“Conhece o nosso o conceito?” Foi já há alguns anos. Não percebi o que é que a jovem que me recebia no restaurante queria dizer com aquela pergunta. Devo ter feito uma cara de espanto, o que a levou, generosamente, a elucidar-me: “Gostava de lhe explicar o conceito do nosso restaurante”.
O ”conceito”, na novilíngua restaurantista, é o modelo que marca a forma, necessariamente atípica, como se vai passar a refeição: ou há uma compra do vinho numa loja à parte, ou somos conduzidos através de espaços geográficos diferenciados da casa onde se passam “tempos” restaurativos ou beberricais diferentes, ou a ordem dos pratos segue um ”percurso” que o “chef” desenhou para diferenciar a sua “assinatura” na obra-de-arte que vamos ser convidados a “experienciar” (um vocábulo que abomino) - e a pagar com língua de palmo, claro.
O mundo dos restaurantes com “conceito” anda aí com força. Deve haver quem goste, imagino.
4 comentários:
Nem mais, não há paciência para tais "possidoneiras".
O "conceito", o "experienciar", o "contratualizar", o/a "resiliente"/"resiliência", o "em que posso ajudar?", "em que posso ser útil?", principalmente estes dois últimos, por exemplo ao balcão de uma farmácia, numa banca de peixeira, ou ao balcão de uma pastelaria...são dos tais tiques "novilinguais" que me deixam a rosnar baixinho coisas impróprias.
E o Senhor Embaixador, só abomina?!
"Tenha um bom filme", dito à porta do cinema. Nada bate isto.
“Novilíngua” é uma expressão clássica, cunhada por George Orwell, no imorredouro clássico “1984”. Procure, caro Anónimo...
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