sábado, agosto 25, 2018

Será inveja?


Acho bizarro - mas nada surpreendente, confesso - o barulho que aí vai em torno da “transferência” televisiva de Cristina Ferreira. Não sendo um espetador dos seus programas, quando por eles me acontece passar reconheço nela uma eficaz profissional do entretimento, numa mistura que combina simpatia, humor e vivacidade. 

Pelos vistos, as audiências gostam bastante dos programas de Cristina Ferreira. Os anunciantes, ao darem-se conta disto, preferem, naturalmente, divulgar os seus produtos ou serviços nas horas em que ela está no ar. E, por essa razão, estão dispostos a concentrar a sua publicidade no canal que emite os seus programas, o qual, por sua vez, contrata a apresentadora pelo valor que ela pede, correspondente aos lucros que com ela obtém. Tudo muito simples, parece-me.

É muito dinheiro? É pouco? É o valor do mercado e, não saindo esse dinheiro do meu bolso, só me resta felicitar Cristina Ferreira (com quem nunca falei) pela “procura” que os seus “produtos” profissionais têm e, muito sinceramente, esperar que o que lhe pagam a ajude a ser feliz. Sempre aprendi que é isso que devemos desejar aos outros. O contrário tem um nome: inveja.

7 comentários:

republicadosbananas disse...

Sem me referir especificamente a Cristina Ferreira, António Mexia ou outros, o Sr. Embaixador não pensa que existem vencimentos verdadeiramente inflacionados e imorais? É moral existirem reformas de 260 euros e depois pagar-se a electricidade mais cara da Europa (por exemplo), porque as reformas, são as que o país pode pagar, mas o preço da electricidade está em linha com os preços da Europa (apenas um exemplo). É isto justo ou moral? Bem sei que a economia é de mercado e de livre concorrência e por acaso até detesto a Cristina Ferreira no entanto insurjo-me em relação ao que lhe vão pagar, não por ser a ela, mas porque acho mal estes "valores de mercado" quando penso que "o verdadeiro valor do nosso mercado" são os 260 euros de reforma dos velhotes e os 580 euros de ordenado mínimo e isso, sim, no meu entendimento deveria ser o guia para os vencimentos, poderia ser que tivéssemos um país "mais integrado", no entanto parece que está tudo subvertido e que com estas supostas normalidades, se tenta tornar moral o que é imoral.
Os melhores cumprimentos.

Diógenes disse...


"Será inveja?"

Não, é um ordenado imoral a juntar a tantos outros. O nosso "mercado" está muito distorcido.

Anónimo disse...

Acho que não é tanto a inveja. Onde está a propalada igualdade de salários para homens e mulheres que desempenham as mesmas funções? Onde está a contenção de custos da SIC ao fazer uma alegada contratação deste calibre. Acho que é mais por aí, e não tanto pela inveja.

Anónimo disse...

Que bem que ela está nesta fotografia .
A pequena é mesmo bonita ...

Anónimo disse...

Pagar uma fortuna a uma fulana que solta casquinadas de irremediável grosseria é cevar e divertir o povo com uma mediocridade exasperante. "Panem et circenses…"

Joaquim de Freitas disse...

Senhor Embaixador :

Acho que o seu leitor, anónimo, de 26 de Agosto de 2018 às 06:18, pôs o dedo na ferida: Cito-o :” “ O verdadeiro valor do nosso mercado" são os 260 euros de reforma dos velhotes e os 580 euros de ordenado mínimo”
O que este Senhor diz é verdade. Eu chamo a esta deriva das desigualdades: A indecência duma época.

Em França temos também verdadeiros escândalos e mesmo piores.

O patrão da Renault (onde o Estado mantém uma parte do capital ), recebe 8,2 milhões € por ano, mais aproximadamente a mesma soma na Nissan, isto é a ninharia de 1 200 vezes o salário mínimo! Enquanto que Raymond Lévy, antigo patrão da Régie, ganhava menos de 20 vezes o salário mínimo do tempo!

Como pode alguém, mesmo uma bela mulher, que atrai talvez melhor que uma outra, mais telespectadores, para os seus programas, pode justificar 150 salários mínimos num país como Portugal?

Não chegamos às alturas da indecência, sem perceber?

Uma pequena anedota: Melissa Deramecourt é caixa num hipermercado Auchan. O marido dela trabalha no armazém, no mesmo estabelecimento. Não têm filhos. Pagam 650 euros de imposto de renda por ano.

O seu patrão, Gérard Mullier, ganha 1.000.000.000 euros por ano. Reside na Bélgica ,na famosa aldeia que acolheu Gérard Depardieu, este outro grande patriota.

Este ano, Mulliez pagou 135 euros em impostos de renda. Menos que a caixa…do seu supermercado!
A sociedade Auchan, de Gérard Mulliez é tributada em 1% sobre os lucros.

Estes mafiosos , Mulliez, e Depardieu, não são os verdadeiros culpados : são os governantes europeus que permitem e organizam este tipo de escândalo.

O mais surpreendente no nosso tempo é que as nossas sociedades se revelam para o momento em grande parte incapazes de reagir a este surto de desigualdade, que não encontra nenhuma tradução política real, os cidadãos tendo interiorizado a ideia de que não se pode nada e estão completamente resignados.

A longo prazo pode ser por isto que o sistema económico vigente pode explodir: quando a válvula de escape saltar…

Anónimo disse...

Também não sou espetador desta dama. Mas gostava

Hoje, aqui na Haia

Uma conversa em público com o antigo ministro Jan Pronk, uma grande figura da vida política holandesa, recordando o Portugal de Abril e os a...