Um dia, no decurso de um Conselho de ministros em que se discutia um assunto sensível, um membro do governo saiu da sala e fez um telefonema através de um telefone fixo. De seguida, desconfiada, uma outra pessoa decidiu usar o mesmo telefone e, primindo a tecla de repetição, encontrou no outro lado da linha uma figura que dirigia um jornal. Jornal onde, no dia seguinte, o debate tido no Conselho de ministros apareceu descrito em pormenor.
Há minutos, dois jornalistas televisivos, sem qualquer pejo, estranhavam não estarem a receber SMS's que indiciassem o modo como as coisas estavam a correr no seio do Conselho de ministros, potencialmente decisivo para a crise política em curso. A certo passo, um deles disse que acabava de ser informado, seguramente "de dentro", de que "as coisas correram bem".
O tempo passa, mas os vícios são os mesmos. Ou, como dizem os ingleses, "old habits die hard".
9 comentários:
"As coisas correram bem": será motivo para preocupação?
Por isso, quando um ministro de Salazar lhe dizia que a conversa que tinham tido devia ser levada a CM, ele respondia não ser necessário, uma vez que essa conversa já tinha sido um CM.
O Velho, o Rapaz e o Burro
Vivia no monte um homem muito velho que tinha na sua companhia um neto.
Certo dia o velho resolveu descer ao povoado com o seu burro fazendo-se acompanhar do neto. Seguiam a pé, o velho à frente seguido do burro e atrás o neto.
Ao passarem por uma povoação logo foram criticados pelos que observavam a sua passagem:
- Olhem aqueles patetas, ali com um burro e vão a pé.
O velho disse ao neto que se montasse no burro e este assim fez.
Um pouco mais adiante passaram junto de outras pessoas que logo opinaram:
- O garoto que é forte montado no burro e o velho, coitado, é que vai a pé .
Então o velho mandou apear o neto e montou ele no burro.
Andaram um pouco mais até que encontraram novo grupo de pessoas e mais uma vez foram censurados:
- Olhem para isto. A pobre criança a pé e ele repimpado no burro.
Ordenou então o velho ao neto:
- Sobe rapaz, seguimos os dois montados no burro.
O rapaz obedeceu de imediato e continuaram a viagem mas um pouco mais adiante um grupo de pessoas enfrentou-os com indignação:
- Apeiem-se homens cruéis, querem matar o burrinho?
Descendo do burro, disse o velho ao rapaz:
- Desce, continuamos a viagem como começamos.
Está visto que não podemos calar a boca ao mundo.
História popular de La Fontaine
Alexandre
Há coisas que simplesmente nunca mudam, nem com o tempo,nem com a vontade, mesmo que se faça tudo para que isso aconteça...
Jamais me passaria despercebido as lindas mãos que seguram o telemóvel com unhas elegantes e à francesa, agora que é o pejo contra a avidez, coitado, ainda por cima dada a diferença de género ...Sem alternativa.
Jamais me passaria despercebido as lindas mãos que seguram o telemóvel com unhas elegantes e à francesa, agora que é o pejo contra a avidez, coitado, ainda por cima dada a diferença de género ...Sem alternativa.
Por outras razões, um chefe muito "cusca" da empresa onde trabalhava quando esses telefones com memória apareceram, costumava andar pela calada, de telefone em telefone a repetir marcações dos últimos números.
Descoberta a habilidade, depressa arranjámos solução generalizada - depois de terminar a chamada, marcava-se o Zero e adeus cusquice...
Um abraço
Essa tecnica teria sido usada momentos antes de ter acabado a reunião dos juizes do Tribunal Constitucional, de anteontem, pois enquanto outras Tvs não davam informação, já a TVI informava qual tinha sido a decisão ( ... )
Nada que se compare ao "Watergate" que levou Nixon à demissão. Mas o objetivo dos jornalistas é sempre o mesmo : "O "Scoop" ! Informar antes dos outros, ser o primeiro "mais bem" informado, é vital. "Tudo correu bem "lá dentro" , por conseguinte, nada de interessante! Se tivesse corrido "mal", então que grande "manchete" !
O mundo político procura o "sensacional" tanto como os jornalistas! Aquele que deixou o Conselho de Ministros discretamente, para informar, espera um dia obter o retorno do ascensor. De qualquer maneira.
Há sempre um "Deep Throat" ( garganta profunda), nas organizações políticas, como aquele que informou os dois jornalistas do Washington Post, sobre o financiamento ilegal da campanha eleitoral de Nixon e a ligação deste com os assaltantes da sede do partido democrata, o Watergate.
E depois, foi o " impeachment," a resignação do Presidente do Império !
Os jornalistas podem ir longe, muito longe, para obter un "scoop" ! E têm sempre quem os ajude!
Isto recorda-me um incidente que presenciei e no qual a minha vida estava em jogo também, nas ultimas semanas antes da queda de Saïgon, no Vietname. Era o ultimo voo da Air France, com escala em Saïgon, vindo de Hong Kong.
Um acordo entre a França, o Vietname e os USA, após a retirada dos Franceses da península, definiu como únicas companhias de aviação autorizadas a aterrar em Saïgon, a Air France e a Panam. Com a condição de não falhar a escala , caso contrário perderia o direito de escala.
O trafego aéreo era controlado pelas autoridades militares americanas, que tomavam o controlo do vôo na vertical de Danang, no norte, até ao aeroporto de Tan Son Hut, em Saigon.
Durante a aterragem, proibido tirar fotos( os caças americanos carregavam as bombas ao lado mesmo da pista , que largavam alguns km mais longe !) e obrigação de sair do avião durante a escala, por uma questão de segurança, porque a uns 50 km de lá, viam-se, ao longe, as explosões dos bombardeamentos dos caças americanos no delta do Mékong. Os Vietcong apertavam o cerco.
Os passageiros ficavam fora do edifício do aeroporto, ao sol. Quando , depois de fazer embarcar um grupo de elementos privilegiados do regime que fugiam para França, veio o momento de embarcar os outros passageiros, acompanhados pelo comandante e a tripulação do avião da Air France, encontrava-se um jornalista fotografo vietnamita, não longe do avião, que tirava fotografias dos passageiros no embarque. Foi o momento em que, o comandante, se afastou do grupo e veio ao encontro do jornalista e lhe deu soco violento, fazendo-o cair e com ele a máquina fotográfica que o comandante espezinhou. Embarcamos rapidamente. Autorização de descolar imediata.
Já não longe de Phnom Penh, onde havia mais uma escala, o comandante explicou-se sobre o gesto: " Aquele jornalista encontrava-se ali, havia algumas semanas, para, no caso em que o avião fosse atingido por um míssil vietcong, pudesse "vender" ao melhor preço, ao Paris -Match ou outros magazines, a foto do "ultimo" vôo da Air France à partida de Saïgon! O "Scoop" !
J. de Freitas
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