domingo, setembro 30, 2018

Restaurantes

Gosto de comer bem, confesso.

Gosto de (bons) restaurantes, sofisticados, até mesmo algo pretensiosos, de “fine dining”, com “reduções” e “espumas”, mão de ‘chef”, cheios de “efes e erres” (“Enquanto vê o menu, posso  trazer-lhe uma flûte de Veuve Clicquot?”). 

Gosto de tascas, desde que limpas, com ruído e berros, toalhas de papel, serrim no chão (“Sai meia de chanfana, aqui pó shotôr!”). 

Gosto de restaurantes “média-alta”, com mesas sossegadas, estacionamento fácil, onde entro “em casa” (“Temos a mesa junto à janela de que sei que o senhor gosta”). 

E, cada vez mais, aprecio o estabelecimento classe-média-à-hora-de-almoço, lista previsível, serviço de manga arregaçada, simples mas atento, com o “para si, não!”, em voz baixa, olhando para o lado, não vá o patrão topar a cumplicidade: “Não! O senhor embaixador hoje não vai comer o polvo! Já a vitela ou o cabrito recomendo...”

É isso. Gosto de comer bem. Quando sou tentado a reprimir esta confissão, recordo-me dos textos de Taki, no “The Spectator”, e sinto-me logo absolvido deste meu modesto tropismo burguês.

4 comentários:

Anónimo disse...

Em resumo, como diz no titulo gosta de comer bem e beber melhor. É o mal de muita gente que não se importa de fazer largos Kms. para conhecer um novo "poiso" com fama de boa mesa. Mas á medida que a idade avança começa a faltar a "pachorra" para tanto sushi, pisas, pastas, risotos, hambúrgueres, e também para a comida de "salpicos", e de "fusão" de alguns "chefes" á procura de estrelas pneumáticas. Os últimos redutos da boa comida portuguesa ainda vão resistindo felizmente cá para o Norte, onde residem os tais pacóvios suburbanos referidos pelo atraso de vida do seu colega.

Anónimo disse...

Caro Francisco,

Já somos dois.

Um abraço

JPGarcia

Anónimo disse...

Pois...

Lido.

Despacho:
Mas em tempos dizia-se que não havia melhor cozinha que aquela que tínhamos em casa.
Outros tempos eram.....
Deferido.

Henrique Sousa de Azevedo disse...

Senhor Embaixador,

Também leio a coluna do Taki Theodoracopulos no Spectator, em que esse doyen de Gstaad perora sobre tudo e mais alguma coisa, muitas vezes em termos deliciosamente pouco tragáveis para as sensibilidades do politicamente correto.

Na minha humilde opinião, a cozinha "de autor" ou é verdadeiramente inovadora, cuidada e com excelentes produtos - caso em que é magnífica - ou é pretensiosa, sensaborona e com péssima relação qualidade-preço. Em suma: não há meio-termo.

Por isso mesmo, na ausência de recomendação de alguém "de confiança", acabo por optar por restaurantes "à antiga", com boa reputação, mais versados no "tradicional de luxo". Gambrinus, Cimas English Bar, Pabe e, no Porto, o Portucale, são, para mim, casas em que garantidamente mesa e serviço são soberbos.

Com os melhores cumprimentos,

Henrique Souza de Azevedo

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