sábado, janeiro 06, 2018

A nossa diplomacia




Gostei de ver o presidente da República e o ministro dos Negócios Estrangeiros pronunciarem-se, em termos altamente elogiosos, há dias, durante o Seminário Diplomático anual do MNE, sobre a carreira diplomática portuguesa. Dizem-me que o primeiro-ministro terá dito basicamente coisas similares. 

Vai para cinco anos que deixei aquela casa, mas fico sempre muito satisfeito quando vejo reconhecida a qualidade do trabalho dos funcionários que integram aquele que é um dos corpos da Administração Pública onde continua a imperar uma elevada cultura de serviço público, com profissionais da maior qualidade, que garantem uma presença prestigiada de Portugal pelo mundo. 

Creio, porém, que o país não dá devida conta da importância que esse corpo de funcionários tem tido na obtenção de muitos dos êxitos nacionais na ordem externa, nos mais variados domínios. É justo, por isso, lembrá-lo.

A crítica invejosa que, demasiadas vezes, atinge a diplomacia portuguesa, fruto de despeitos corporativos e de algum populismo miserabilista, tem os seus cultores em certos setores da comunicação social, raramente aberta a escutar, em contraponto, quantos diariamente beneficiam da ação desse dedicado corpo de funcionários. Porquê? Porque dizer mal é o que “rende”.

Há algumas “ovelhas negras” na carreira diplomática? Há elementos que mostram menos empenhamento e que cometem erros? Claro que sim! Só por milagre isso não aconteceria. Ocorre em todas as profissões. 

Ao longo da vida, fui algumas vezes confrontado com queixas sobre o comportamento pontual de alguns colegas, que, no parecer desses meus interlocutores, não tinham estado à altura daquilo que era legítimo ser-lhes exigido. 

Sem exceção, dizia-lhes: queixem-se! Não em “bocas” para a comunicação social, em notas adjetivadas nas caixas de comentários da redes sociais, na cobardia do anonimato ou com generalizações preconceituosas sobre a profissão. Explicava-lhes que basta uma simples carta, assinada e com factos devidamente assinalados, dirigida a quem de direito. Podem crer que terão uma imensa surpresa: haverá sempre uma resposta e o assunto merecerá a devida atenção. 

É que quem não deve não teme e os diplomatas portugueses competentes e cumpridores, que são a maioria, só agradecem que o trigo seja separado do joio.

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