sua ação dividem-se, no entanto, quanto à sua postura pública. Há os que acham que o presidente se está a expor demasiado, arriscando gerar um cansaço no país (é desses a bela frase “precisamos de férias do Marcelo!”) e os que entendem que “faz ele muito bem em aparecer!”, que acham lindamente a sua quase ubiquidade, os festivais de selfies e os banhos solidários, de água e multidão, nos rios fluviais - num modelo simultaneamente “royaliste” e a roçar o popular.

Entre outros ainda, há um grupo que aqui me interessa. É o dos que acham que Marcelo, com o seu obsessivo comportamento de proximidade, pode estar a tentar alimentar um projeto com laivos quase populistas, com inescapáveis consequências de natureza institucional. Tenho mesmo ouvido a algumas pessoas a ideia, mais sofisticada, de que o presidente está a fazer uma espécie de revisão “subliminar” da Constituição, fixando-se em terrenos tradicionalmente da área exclusiva do executivo, mandando “recados’ para a Assembleia da República que, na realidade, condicionam a atividade legislativa a montante da produção das leis. O facto de não recorrer ao Tribunal Constitucional também reforçaria a evidência dessa deriva. Marcelo estaria assim a ocupar o espaço político muito para além daquilo que o seu papel constitucional prevê. Para os cultores desta filosofia, isso introduziria uma inflexão nos equilibrios constitucionais e poderia mesmo determinar um redesenho do mapa político-partidário.

Será isto verdade? Para a semana continuaremos a conversa.

8 comentários:

Anónimo disse...

A SEDES organizou uma conferência sobre alterações à presente, em vigor, Lei Eleitoral.

Alterações essas que introduziriam significativa redução do poder político dos partidos na escolha de todos os "seus" deputados, em benefício do poderes de escolha do "seu" deputado, por parte do eleitor. Prestígio, poder político e responsabilidades acrescidas para a Assembleia da República.

Sintomático o comentário do PR.

Anónimo disse...

Falhanços do governo socialista:
- as contas brutais das public utilities;
- as esperas intermináveis no aeroporto de Lisboa;
- a má qualidade da TAP;
- o apoio a Fernando Medina, que parece mais uma figura de cera nas mãos de um outro Salgado;
- a falta de reforma da RTP Africa (v.d. a má qualidade do “Repórter África”, a monotonia e o mau uso da língua portuguesa);
- a falta de uma posição clara a respeito da PGR que obviamente não pode ser reconduzida com tanta fuga de informação organizada;
- o apoio subterrâneo ao PSD no MNE e à revelia de um excelente ministro, v.d. a nomeação para Dakar.

Apesar disso, voto e votarei PS. Não tem preço não termos Passos Coelho ao leme. PSD nunca mais!

Anónimo disse...

Senhor Embaixador,
O Prof. Marcelo é pau para toda a colher....
Não é nem deve ser a postura de um PR.
Cada país tem os PR que merece e nós temos o Pro. Marcelo.
Sua popularidade é tal que só lhe falta entrar numa tasca e beber um copo de três.
Desde que foi empossado, sua preocupação, foi fazer campanha eleitoral para o segundo termo e residir em Belém.
Saudações de Banguecoque

Anónimo disse...

Rebelo de Sousa é o anti-presidente. Toda a gente sabe que naquela cabecinha ele pensa que é rei.
Pensa e atua, mas como o pior dos reis:
- Centralista até ao tutano ao ponto de declaradamente ser anticonstitucional, ao ser antirregionalista. E não declaradamente ser contra qualquer alteração dos poderes fáticos que destacam uma ou duas verdades para enganarem até a décima
- A lei é ele, quando veta Diretivas Europeias, promovendo leis anticonstitucionais, só porque lhe apetece e para apoiar as “primas donas”, de forma corporativa ridícula, muito longe de qualquer ideologia corporativa. Mas contra os que ele sabe que não têm força!
- Finge gostar do Povo de uma maneira enjoativa declarada. Até me parece que deve tomar banho em álcool depois daquelas arruadas.
- Só “resolve” problemas quando não os há.
Enfim...

Luís Lavoura disse...

os rios fluviais

Esta faz-me lembrar uma que em tempos ouvi na rádio: "em Castelo Branco, bela cidade albicastrense".

Francisco Seixas da Costa disse...

Tem toda a razão, Luis Lavoura! Erros da vida! Ao menos, Pessoa também escreveu “mar salgado”, como se houvesse outro...

Anónimo disse...

O Senhor cansa. É fernético! Vai e está em todas. Na questão de Pedrogão, não largou o assunto, para quem de direito. Pressão e mais pressão, nas reconstruções. Até disse: quero tudo pronto até ao Natal. Deu no que deu! Na confusão, foram intencionais trafulhices.Pagas também com o meu donativo e da minha mulher. "O Sr. Presidente quer tudo pronto e rapidamente". Há pouco, mais uma jornada de luta. Foi jantar à pastelaria Suiça, no se último dia de atividade, sempre com a tralha televisiva atrás, a falar com os trabalhadores, cozinheiro, etc. Até aí! Mas teve que contar a história da morte do pai, apontando a mesa, onde tal aconteceu. Não havia necessidade, como dizia o outro!.

Anónimo disse...

O pai do Professor Marcelo morreu numa mesa da Pastelaria Suiça ? Não sabia ... deve-se respeitar os mortos , mas como diz o comentador anterior : não havia necessidade !

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