terça-feira, janeiro 23, 2018

Churchill


Ontem, fui ao cinema ver um filme sobre um período da vida de Winston Churchill. Um belo filme, que vivamente recomendo.

Desde a minha adolescência que tenho uma curiosidade quase sem limites pela política interna britânica. Desenvolvi um fascínio pela fantástica história daquele país, uma nação de gente destemida, orgulhosa, com uma maneira muito própria de estar no mundo, que muito nos ajudou e entender a democracia. 

Vivi em Londres anos suficientes para ter podido apreciar aquela gente e o seu particular modo de vida. Posso ter “mixed feelings” sobre os britânicos, posso considerar insensato o Brexit, posso ter mesmo algum desdém face à sua congénita sobranceria, mas reconheço no Reino Unido um protagonista, quase ímpar, da História universal.

Serve isto para dizer que, nesse contexto, nunca fui tocado pelo fascínio que se criou, e tem vindo a ser alimentado, em torno da figura de Winston Churchill. Reconheço o papel polarizador que teve na resistência à agressão nazi, mas, mesmo assim, não consigo encontrar razões para comungar da devoção que, nos dias de hoje, lhe é dedicada por imensa gente. 

Winston Churchill, de que conheço e li o suficiente para saber dele o que julgo necessitar saber, e que faz parte das figuras históricas a quem reconheço uma elevada estatura, é um doutrinário político que me merece muito pouca simpatia. Pelo contrário, é mesmo uma personalidade cuja postura político-ideológica me desagrada e me causa forte rejeição.

Porque penso isto, muito embora saiba que é politicamente correto face aos ventos dominantes pensar o contrário, aqui deixo expressa esta minha posição.

17 comentários:

L M D disse...

Churchill, foi sem duvidas uma das maiores figuras do século passado embora tenha posições demasiado liberais para o meu gosto, foi nas criticas ao comunismo soviético, e nas criticas e posterior luta contra o nazismo, que mais se notabilizou a sua visão global acertada quer nesse período, quer no período imediatamente após 1945, (estou-me a lembrar do seu discurso em Fulton) deu-lhe o lugar entre os gigantes da historia.

Joaquim de Freitas disse...

Completamente de acordo ,Senhor Embaixador.

Antes de se tornar o ícone da resistência ao nazismo, Winston Churchill foi primeiro um defensor leal do Império britânico e um antibolchevique convencido, um anti-semita, mas também um tipo esperto.

Winston Churchill apresentou um livro branco em 1926, no qual o governo britânico reafirmou que ia criar uma casa nacional judaica na Palestina (inclusive em terra já habitada). Os problemas de hoje nasceram aqui. Lord Balfour concretizou-os.

Em 1919, Winston Churchill então Secretário de estado da guerra decidiu usar os grandes meios: os árabes e os curdos agora sabem o que significa um bombardeamento real. Em 45 minutos somos capazes de raspar uma aldeia e matar ou ferir um terço de sua população. Ele continua: "Eu não entendo a sensibilidade em relação ao uso de gás contra tribos incivilizadas."

Após a batalha de Stalingrado em 1943, que resultou numa derrota da Wehrmacht, Churchill e Roosevelt reuniram se em 20 de Agosto na cidade de Quebec. A agenda incluía a eventual retirada dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha da coalizão contra Hitler e a sua aliança com os generais nazistas para combater a União Soviética juntos

Dificilmente defensável esta posição é finalmente abandonada, mas vai atrasar a abertura da segunda frente em 1944. A operação impensável ainda era um projecto britânico destinado a atacar a União Soviética no final da segunda guerra mundial. A criação do plano foi ordenada por Winston Churchill e desenvolvida pelo exército britânico. No entanto, nunca foi implementado por causa da importância das forças soviéticas já presentes na Europa. Estes planos só foram divulgados em 1998.

E dai veio a famosa frase: “«De Stettin , no Báltico , a Trieste no Adriático, uma cortina de ferro caiu sobre o continente»

Outubro de 1944, os nazistas tinham acabado de se retirar da Grécia que um corpo britânico expedicionário instalou em Atenas um governo, sob a tutela dum governador militar britânico, Ronald. Churchill pediu ao governador militar para esmagar a rebelião comunista que pegou em armas porque ela percebeu que os colaboradores gregos (as mãos ainda sangrentas) ainda estavam no poder. Cem mil homens são desviados da frente italiana e da luta contra os nazistas para esmagar a resistência comunista. Foi o início da guerra civil que durou 4 anos e custou a vida de 150 000 indivíduos.

Durante a sua segunda temporada no 10 Downing Street, reprimiu a revolta Mau Mau no Quénia com energia (11 000 mortos) ou não hesitou em bombardear com o agente Orange , a Malásia para subjugar a rebelião. Tudo isso para a manter no Império. Na verdade, ele resumiu a sua acção dizendo: "somos todos assassinos, mas o importante é estar do lado dos vencedores."
Talvez tivesse pensado, então, do bombardeamento de Dresde, em Fevereiro de 1945 , causando 100 000 mortos, que tinha ordenado, sabendo que a Dresde não tinha nada de estratégico, excepto que ia cair dentro em breve na Alemanha de Leste.

Para ele, os muçulmanos são "imprevidentes", "macios" e "desleixados". Mas, em 1940, ele lançou uma ajuda (considerável para o tempo) de 100 000 libras para a construção de uma mesquita em Londres, em homenagem aos soldados muçulmanos indianos durante a guerra.

Para Churchill, os grevistas eram vermes. Em várias ocasiões, iria enviar a tropa contra eles, enquanto era ministro do interior, no Pais de Gales, Glasgow ou Liverpool. Com a ordem para disparar, se necessário. Estava convencido de que esses grevistas constituíam a vanguarda de uma revolução bolchevique.

Churchill foi tudo isso e muito mais.

Luís Lavoura disse...

um doutrinário político que me merece muito pouca simpatia. Pelo contrário, é mesmo uma personalidade cuja postura político-ideológica me desagrada e me causa forte rejeição.

Concordo totalmente consigo neste julgamento.

Acrescento duas coisas:

(1) Sob o ponto de vista pessoal era um gajo nojento, que passava a vida enfrascado em álcool e a fumar. Para além de ser obeso.

(2) A sua decisão de declarar guerra à Alemanha (por causa da invasão da Polónia!) foi nefasta para o seu próprio país, tendo custado ao Reino Unido as suas finanças públicas (que ficaram no pior ponto da sua história devido às dívidas contraídas para fazer a guerra), diretamente, e o Império, indiretamente (pois o RU ficou sem dinheiro nem soldados para sustentar esse Império). Ou seja, mesmo pelas suas próprias medidas, Chrchill foi um político ineficaz e contraproducente.

Francisco Seixas da Costa disse...

A minha apreciação de Churchill não se apoia, curiosamente, em nenhum dos seus “argumentos”. Nem um. Tem apenas a ver com a sua postura político-ideológica. Só isso.

Anónimo disse...


Churchill tem de ser visto como ainda um produto da época victoriana. Época essa com carateríticas muito específicas. Quem as desconhecer pode não compreender aquele país.
Temos de nos lembrar que Marx escreveu nessa altura e a Inglaterra era o país que mais perderia com o ediário marxista.
De tal forma que mesmo no tempo da moda marxista, em Inglaterra não houve um partido marxista com assento no parlamento. Havia, como hoje ainda há um partido trabalhista que se foi adaptando no que podia ao seu tempo.
Não há qualquer dúvida que Churchill era um anti-marxista primário e também anti- hitleriano. Sería um homem só, naquele tempo.
E depois....??!!!! nem foi por isso que não conseguio livrar-nos de outros males também.
E isso de ter provocado uma crise económica em Inglaterra depois da guerra, é como na saúde: há remédios que levam o seu tempo a reabilitar o doente.
Lembrem-se das profundas crises não só económicas como intelectuais, depois das guerras napoleónicas para encontrarem os efeitos das guerras generalizadas.

Anónimo disse...

Creio que Churchill é dificiclassificavel do ponto de vista político ideológico. Não se ajusta numa lista única. Por isso ter mudado duas vezes de partido. Mas mesmo voltando aos Conservadores Nunos a abandonou as suas posições sociais que o levaram aos Liberais (tão diferente dos actuais)e sempre lutou e muitas vezes se impôs em defesa das classes mais vulneráveis. Não hesitou em criar um governo de união nacional com os trabalhistas no momento em que tal foi necessário nem em, democratimente voltar a opor-se a eles quando a guerra acabou. É claro que tinha uma visão aristocrática da vida, em que de facto não entravam os Trabalhistas, o que não admira nas suas condições. Mas ao nível individual e tendo em vista os valores da época tinha uma noção natural da igualdade entre as pessoas. Tinha uma noção quase infantil de que tinha uma missão a cumprir. E, como todos os grandes homens uma elevadíssima noção de aí próprio, mas natural nas pessoas inteligentes.
Fernando Neves

Anónimo disse...

Eu concordo com o Fernando Neves. E desculpo tudo a Churchill. Se não fosse ele - e só ele - a Europa seria nazi/fascista. De Gaulle não chegaria lá sozinho e os Americanos não teriam vindo tão depressa. O facto de gostar de Champagne também é um ponto positivo.

Anónimo disse...

Admiro o espírito de resistência de Churchill, que foi capaz de levar o Reino Unido, com a ajuda dos EUA à vitória na Segunda Guerra mundial e à aniquilação de um dos totalitarismos então existentes na Europa, o nazismo. O comunismo, que a URSS, então tentava exportar, foi responsável por mais mortes do que o nazismo, mas, pelo menos nessa altura, conseguiu escapar para só ser finalmente liquidado em 1991. Churchill desde o início da década de 30 viu a preparação da barbárie nazi e alertou contra ela tudo e todos, as esses avisos foram ignorados até ser tarde.

Gostaria de efectuar alguns comentários:

A Luís Lavoura: quem era o Primeiro Ministro quando o Reino Unido declarou guerra à Alemanha em 03 de Setembro de 1939 era Chamberlain, Churchill era apenas Ministro da Marinha.

Relativamente a Joaquim Freitas, não se esqueça que a segunda-guerra mundial se iniciou com a agressão à Polónia, que foi divida pelos dois agressores e aliados, Alemanha e URSS, que imolaram aquele país no célebre pacto Ribbentrop/Molotov.

Quando a Alemanha invadiu a URSS em 1941 (após quase dois anos de aliança e cooperação entre as duas ditaduras), Churchill imediatamente iniciou o seu apoio à URSS, afirmando que até se aliava ao diabo para derrotar Hitler. Apesar de ter sérias dificuldades com equipamento militar forneceu aviões, tanques, camiões, armas e munições de imediato. Nos primeiros anos, 1941, 1942 e 1943 foram os navios britânicos que realizaram,com sacrifícios brutais, os comboios do ártico, linha vital para o fornecimento de equipamento americano à URSS. Não esquecer que sem os milhares de camiões, jeeps e outros equipamentos de logística o exército soviético nunca poderia ter avançado contra os nazis como o fez.

Churchill e os seus aliados tiveram bastante receio até Stalingrado, que Stalin, que sistematicamente sofrera enormes derrotas às mãos das tropas alemãs (em parte por sua culpa, pois decapitara a oficialidade soviética no final dos anos 30), pudesse vir a fazer a paz com os nazis. Esse foi um receio real, pois certamente os antigos aliados Stalin e Nitler poderiam voltar a abraçar-se.

Na conferência "Quadrant" não foi abordada qualquer eventual proposta de paz com a Alemanha.

Quanto à Grécia ela tinha um Governo no exílio, que era aliado da Grã-Bretanha e aquele país, mais não fez do que o apoiar e impedir a criação de um estado totalitário, ao contrário do que sucedeu na Bulgária, Albânia, Roménia, Jugoslávia e outros onde os comunistas assumiram o poder pela força, como o tentaram na Grécia.


Como Churchill compreendeu antes de muitos outros o perigo nazi, também em 1947 compreendeu antes de outros o perigo comunista, e tento alertar o mundo para esse perigo que asfixiou os países da Europa de leste até à derrota do comunismo em 1991.

Joaquim de Freitas disse...

Açambarcamos uma parte completamente desproporcionada da riqueza e do comércio do mundo. Territorialmente, temos tudo o que queremos, e a nossa pretensão de desfrutar sem obstáculos os nossos imensos e esplêndidos bens, adquiridos principalmente pela violência, feita pela força, muitas vezes parece menos razoável para os outros do que para nós.»

Assim se exprimiu Churchill. Para o seu crédito, teve a coragem de "confessar" as suas responsabilidades sobre os massacres de que ele foi o mestre de obra, o que está longe de ser o caso doutros dirigentes, e doutros povos, particularmente dos Americanos, culpados do genocídio bárbaro dos Ameríndios.

Mas foi exactamente uma situação idêntica na Rússia, sob os Czares, onde o açambarcamento por uma ínfima minoria, da riqueza produzida pelo povo, mantido numa miséria incrível, levou à Revolução Russa.

Foi a mesma situação na França que levou à Revolução Francesa em 1789.

O anónimo das 14:06
Admira-se que o “espírito “ destas Revoluções tivesse sido a fagulha que incendiou o mundo duma aristocracia vitoriosa, que tinha “açambarcado uma parte desproporcionada da riqueza e do comércio do mundo”, para utilizar as próprias palavras de Churchill.

A esta miséria inadmissível, acrescente os desgastes imensos da guerra de 1914/1918, fomentada pelas cabeças coroadas da Europa, à procura de dominação, e tem a explicação do comunismo, essa admirável utopia que viveu o tempo que vivem as rosas...

E como esquecer a crise económica que resultou da falência do capitalismo em 1929?

A Europa estava arruinada depois da Primeira Guerra Mundial. Tendo que enfrentar uma das piores crises económicas de sua história, os europeus sofriam com o desemprego e com a pobreza.

A lenta reestruturação produtiva do continente dependia do suporte financeiro dos Estados Unidos e a solução ficou ainda mais distante com a crise do capitalismo em 1929.
Os efeitos da crise permitiram o avanço de vários movimentos políticos e ideológicos que propunham diferentes soluções para a crise.

Sendo assim, podemos dizer que a queda do capitalismo abriu o caminho para que no decorrer da década de 1930 se formassem e se fortalecessem na Europa governos totalitários.

Nos países atingidos pela crise, havia uma grande insatisfação contra governos - democráticos e liberais - que não encontravam solução para os graves problemas sociais provocados pela falência da economia capitalista. Greves e protestos se tornavam cada vez mais comuns.

Em alguns países a classe trabalhadora, inspirada pela “promessa” do comunismo dos russos, mobilizou e passou a defender a adopção do socialismo como novo regime político e económico.

Preocupados com o avanço das ideias socialistas, as elites económicas (industriais, banqueiros, grandes comerciantes e grandes proprietários rurais) foram favoráveis à formação de governos de extrema-direita que fossem capazes de recompor a ordem social, garantir a recuperação da economia e combater o socialismo. Churchill foi um dos mais ferozes adversários da experiência socialista. A sua ascendência aristocrática não podia deixar esperar outra posição.

O corporativismo de Salazar, foi um exemplo desse programa. Vimos o resultado. Assim, recebendo o apoio das elites, desenvolveram-se por toda a Europa os chamados partidos fascistas, que defendiam a construção de um Estado forte, centralizado, nacionalista, anticomunista e totalitário. Na maioria das vezes esses partidos chegavam ao poder fazendo uso de intensa propaganda e de práticas violentas.

A minha juventude, vivi-a nesse tipo de sociedade.

Joaquim de Freitas disse...

Um ultimo comentário: Perante a máquina de guerra alemã, à porta da sua casa, graças ao Ocidente, que lhe abriu a porta de Moscovo em Munique, sacrificando a Tchécoslovaquia, a Roménia e a Bulgària, que podia fazer doutro Estaline, senão ganhar tempo, retirando-se para os Montes Ourais , reconstruir a sua industria e preparar a desforra. O que fez.

“Não esquecer que sem os milhares de camiões, jeeps e outros equipamentos de logística o exército soviético nunca poderia ter avançado contra os nazis como o fez.” , escreve.

Claro, e sem os 30 milhões de mortos soviéticos, para que serviria todo esse material? E em que estado estariam os ocidentais se realmente o pacto germano-russo tivesse sido respeitado por Hitler? E se apesar dos erros Estaline não tivesse fixado aos seus exércitos o objectivo : BERLIM ?

Nunca esquecer que sem o terrivel sacrificio soviético, nao teria havido vitoria aliada em 1945.

Anónimo disse...

O filme é uma das váriadas visões de W. Churchill. Um retrato, em tom histriônico á procura de um qualquer Oscar.
Também não o conheci pessoalmente....
Quiçá estariamos todos hoje a falar alemão.
Assim como assim só dependemos, e muito, da Alemanhã.
E em português nos desentendemos, entre nós e com os alemães. JS

Anónimo disse...

@Joaquim de Freitas.
O seu comemtário das 16:15 parece-se com um panfleto português a defender o poderio russo dos anos 70. Enfim é uma hipotese académica que já ningém defende até porque muitos arquivos que podem interessar consultar já se encontram abertos ao grande público e podem dizer mais do que se sabia nos tais anos 70.

Anónimo disse...

Joaquim Freitas

Foi o ocidente que levou a URSS a invadir e tentar ocupar a Finlãndia? Foi o medo que a Alemanha utilizasse Helsínquia para atacar o território soviético e ocupar Moscovo?
Não foi a vontade expansionista da liderança comunista. Essa vontade só não contou com a oposição determinada de um povo que queria continuar a ser livre.

O ocidente agiu muito mal na Checoslováquia, devido aos que ignoraram os avisos de Churchill. A situação contudo não foi a mesma na Roménia e Bulgária. A Roménia era aliada d Hitler, que respeitava o seu líder Antonescu, mas mesmo assim a URSS conseguiu extorquir à Roménia a Bessarábia, sem nenhuma justificação que não a ganância territorial, causando uma situação de conflito que ainda hoje se maném na Europa.

Quanto a Berlim os americanos e britânicos só não chegaram lá primeiro, porque a liderança ocidental não quis sacrificar soldados para um obejctivo militarmente irrelevante, que ficava na zona de ocupação soviética.

Quanto aos milhões de soldados russos e cidadãos russos, o sacrifício deles não pode ser esquecido, mas demasiados deles morreram pela incompetência e incapacidade da maioria dos seus oficiais, pois os melhores e mais capazes tinham sido exterminados pela paranóia de Estaline, que durante a guerra continuou a dar a liberdade de acção aos sicários da NKVD, que continuaram a assassinar sem justificação, como no massacre dos oficiais polacos em Katyn.

Anónimo disse...

Salazar também não gostava do Churchill!

Joaquim de Freitas disse...

Ao anonimo das 19 :08 :

Quando escreve : « Foi o ocidente que levou a URSS a invadir e tentar ocupar a Finlândia? Respondo: Não, fazia parte do pacto germano-soviético.

Foi o medo que a Alemanha utilizasse Helsínquia para atacar o território soviético e ocupar Moscovo? “
Claro, Como os EUA tinham medo que a URSS utilizasse La Havana para atacar o território americano e ocupar Washington, e por isso a CIA desembarcou na Baia dos Porcos…E os EUA decretaram um embargo ao povo cubano que já dura há 60 anos, porque o perigo persiste…

O Caro Anónimo parece esquecer a politica do “containement” , invenção inteligente dos Americanos, ou só a compreende num sentido! A política do “containement” levou os EUA a estabelecer a fronteira da Califórnia no …Vietname. Isto é, a fronteira com os comunistas o mais longe possível. E daí a guerra terrível que custou tão caro ao povo vietnamita.

A política do “containement” levou os Soviéticos a “negociar” com a Finlândia a cedência da região da Carélia que protege a cidade de São Petersburgo e podia servir de trampolim para invadir a URSS. Esta cedência de território seria compensada por um território muito maior na Carélia Soviética.

A Carélia não é Miami. Os Soviéticos negociaram a partir de 1938 afim de concluir um tratado militar com os Finlandeses, que recusaram, como o tinham feito nos anos precedentes. A guerra estalou em Agosto 1939.

Quanto ao seu penúltimo paragrafo :” Quanto a Berlim os americanos e britânicos só não chegaram lá primeiro, porque a liderança ocidental não quis “sacrificar soldados “para um objectivo militarmente irrelevante, que ficava na zona de ocupação soviética.”

Sacrificar os soldados….escreveu! Os 300 000 mortos soviéticos da batalha de Berlim agradecem a sua nobre lembrança, Caro Anónimo.

Irrelevante … e tão irrelevante que no fim da guerra os aliados vão insistir de estar presentes em Berlim que o plano Marshall transformaria em vitrina capitalista do Ocidente…

Claro que o espírito que devia prevalecer entre aliados devia ser o da cooperação e do sacrifício até ao fim… Mas na realidade, os aliados tinham já na mente a próxima guerra contra os.Soviéticos. E para os ajudar, tinham já começado a contratar os nazis notórios e os científicos… para os levar à Lua.

Joaquim de Freitas disse...

Anónimo das 19:05 disse...
"@Joaquim de Freitas.
O seu comentário das 16:15 parece-se com um panfleto português a defender o poderio russo dos anos 70. Enfim é uma hipótese académica que já ninguém defende até porque muitos arquivos que podem interessar consultar já se encontram abertos ao grande público e podem dizer mais do que se sabia nos tais anos 70.
2018 às 19:05"

Nao Caro anonimo:

Não se trata de defender o poderio russo dos anos 70. Mas antes de compreender como lhes foi possível regressar a um nível de poderio que preocupa hoje outros mais poderosos ainda. E tenho mais receio daqueles que são ainda mais poderosos e mais ricos, e que estão espalhados em bases militares por todos os lados do planeta, incluindo a toda a volta da Rússia, às portas mesmo, para …nos defender. Sobretudo quando estes que dizem ser aliados e amigos têm um “botão nuclear” mais grosso, como disse o louco da Casa Branca.

Sabe, Caro anónimo, em dezenas de anos de viagens profissionais, que me levaram algumas vezes do outro lado da « cortina » e depois desta ter caído, constatei que os homens têm todos uma noção de pertença a uma sociedade única e superior a todas as outras. Pode não ser verdade mas a maioria assim o pensa.

Questão de educação, de cultura, razões históricas, e sobretudo de formatação ideológica.

Fui educado parcialmente em Portugal, mas sempre procurei compreender como um povo, o povo russo, atacado desde a Revolução, por todos os países mais evoluídos e mais ricos, (e sabe-se porquê), após uma sangria como aquela à qual foi submetido em 39/45 conseguiu içar-se ao nível cultural, tecnológico e económico actual e recuperar o orgulho nacional depois de Eltsine.

Aquele Negro que opera o robot que vendi naquela fábrica da GM, na Luisiana, nos EUA, que me disse ter orgulho de ter uma máquina tão “inteligente” para trabalhar, utilizou quase as mesmas palavras que o Russo, numa fábrica similar na Rússia. Nos dois casos, a tecnologia elevou-os.

Actualmente, na Estação Orbital Internacional, completamente dependente da tecnologia russa, para receber abastecimentos e peças soltas, três homens de nacionalidades diferente , incluindo americanos, trabalham juntos, sob o comando dum Russo.

Diz-se que a cultura helénica clássica foi superior, mais rica que outras. Foi tanto quanto qualquer outra, mas tinha uma máquina de guerra e de domínio cultural muito forte (impunha a cultura deles para outros povos), por isso parece tão grandiosa.

Mas podemos imaginar que nas guerras e conquistas podem ter destruído culturas que tinham grande sabedoria, que se tivessem sido deixadas em paz, poderiam ter mudado o mundo, feito grandes avanços, mas foram destruídos pelos helenos, não por eles terem uma CULTURA melhor, e sim por terem ARMAS melhores.

Hoje os EUA espalham a sua cultura pelo mundo todo. Não porque ela é melhor, mas porque eles têm dinheiro para isso, para a enaltecer em todo o mundo. E um poderio militar para "convencer"...e defender os "seus" mercados.

Cultura não é algo que possa ser definido por factores como superioridade. Há culturas que prezam desenvolvimento científico, outras o desenvolvimento espiritual, outras o capitalismo, outras o socialismo.

Nem todos estão felizes dentro da cultura que nasceu, digamos assim. Não é a cultura que se adapta ao ser humano, e sim o ser humano que se adapta àquela que o faz bem.

Esqueça o panfleto que nem li. O que importa é que um dia ,os grandes avanços tecnológicos o progresso sob todas as formas, as imensas riquezas produzidas, possam beneficiar à maioria e não o contrario.

L M D disse...

Caro Luís Lavoura, foi Chamberlain no dia 3/9/1939 que declarou guerra á Alemanha nazi, Churchill só se tornou primeiro ministro no dia 10/5/1940, embora no dia da declaração de guerra, Chamberlain tenha nomeado Churchill primeiro lorde do almirantado britânico.

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