segunda-feira, janeiro 22, 2018

Nouvelle cuisine


Morreu Paul Bocuse, o mais estrelado dos cozinheiros, a figura mais proeminente da “nouvelle cuisine”.

Há semanas, num restaurante, ouvi uma senhora dizer para o empregado: “Traga-me uma dose muito pequena de risotto. Muito pouco...”

O marido, atento, deixou afastar o empregado e comentou: “Foi por haver muitas pessoas como tu que chegámos à “nouvelle cuisine”, àquelas doses microscópicas em pratos imensos...”

É injusto para cozinheiros geniais como Bocuse, mas não deixa de ter graça!

7 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Por ter passado algumas vezes na sua casa de Collonges-au-Mont d’Or, quase meu vizinho, permita que lhe diga, Senhor Embaixador, que Bocuze criticava essa « nouvelle cuisine » que serve porções “indecentes” por preços astronómicos. Aliás, chez Bocuse, as porções eram e são correctas…

Joaquim de Freitas disse...

Bocuse tinha e tem uma grande reputação no Japão, como precursor da Nouvelle Cuisine. Recordo que nos anos 80 e 90, o seu nome brilhava no céu nocturno de Tóquio, no Hotel New Okura, onde oficiava no grande restaurante em “Maître” des lieux…

Era um grande comunicador. Aquando dos seus 50 anos de actividade, celebrou o evento aqui em Grenoble, ou mais precisamente no Chateau de Vizille, célebre por ter sido o local da Reunião dos Estados Gerais do Delfinado que ia engendrar a Revolução Francesa.

Bocuse, no centro duma jangada enorme, puxada por dezenas de amigos da profissão, por meio de grandes cordas, das duas margens do rio que ali passa, com a sua grande estatura, e a “toque” branca e avental do oficio, ladeado pela “troupe” das Blue Bell Girls, do Lido, de Paris, desceu até ao local onde os seus companheiros da gastronomia francesa , todos “Três Estrelas” :

Point, Les Frères Trois Gros, Georges Blanc, JOËL ROBUCHON, BERNARD LOISEAU, GUY SAVOY, Anne Sophie Pic, Rostaing , Bernard Loiseau, entre outros,

tinham instalado as suas cozinhas ,cada um com as suas especialidades. para regalar a centena de convidados, que podiam variar as ementas como queriam, “visitando”, e revisitando (!), prato na mão, cada cozinha ,segundo a inspiração do momento. Confesso que fui três vezes ver o Joel Rebuchon, por causa dos seus “Raviolis de langoustines aux truffes ”; divinos… O Senhor Embaixador teria apreciado…

Bocuse devia ter funeral nacional, pela imagem que deu da França, no mundo, mais merecido que o do “rocker” francês…

Luís Lavoura disse...

É uma foleirice. São tipos que não cozinham - pintam o prato com comida, como um pintor pinta uma tela.
Para mim, um cozinheiro deve produzir uma travessa cheia, da qual cada indivíduo se sirva à vontade.

Joaquim de Freitas disse...

Cher Luis Lavoura, vous confondez la « Grande Bouffe », avec la BONNE CUISINE …Mas é verdade que na gastronomia hà para todos os apetites e todos os paladares…

Anónimo disse...

Eu estive no Bocuse em Janeiro de 2010 e devo dizer que a "sole aux pâtes Fernand Point" foi o melhor prato que comi na vida. Já a "soupe aux truffes VGE" me pareceu bastante aguada e a "poule en vessie" sem muito sabor. Queijos e sobremesas sublimes. As doses eram pantagruélicas, o serviço extraordinário e os vinhos da Borgonha magníficos. Só voltámos a comer passados dois dias.

JPGarcia

Os olhares da Gracinha! disse...

Será lembrado por quem aprecia e por aqui petiscos bem portugueses!

Anónimo disse...

A Nouvelle Cuisine assenta mais o seu estilo na cozinha japonesa.
Não é a quantidade que faz a qualidade mas sim o desenrolar da apresentação dos pratos e a sucessão de sabores e texturas.
Em Portugal isso não tem importância porque o cliente, ainda com algumas informações genéticas, por herança de muitas gerações de trabalhdores braçais, o que pretende é encher barriga, nem que seja com açorda.
O dito "tem de se sair da mesa ainda com alguma fome" não é aceitavel em Portugal depois de se pagar a conta.
Resumindo:
Há muita gente que prefere a quantidade e não se preocupa com sabores ou texturas. Quer é "encher a mula."

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...